Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Discussões gerais sobre os peixes e invertebrados de água doce, abordando assuntos específicos como comportamentos, morfologia, reprodução, alimentação etc.

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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby rcesar » 29 Oct 2010, 14:23

Alguem aqui, já consegui reproduzir o Trichodactylus fluviatilis, eu to abismado com a falta
de informações sobre carangueijos de agua doce :( , nem do carangueijo de malta eu acei
informação que prestasse.
Eu tenho um casal dos bichinhos , que vieram de um criador, mas o cara não ensina nada
sobre como ele reproduz os bichinhos, eu sou fã de crustaceos de agua doce, tenho aqui
camarões(Fantasmas e malawa por enquanto, em breve algun red) e os carangueijos, fiz
um aquario especial pra eles, razo com tocas e boa filtragem, mas até agora nada.
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Walther
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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby Walther » 03 Jan 2011, 00:27

Uçás, Caranguejos do mangue (crustáceos decápodes da infraordem Brachyura, família Ucididiae, gênero Ucides, espécie cordatus, subespécie cordatus)

É um grande caranguejo semi-terrestre bastante usado na alimentação, também chamados de “caranguejo-verdadeiro”, “catanhão” e “uçaúna”. É uma importante fonte de subsistência das populações litorâneas, sem dúvida o caranguejo de maior interesse comercial dos manguezais brasileiros. São vendidos em beiras de estrada, geralmente amarrados a cordões. Existe uma outra sub-espécie da costa pacífica, o U. cordatus occidentalis.

Tamanho: machos atingem até 9 cm (largura da carapaça).

Identificação: Cefalotórax alto, de forma quadrada. Carapaça de cor variável, dependendo da época do ano, de azul celeste a marrom escuro. Pernas vermelhas, com muitos pêlos na porção inferior. Grandes quelas, com espinhos curtos de extremidade negra na face interna. Semelhantes aos demais caranguejos, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea um abdômen largo, onde fixa seus ovos.

Habitat e ciclo de vida:
- Vivem nas porções altas dos manguezais, entocados em galerias subterrâneas individuais de até dois metros de profundidade, sob as árvores do mangue. Durante a maré alta os caranguejos permanecem no interior das galerias, e na maré baixa saem para procurar alimentos, realizando também a limpeza das tocas.
- São animais com uma taxa de crescimento extremamente lenta, levando de 6 a 10 anos para atingir um tamanho comercial (carapaça de 6 cm). Como todos os demais crustáceos, realizam mudas (ecdises) durante o crescimento, abandonando a carapaça antiga. Nas fases juvenis, realizam várias mudas ao longo do ano. A freqüência das ecdises se reduz progressivamente, animais maiores realizam mudas anuais, permanecendo cerca de um mês entocados, até a solidificação completa da carapaça. Isto ocorre ao final da estação chuvosa, por volta de julho. Após a ecdise a carapaça é clara, branco-azulada, escurecendo com o tempo. A muda se interrompe em animais com carapaça maior do que 6,0~6,5 cm.
- A reprodução tem caráter sazonal, seguindo um ritmo estritamente lunar. Durante o período reprodutivo, nas épocas de marés mais baixas, os animais saem de suas tocas procurando parceiros, um fenômeno denominado de “andada” ou “carnaval” pelas comunidades litorâneas. O macho “espuma”, liberando uma secreção espumada branca de forte odor pela boca, talvez um ferormônio. Combates rituais são realizados nesta época.
- A cópula se dá na entrada das galerias, a fêmea adota uma posição de decúbito dorsal, expondo o ventre, o macho a cobre e deposita o líquido seminal nas aberturas existentes. O esperma é armazenado em cavidades denominadas Espermatecas, permanecendo viáveis por até um ano.
- A fecundação provavelmente é interna, e os ovos são incubados por até 30 dias na região abdominal da mãe. A eclosão dos ovos ocorre nas áreas mais internas dos estuários, geralmente sincronizados com as marés vazantes de sizígia, com os picos de eclosão sempre ocorrendo um dia antes da lua nova. A eclosão geralmente se dá à noite. Fêmeas liberam os ovos com movimentos de abrir e fechar do abdômen, num fenômeno chamado por alguns de “lavagem”. Neste momento a mãe também secreta um líquido da boca de função desconhecida.
- As larvas são arrastadas pelas correntes até as regiões mais externas, com predominante influência oceânica. Esses locais são geralmente mais profundos, com águas bastante oxigenadas e relativamente mais frias. As zoeas permanecem longe dos manguezais por três a quatro semanas, se desenvolvendo por seis estágios de zoea, retornando como megalopa durante as marés enchentes de lua cheia e nova.

Alimentação e respiração: São essencialmente herbívoros, se alimentam de folhas do mangue em decomposição. Têm hábitos diurnos, coletando folhas próximo às tocas, e levando ao seu interior para se alimentarem em segurança. Algas representam um importante complemento alimentar, fornecendo elementos não presentes nas folhas. Estes caranguejos possuem uma rica flora intestinal de bactérias, que auxiliam no processamento de celulose e outros materiais das folhas. Respiram através de brânquias, cujas lamelas posteriores são adaptadas para respiração aérea.

Perigo para humanos ou peixes: Apesar das grandes garras, são animais pacatos, inofensivos para humanos. Também não atacam peixes ou outros animais.

Curiosidades:
- A primeira documentação destes animais no Brasil é bastante antiga, data do início do século XIV, registrado por jesuítas e exploradores portugueses.
- Ao contrário de outras espécies, a fase pós-larvar de Megalopa já possui a habilidade de escavar tocas.
- Uma espécie de Caranguejo-violinista (Uca pugnax) é comensal destes caranguejos, consumindo resíduos da alimentação do Ucides.
- As pessoas que coletam os caranguejos no mangue são chamadas de “catadores” ou “tiradores”. Entretanto, em algumas regiões o termo “catador” é usado para aquele indivíduo que extrai a carne do caranguejo.
- Populações nativas têm mostrado uma redução preocupante, decorrentes de sobrepesca e destruição do habitat. A coleta deste caranguejo é supervisionada pelo IBAMA, determinando dimensões mínimas e época adequada para a coleta. Estima-se a coleta anual de até 7 toneladas por km2 de área do mangue.
- Muitas pesquisas têm sido realizadas para a criação comercial destes animais. Infelizmente não parece ser uma atividade sustentável ou lucrativa, dada à alta mortalidade larvar e ao crescimento extremamente lento destes animais.
- No livro "Homens Caranguejos" do sociólogo pernambucano Josué de Castro, o autor compara o ciclo de vida do homem miserável ao do caranguejo, que se alimenta dos dejetos orgânicos do mangue. Este livro é uma influência importante do movimento “Manguebit” de Recife (PE), com o manifesto "Caranguejos com Cérebro".

Manutenção em aquários: Existem alguns projetos para a criação deste caranguejo em cativeiro, vários trabalhos têm demonstrado que a criação em aqua-terrários é possível:
- São animais semi-terrestres, necessitando de um aquaterrário com áreas secas e aquáticas. Não devem ser criados em aquários.
- Crescem bastante, mas de uma forma bastante lenta. Desta forma, animais grandes necessitam de aqua-terrários mais amplos.
- Se adaptam a grandes amplitudes de salinidade. Pode ser criado em água salgada, mas o ideal parece ser água salobra, com cerca de 24%o de salinidade.
- A porção aquática do tanque deve ter uma profundidade que permita uma emersão completa dos animais.
- A temperatura deve ser elevada, cerca de 28 a 30 graus.
- Apesar de viverem em ambientes com substrato barrento, o substrato não parece ser fundamental em cativeiro.
- Tocas são fundamentais se a idéia é manter mais de um animal.
- Devem ser alimentados idealmente com folhas de mangue (Rhizophora, Laguncularia, etc.), duas vezes por semana. As folhas velhas não devem ser retiradas, já que se alimentam das folhas em decomposição.

Uçá, Ucides cordatus cordatus, as duas fotos abaixo gentilmente cedidas pelo biólogo André Benedito.
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Ucides cordatus cordatus, uma pequena fêmea ovada, fotografada em Peruíbe, SP.
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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby Walther » 03 Jan 2011, 00:33

rcesar, por algum motivo não recebi a notificação do seu post.
Peço desculpas por não responder a sua pergunta...

Teoricamente a reprodução é fácil, são espécies de reprodução especializada.
Conheço um pessoal da Argentina que reproduziu outro Trichodactylus, veja esse tópico:
http://www.croa.com.ar/ipb2/index.php?showtopic=31323

Conheço a Valeria, gente finíssima, se quiser, te ponho em contato com ela.

Abraços!! :wink:
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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby rcesar » 15 Jan 2011, 22:14

Walther, não tem do que se desculpar,rsrs.
Infelizmente meus dois carangueijos morreram, por burrice minha, o macho saiu do aquaterrario onde eu estava mantendo ele usando uma pedra eu coloquei muito perto da beirada , eu encontrei ele ainda vivo mas ele não resistiu, a femêa morreu um mês depois de causas desconhecidas, agora eu estou montando um "habitat" inteiro num aqua maior, mas eu vou tentar o carangueijo de malta desta vez(os nossos amigos sumiram das lojas, provavelmente devido a alguma mudança de orientação do IBAMA ou preços melhores em outras praças já que aqui na região só existe um criador dessa especie).
De qualquer forma eu agradeço qualquer ajuda que você possa me arrumar, tanto para um quanto para outro, eu sou fã de crustaceos de agua doce, tenho camarões(atualmente o malawa, num futuro próximo o fantasma,dentro de mais uns dois meses um red-cherry ou red-crystal) já tive lagostins vermelhos(esses eu criava para engorda também , deliciosos) alias venho procurando especies que possam susbstiu-los, mas tudo começou com dois trylocadtus que tive quando era criança(coletei eles num rio aqui perto, que na epoca tinha pitus, carangueijos e varios peixes , hoje só tem esgoto) por isso carangueijos são especiais,rsrs.
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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby Walther » 10 Mar 2011, 11:24

Maria-farinha (crustáceos decápodes da infraordem Brachyura, família Ocypodidae, gênero Ocypode, espécie quadrata)

Também chamados regionalmente de “guruçá”, “vasa-maré” ou “siri-padoca”. Ou pelo nome traduzido do inglês, “caranguejo-fantasma”. É um caranguejo semi-terrestre bastante comum em praias arenosas. Ariscos e bastante ágeis, são frequentemente vistos correndo rapidamente “de lado” nas praias brasileiras. Na realidade é um animal litorâneo, a rigor, nem deveria estar neste álbum (rsrs). Têm ampla distribuição geográfica, ocorrendo em todo o litoral brasileiro, assim como América do Norte e Central (desde o estado da Flórida).

Tamanho: espécimes brasileiros com carapaça de até 4 cm. Os animais norte-americanos são maiores, com até 5,5 cm.

Identificação: Cefalotórax de forma quadrada, alta. Coloração branca-amarelada. Pernas dispostas lateralmente, com finas cerdas. Locomove-se agilmente sobre a areia elevando seu corpo com as pernas. Olhos grandes e negros, alongados verticalmente, protrusos e elevados. Garras de dimensão média, lisas, orientadas para baixo, devido ao seu hábito alimentar. Discreta assimetria nas quelas. É a única espécie de Ocypode presente no Brasil. Pertencem ao mesmo grupo dos caranguejos violinistas (Uca) e o caranguejo-do-mangue (Ucides). A diferenciação entre os sexos é bem fácil, como todos os caranguejos, a fêmea possui o abdômen largo, onde abriga seus ovos até a eclosão.

Habitat e ciclo de vida:
Habitam praias arenosas, escavando tocas no terreno seco, bem acima do limite da maré. Animais maiores tendem a escavar tocas em locais mais distantes da água, são mais numerosos a 50~60 metros da praia. Podem alcançar mais de um metro de profundidade, estando geralmente inclinadas, e em forma de “J”. Têm hábitos noturnos, permanecendo entocados durante o dia, saindo à noite para procurar alimentos. Sai das suas tocas ao entardecer, e retorna com os primeiros raios da manhã. Nem sempre ocupa a mesma toca que foi utilizada no dia anterior. Em condições desfavoráveis (temperaturas extremas ou chuva), permanece dormente no interior da toca, cuja abertura é fechada pelo caranguejo. Como todos os demais crustáceos, realizam mudas (ecdises) durante o crescimento, abandonando a carapaça antiga (exuvia). Logo após a muda, seu exoesqueleto ainda não é totalmente rígido, sendo vulnerável a ataques. O acasalamento ocorre em dois picos anuais (primavera e verão) existindo relação entre o período reprodutivo e a temperatura. Reprodução primitiva, gerando um grande número de pequenos ovos, que são liberados no oceano à noite. As larvas se desenvolvem em água salgada, passam por cinco estágios de zoea além da megalopa. O tempo de desenvolvimento larvar é de aproximadamente 34 dias. Juvenis retornam à praia, e passam a ter hábitos terrestres. Têm vida relativamente longa, ultrapassando três anos.

Alimentação e respiração: Carnívoros, essencialmente predadores, mas carniceiros ocasionais. Sua dieta principal depende bastante do ambiente, a maioria das populações se alimenta basicamente de macroinvertebrados filtradores enterrados em águas rasas (como tatuíras e mariscos), o que explica sua anatomia, com as garras orientadas para o solo. Mas outras têm sua alimentação composta de insetos da vegetação costeira, outros ainda de animais mortos trazidos pela maré. Brânquias internas adaptadas à respiração aérea, suportam um tempo prolongado emersos se o ambiente for úmido. Porém, precisam hidratar diariamente suas brânquias no mar, sendo esta sua primeira atividade ao sair diariamente da toca.

Perigo para humanos ou outros animais: Agressivos e caçadores, não podem ser mantidos com outros animais. Não são canibais, exceto em situações extremas. Não representam sério perigo para seres humanos, pela dimensão pequena das garras. Sua manutenção em terrários é controversa, é possível, mas por ser um animal bastante ativo, necessitam de um amplo espaço. Ficam vulneráveis após a ecdise, até a solidificação completa do exoesqueleto, quando permanecem entocados.

Curiosidades:
- O nome Ocypode tem origem grega, e significa “aquele que têm pés ágeis”.
- Como os demais crustáceos, possuem capacidade de regenerar membros perdidos. Membros novos se formam no local onde havia o original, mas ocultos pelo exoesqueleto, sendo expostos somente no momento da ecdise.
- Apesar de comestíveis, não representam uma fonte de alimentação humana significativa. Em algumas regiões, são usados como remédios populares.
- Muitos trabalhos usam estes caranguejos como bioindicadores, como medidores não só de poluição, mas do impacto antropogênico como um todo.
- Existe um bairro/praia chamada “Maria Farinha” no litoral de Pernambuco


Maria-farinha, Ocypode quadrata, fotos abaixo gentilmente cedidas pelo biólogo André Benedito.
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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby Katsuzo Koike » 10 Apr 2012, 11:26

Walther, uma maravilha de fotos e informações, cara! Muito bom mesmo. Mas tire uma dúvida: o que vc repete muito nos texto, o "caranguejo uca" quer dizer os conhecidos "uçá", comuns nos estuários e manguezais? Abçs.

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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby Walther » 11 Apr 2012, 21:40

Obrigado, Katsuzo!

Na verdade são dois caranguejos diferentes.

O "Uca" é o nome científico dos Caranguejos Violinistas, aqueles pequenos cujo macho tem uma garra desproporcionalmente grande, cuja ficha está na página anterior.

O "Uçá" é o nome popular do Caranguejo do Mangue, cuja ficha está nesta página. Aqueles grandões de pernas peludas, que vendem em beiras de estrada.

O curioso é o motivo deles terem nomes parecidos. Vou copiar um pedaço do texto que estou preparando pro nosso site (Planeta Invertebrados), que explica a etimologia do nome "Uca":
Curiosidades históricas

A descrição científica mais antiga que se tem notícia de um caranguejo Uca é uma ilustração feita por Seba, em 1758, na obra naturalista Locupletissimi rerum naturalium thesauri accurata descriptio, et iconibus artificiosissimis expressio, per universam physiees historiam. Nesta obra, há a ilustração de um caranguejo que claramente pertence ao atual gênero Uca, identificado como Cancer uka una, Brasiliensibus.
Historicamente, a origem do nome Uca vem desta ilustração. Porém, é interessante notar que se trata de um erro de soletração, e também um erro de identificação. A primeira referência a uma outra espécie, o caranguejo-uçá (Ucides cordatus), data de 1648, na obra Historia Naturalis Brasiliae, de Jorge de Marcgrave. Nela, o autor cita a designação guarani de “uça-una” para esse caranguejo, mas escrita de forma errada, como “uca-una”, talvez por uma limitação gráfica. Seba perpetuou o erro na sua ilustração, além de identificar a espécie errada de caranguejo.
Houve algumas tentativas de se modificar o nome do gênero, a mais conhecida feita por Latreille em 1817, rejeitada. Hoje, o nome Uca para os caranguejos violinistas está bem consagrado, apesar do duplo erro.

Por falar nisso, parte desse material já está no nosso site, na seção de caranguejos de água doce. A seção de caranguejos de estuário ainda não foi montada, mas em breve vai ser postado:
http://www.planetainvertebrados.com.br/ ... 23&local=2

Abraços!! :wink:
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Re: Caranguejos dulcícolas e estuarianos

Postby germano reis » 20 Jun 2015, 22:56

Walther, que material bacana!
Deu até vontade de ter alguns!!!


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