Macrobrachium jelskii Nome científico: Macrobrachium jelskii
Nome popular (BR): Camarão Fantasma
Nome popular (ING): Ghost Shrimp

 

Distribuição geográfica: América do Sul
Sociabilidade: Sozinho ou Grupo.
Comportamento: Pacífico.
Tamanho adulto: 5 cm
pH: 6,5 a 7,5
Temperatura: 20 a 28oC
Dimorfismo sexual: Não há.
Alimentação: Ração, algas, peixes mortos.
Aquário mínimo recomendado: 40 litros
Adequado para plantado? Sim.
Biótopo:  
Informações adicionais:  

Saiba mais sobre a Espécie:

Apresentação

Dois Macrobrachium jelskiiDentre os chamados “camarões-fantasma” (camarões transparentes, pequenos e pacíficos), a espécie mais comum de ser coletada na natureza, ou vista no comércio brasileiro, é o Macrobrachium jelskii. São camarões transparentes e dóceis, possuindo pequenas pinças que utilizam para retirar alimento do ambiente. Por ser um camarão bastante robusto e prolífero, é indicado para aquaristas que estejam querendo iniciar sua criação de camarões ornamentais. Mas vale ressaltar que esses camarões são fonte de alimento natural para diversos animais em seus habitats, por isso qualquer peixe predador acabará por devorá-los.
Etimologia: Macrobrachium vem do grego makros (longo, grande) e brakhion (braço); jelskii é uma homenagem ao naturalista polonês Konstanty Jelski (1837-1896) que coletou o primeiro espécime. Ao lado: Dois Macrobrachium jelskii.

Origem

Este camarão tem ampla distribuição pela região tropical e subtropical da América do Sul, sendo encontrado em Trinidad, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Bolívia e Brasil. Recentemente também foi descrita na região norte da Argentina. No Brasil pode ser coletado em praticamente todos os seus estados.
Vive em variados ambientes, desde lagos e represas até várzeas e rios com correnteza, pode ser coletado em variadas altitudes (0 a 1200 m), temperaturas e substratos.

Aparência

Close no rostroGeralmente são camarões pequenos, com cerca de 3,5 cm, embora alguns espécimes maiores tenham sido descritos, de até 5 cm. Possuem o corpo transparente, alguns com suaves padronagens, como estrias que variam entre o marrom avermelhado e preto, ou amarelo e laranja. Estas estrias ocorrem tanto em fêmeas quanto machos. Em algumas ocasiões o rostro do M. jelskii possui uma coloração dourada.
Uma característica bem típica desta espécie que ajuda na sua identificação é o aspecto do rostro, longo e curvado para cima. Porém, vale lembrar que não é uma característica exclusiva, outras duas espécies que podem ser vistas no Brasil possuem o rostro semelhante, o M. amazonicum e o M. rosembergii (exótica, o “Camarão da Malásia”). Porém a sua diferenciação é fácil, pois ao contrário destas outras espécies, possui reprodução especializada, gerando poucos ovos grandes. Geralmente, os jelskii também têm o rostro mais reto na base, sem uma crista evidente.
Uma última observação importante, apesar deste rostro típico ser a peça central usada em qualquer chave de identificação, existem algumas populações de jelskii que possuem um rostro mais curto, atingindo, mas não ultrapassando a extremidade do escafocerito. Inicialmente descritas na bacia amazônica, parecem ser relativamente comuns no mercado, gerando bastante confusão na identificação da espécie.
Rostro (típico): Longo e delgado, curvado para cima. Margem superior com 5~8 dentes, os últimos dentes largamente espaçados, o primeiro dente atrás da órbita. Margem inferior com 5~6 dentes.
Quelípodos: Longos e finos, lisos e simétricos. Dedos 3/4 do comprimento da palma, carpo alongado, cerca de 1,2 a 1,5 vezes mais longo do que a palma. Mero do comprimento aproximado da quela. Ao lado: Close no rostro.

Parâmetros de Água

É uma espécie bastante tolerante quanto às condições da água, por ter uma distribuição geográfica bem ampla. Muitos aquaristas mantêm indivíduos desta espécie em águas ligeiramente ácidas (pH em torno de 6,8 ), livres de impurezas e principalmente livre de substâncias nocivas aos camarões, como é o caso do cobre.

Dimorfismo Sexual

Diferenciação difícil, exceto pela presença de ovos. Machos e fêmeas têm dimensões semelhantes (machos são menores, ligeiramente), e o aspecto das garras também é igual. Fêmeas possuem pleuras abdominais arqueadas e alongadas, formando uma câmara de incubação, mas de forma mais sutil do que em outras espécies. Também podem ser diferenciados pela análise dos órgãos sexuais, mas isto é bem difícil em animais vivos.
Outra forma de se identificar uma fêmea é através de uma sela amarela que se forma próxima à região da cabeça. Porém, esta sela está ligada ao momento do ciclo de reprodução da fêmea, desta forma nem todas as fêmeas possuem esta característica.

Reprodução

Fêmea com ovos e larva recém-nascidaO Macrobrachium jelskii é uma das espécies de camarão de água doce de reprodução em cativeiro mais fácil. Em um aquário bem estabilizado, onde haja bastante alimento e esconderijos, em poucas semanas (em algumas ocasiões dias) será possível ver fêmeas com ovos. São animais de reprodução especializada (ou abreviada), gerando poucos ovos de grandes dimensões, medindo cerca de 1,5 a 2,0 mm de diâmetro. As fêmeas adultas carregam de 20 a 40 ovos em seu ventre. Esses ovos possuem uma cor que varia entre o amarelo claro e o âmbar. Após a formação de uma massa amarelada em sua "sela" (próxima à região da cabeça da fêmea), os ovos "descem" para o abdome após cerca de uma semana. Normalmente o período de gestação varia entre 20 a 35 dias aproximadamente, e ao final deste período os ovos eclodem, gerando camarões que se assemelham a miniaturas de seus pais, com comportamento bentônico, passando a maior parte do tempo no substrato (ao invés de formas larvares natantes). Têm todo seu ciclo de vida em água doce, não necessitando de água salobra.
Desde pequenos já aceitam alimentação inerte, o que leva a uma alta taxa de sobrevivência da prole, mesmo em aquários domésticos. Ao lado: Fêmea com ovos. Ovos grandes e pouco numerosos, indicando reprodução especializada. No detalhe, larva recém-nascida, primeiro estágio de zoea.


Comportamento

É uma espécie ativa, se movimentando por todo o aquário, desde que não haja potenciais predadores. Bastante dóceis, podem ser mantidos com outros peixes e invertebrados, desde que estes sejam pacíficos. Costumam ser mais ativos durante a noite, portanto é muito comum vê-los junto aos vidros do aquário, nadando e procurando por alimentos.

Alimentação

Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas a restos de ração dos peixes. Alimentam-se de animais mortos, inclusive outros camarões. São bastante úteis como faxineiros, coletando restos de alimentos em locais inacessíveis a outros animais. Desta forma prestam um importante auxílio em aquapaisagismo, se alimentando de detritos e algas que se acumulam nos musgos.
Alguns indivíduos desta espécie podem também comer algumas plantas vivas, como é o caso do Musgo de Java, Hemianthus micranthemoides, e outras plantas de folhas mais sensíveis, mas isso não é uma regra. Lembre-se que a diversidade de alimentos ajuda a manter os camarões mais saudáveis e ativos.


Escrito por: 

Rafael Fereira Senfft e Walther Ishikawa


Bibliografia:

Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.

Collins PA. New Distribution Record for Macrobrachium jelskii (Miers, 1877) in Argentina (Decapoda, Palaemonidae). Crustaceana. Vol. 73, No. 9 (Nov., 2000), pp. 1167-1169.

Silva IS. & Viana GFS. Bioecologia do camarão Macrobrachium jelskii (Miers, 1877) (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) na barragem do Jazigo, Município de Serra Talhada, Pernambuco. Trabalho apresentado na IX JEPEX (Jornada de Pesquisa, Ensino e Extensão), Recife, 2009.

Soares MRS. Biologia populacional de Macrobrachium jelskii (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) na Represa de Três Marias e no Rio São Francisco, MG, Brasil. Dissertação (Pós-Graduação em biologia animal). 74p. 2008.

de Almeida AO, Coelho PA, Luz JR, dos Santos JT, Ferraz NR. Decapod crustaceans in fresh waters of southeastern Bahia, Brazil. Rev Biol Trop. 2008 Sep;56(3):1225-54.

Pimentel FR. Taxonomia dos Camarões de Água Doce (Crustacea: Decapoda: Palaemonidae, Euryrhynchidae, Sergestidae) da Amazônia Oriental: Estados do Amapá e Pará. Dissertação (Pós-Graduação em biologia animal). 2003.

Garcia-Dávila CR, Magalhães C. Revisão taxonômica dos camarões de água doce (Crustacea: Decapoda: Palaemonidae, Sergestidae) da Amazônia Peruana. Acta Amazonica 33(4): 663-686. 2002.

Sampaio SR, Nagata JK, Lopes OL, Masunari S. Camarões de águas continentais (Crustacea, Caridea) da Bacia do Atlântico oriental paranaense, com chave de identificação tabular. Acta Biol. Par., Curitiba, 38 (1-2): 11-34. 2009.

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