Além das opções comerciais, existem determinadas formulações criadas para se atender as necessidades de um aquário plantado.
Em 1996, Kevin C. Conlin e Paul L. Sears, dois aquaristas canadenses, em um artigo publicado em um grupo de discussões (Aquatic Plants internet mailing list), relataram a sua experiência para o desenvolvimento pleno das plantas e o controle das algas em aquários plantados, através da adição diária de uma fórmula balanceada de nutrientes. Como esta fórmula era obtida através da mistura de cada componente solúvel, obtidos em lojas de química, ela tinha a vantagem de ser preparada com menor custo quando comparada a produtos comerciais de grandes empresas, como a Dupla, Dennerle, Tropica e outras. Através de testes periódicos da concentração do Ferro e de Nitratos, eles ajustavam a dose dessa fórmula, que é administrada em gotas diariamente, daí o nome com que se popularizou (“Poor Man” Dupla Drops, ou PMDD).
Basicamente se compõe de Nitrato e Potássio como macro nutrientes, não utiliza o Fósforo, além de Magnésio, Enxofre e um mix de micro nutrientes quelatizados. O preparo é facilitado por ter sua receita baseada em medidas de volume (colheres de chá ou de sopa), o que por outro lado torna as medidas de suas concentração bem menos precisas.
Fórmula:
K2SO4 (Sulfato de Magnésio) 2 colheres de chá (10 ml ~ 14g)
KNO3 (Nitrato de potássio) 1 colher de chá (5 ml ~ 6g)
MgSO4-7H2O (Sulfato de magnésio hidratado) 2,5 colheres de sopa (37,5ml ~ 33g)
Mix de nutrientes quelatizados 1 colher de sopa (15 ml ~9g)
Água 300 ml.
Nesta formulação original, o volume de nutrientes presentes por ml é:
NO3 10,6mg, K 25,85 mg, Mg 7,17 e Fe aproximadamente 1,7mg (depende do mix utilizado)
Posteriormente, os próprios autores divulgaram uma solução alternativa:
K2SO4 (Sulfato de Magnésio) 2 colheres de sopa (10 ml ~ 14g)
KNO3 (Nitrato de potássio) 1 colher de sopa (5 ml ~ 6g)
MgSO4-7H2O (Sulfato de magnésio hidratado) 2,5 colheres de sopa (37,5ml ~ 33g)
Mix de nutrientes quelatizados 1 colher de sopa (15 ml ~9g)
Água 500 ml.
Que por sua vez apresentava por ml a seguinte quantidade de nutrientes: 19,13mg de NO3, 46,52mg de K, 2,87mg de Mg e 1,02mg de Fe. Proporcionalmente, portanto, mais nitrato e potássio (macro nutrientes) e menos Fe e Mg.
Para se calcular a dosagem presente em cada gota, basta que se divida a quantia presente em 1 ml por 20.
Edward (APC) – Perpetual Preservation System
Outra alternativa para a administração diária de nutrientes, é o sistema desenvolvido por Edward e divulgado pelo Fórum Aquatic Plant Central, chamada de Perpetual Preservation System, ou em bom português, “Sistema de Preservação Perpétuo”.
Inicialmente, utiliza-se uma dose diária de uma solução-padrão com os principais macro nutrientes, contendo fosfato, nitrato e potássio. Conforme a indicação dos testes, essa solução pode ser substituída por uma solução sem fosfato ou uma solução sem nitrato. O potássio, além de raramente ser encontrado em excesso num aquário plantado, também não dispõe de testes acessíveis para ser dosado.
As outras duas soluções são de Sulfato de Magnésio e de Elementos-Traço (micro nutrientes quelatizados), em geral utilizados semanalmente, ou caso ocorram sintomas de sua deficiência.
O preparo de todas as soluções exige uma balança de precisão de pelo menos 100mg, o que se de um lado aumenta a exatidão das fórmulas, dificulta a manipulação do aquarista, que não costuma encontrar esse instrumento à sua disposição.
Fórmulas: Perpetual system
Solução Padrão (NO3:PO4:K) 0,75:0,25:1,00
KNO3 20,38g
KH2PO4 5,97g
K2SO4 15,74g
Água 500 ml
Solução sem Nitrato (NO3:PO4:K) 0,00:0,25:1,00
KNO3 0g
KH2PO4 5,97g
K2SO4 33,30g
Água 500 ml
Solução sem Fosfato (NO3:PO4:K) 0,75:0,00:1,00
KNO3 20,38g
KH2PO4 0,00g
K2SO4 19,56g
Água 500 ml
Sulfato de Magnésio
MgSO4 16,9g
Água 500 ml
Elementos Traço
Elementos traço 23,81g
Água 500 ml
Utilização:
- Teste a concentração de NO3 e PO4
- Adicione a solução-padrão diariamente pelo período de uma semana, e ao termino da mesma, repita os testes
- Se os níveis e a razão NO3:PO4 estiverem aceitáveis, mantenha a rotina ao longo da semana seguinte
- Se os níveis se tornarem muito altos, reduza a quantidade da solução adicionada na semana seguinte
- Se a razão estiver inadequada, interrompa a adição da solução-padrão, substituindo pela sem NO3 ou sem PO4, e tornando a testar ao termino da semana seguinte
- A utilização dos elementos traço é indicada caso haja sintomas de deficiência de nutrientes, caracteristicamente, palidez de novos brotos
Tomando como princípio o fato de que diferentes aquários têm diferentes consumos de nutrientes, com necessidades variáveis de cada um, este método é composto de 5 soluções-padrão (sendo 3 de macro nutrientes) cuja utilização é direcionada através de testes periódicos, com obtenção da dosagem de fosfatos e nitratos. Tem a vantagem de permitir a customização para diferentes montagens, com diferentes necessidades de fertilização, e de se ajustar conforma diferentes “fases” de uma mesma montagem (com maior ou menor crescimento de plantas, variações sazonais de temperatura, variações da flora e da fauna). Pode ser útil também em situações onde trocas parciais volumosas sejam mais difíceis de serem feitas, como em aquários extragrandes ou lagos durante um inverno mais rigoroso, por exemplo.
Tom Barr é um biólogo, que se especializou em biologia aquática. Ele defende uma proposta bem diferente das propostas anteriores, com um sistema que não necessita de utilização de testes para determinar os nutrientes solúveis, sem abrir mão da utilização equilibrada dos mesmos.
A partir da observação e experimentação, ele:
- Determinou uma faixa ideal de concentração dos principais nutrientes para a utilização pelas plantas;
- Verificou que os surtos de algas em aquários plantados estão intimamente relacionado com picos de produção de amônia (morte de animais, aumento da quantidade de alimento ou da biomassa do aquário, morte de plantas ou de suas folhas, diminuição da eficiência da filtragem biológica), muitas vezes ocorrendo mesmo quando esta ainda se encontra em níveis indetectáveis por testes;
- Verificou certa imprecisão para a maioria dos testes encontrados para aquariofilia, por se basearem em colorímetros, que dão os resultados em faixas de “cor”, que estratificam seus resultados numa faixa muito larga para cada concentração.
Alem disso, neste método, é fundamental a realização de trocas parciais semanais de grande volume, de 50 a 70% da água do aquário (é o “reset” do sistema), e que se mantenha iluminação intensa e CO2 em concentrações também otimizadas (20-30 ppm).
Com isso, ele garante que nenhum nutriente seja fator limitante para o desenvolvimento das plantas. Mesmo que haja algum excedente, este não resulta em surtos de algas desde que se mantenha a amônia controlada, o que certamente acontece com a ajuda dessas trocas parciais volumosas e freqüentes. Eventuais excessos de nutrientes são ajustados também nessas trocas parciais.
É um dos sistemas onde se observa o desenvolvimento mais vigoroso das plantas, muitas vezes exigindo podas com muito mais freqüência.
Sugestão de concentrações-alvo (obs.: ppm=partes por milhão, ou em outras palavras, mg/litro):
CO2 entre 20-30ppm
NO3 entre 5-20ppm
K+ entre 10-30ppm
PO4 entre 0.4-1.5 ppm
Fe 0.5ppm
Instrumentos úteis para encontrar a quantidade necessária para cada aquário são programas automáticos que fazem este tipo de cálculo, como a “Calculadora de Chuck”, ou o “Fertilator” do Aquatic Plant Central.
http://www.csd.net/~cgadd/aqua/art_plant_aquacalc.htm
http://www.aquaticplantcentral.com
Lívio Nakano