Neritina natalensis Nome científico: Neritina natalensis
Nome popular (BR): Neritina Zebra, Caramujo Zebra
Nome popular (ING):  

 

Distribuição geográfica: África (África do Sul)
Sociabilidade: Sozinho ou grupo.
Comportamento: Pacífico.
Tamanho adulto: 2 cm
pH: 6,8 a 7,5
Temperatura: 22 a 26oC
Dimorfismo sexual: Não há.
Alimentação: Ração, algas.
Aquário mínimo recomendado: 30 litros
Adequado para plantado? Sim.
Biótopo:  
Informações adicionais:  

Saiba mais sobre a espécie:

Primeiro de tudo um pouco de história. Este caramujo foi descoberto em 1845 pelo professor Lovell Augustus Reeve, célebre conchiólogo de origem inglesa e autor de publicações que até hoje permanecem como pontos de referência.O Professor Reeve (1814-1865) estudou os moluscos no seu meio ambiente, tanto marinho como de água doce, interessando-se de perto aos seus hábitos e organização.

Além de conchiólogo e autor (Conchologica Iconica -1858, entre outros), também foi comerciante. Em 1835 Lovell Reeve comprou a colecção de conchas do General Ryder em Roterdão e com o benefício que fez ao revendê-la ele estabeleceu-se como comerciante e editor.

Parte da colecção privada de Reeve está hoje em dia no Museu de Historia Natural de Londres, no Museu Nacional do País de Gales, em Cardiff, e no Museu Nacional Norte Americano, a Instituição Smithsonian.

O facto é que Lovell Reeve descobriu, descreveu e nomeou a Neritina natalensis. Este caramujo da família dos Neritinidae tem a particularidade de ser dos raros da sua família a poder viver em água doce!

Mas porquê natalensis? Teria isso algo a ver com a região do Natal no Brasil ? De maneira nenhuma. Essa apelação se refere ao KwaZulu Natal, região nordeste da África do Sul e a sul de Moçambique. O Rio Tugela que passa pela região e cuja fonte foi descoberta em 1836 (como se vê estamos em plena época de colonização e descoberta desse país – O célebre Shaka Zulu morreu em 1828) e desagua no oceano Índico seria o berço dessa espécie.

Sabe-se que espécimes são hoje em dia ainda colectados e comercializados por conchiólogos na região de Durban. O facto de não haver nenhum relato de sucesso completo do ciclo de vida desse molusco indica que os espécimes propostos aos aquaristas são também alvo de colecta.

O biótopo onde são achados os espécimes para a conchiologia é o mangue, ou seja, o substrato é essencialmente lama e detrito vegetal e as plantas são as típicas desse tipo de biótopo. A baia do Natal é única no seu gênero, foi adaptada para responder a imperativos econômicos e é um abrigo natural. E a única baia do suleste deste continente, entre o Cabo e Maputo, que é protegida por avançadas arenosas. Outro facto muito interessante é que é alimentada por pequenos rios costeiros que provocam importantes aluviões.

Mas agora chega de história e geografia, pois do que sabemos acima podemos deduzir muita informação.

A Neritina natalensis vive em água doce e água salobra mas não salgada ; o facto de ser colectada no mangue explica porquê o suporte para desova é de preferência madeira, por outras palavras, as raízes de grandes plantas de tipo emergente. As raízes ditas de mopani são a perfeita representação desse tipo de planta na sua parte imersa. De facto N. natalensis pode pôr ovos em qualquer suporte, inclusive pedras. Pessoalmente observei que quando os adultos têm a escolha entre pedra e raiz, eles invariavelmente escolhem as raízes.

O facto dessa espécie se manter perfeitamente em aquários de água doce e no entanto ter um biótopo de água doce e salobra põe questões. De facto os ovos podem ser considerados como casulos, pois não têm a configuração típica dos ovos de caramujos tipo como seriam os planorbes (Planorbis corneus), cujos ovos em conjunto são protegidos por uma membrana flexível e gelatinosa, ou das ampulárias (ovos postos em conjunto que se rigidifica  fora de água).

Os “ovos” de N. natalensis são depositados um a um e aderem à superfície do suporte, parecendo-se mais como Acroloxus lacustris do que com ovos, ou seja, mais parecem uma mini concha calcárea. Esse casulo se rompe passado uns vinte dias e liberta ora uma larva ora um juvenil totalmente formado. A partir daqui entramos na área da teoria, pois não observei pessoalmente essa parte do ciclo.

O casulo libertaria uma larva, que tem uma vida planctônica durante em água salobra unicamente. As zonas salobras sendo uma zona tampão entre a água doce dos rios e a água salgada do mar, elas não são carregadas até ao mar, o efeito das marés mantendo essas larvas na zona tampão. A forma planctônica – se tal é o caso - resta por definir. Trata-se ora de uma larva autônoma ou de uma larva que necessita de um hospede para se desenvolver, como as larvas de mexilhão. Não causando danos ao hóspede (peixe) ela se enquista nas guelras, beneficiando-se de um sistema de filtração de plancton natural para se alimentar. No caso dos mexilhões, a transformação de larva para espécime totalmente formado se opera no hóspede, o juvenil totalmente formado se deixa cair do hóspede.

Outra possibilidade é que os ovos são todos postos sobre os suportes em água salobra, e que os juvenis nascem totalmente formados.

A última possibilidade, talvez a mais lógica, é que N. natalensis vive a 100% em água salobra no seu ambiente natural, adaptando-se no entanto muito bem à água doce, dado que as cheias  ou chuvas muito importantes que ocorrem uma vez por ano nessas regiões podem ter um efeito sobre a zona tampão. Neste último caso se explica a longevidade de N. natalensis nos aquários de água doce e se explica também o insucesso do ciclo de reprodução.

Em termos de alimentação, N. natalensis tem um apetite espectacular por algas, de facto se pode falar numa especialização. Se nos referimos ao biótopo de origem, os detritos de origem vegetal também devem ser considerados como fonte de alimentação. Em aquário ela vai ajudar consideravelmente na diminuição de algas como por exemplo as algas que infestam a face frontal do aquário quando este está exposto à luz natural.

Por outro lado nunca vai danificar plantas se estas não apresentarem necroses. Caso apresentem necroses estas serão consumidas. Não se deve contar com este caramujo para limpar o aquário, a preferência dele fica pelas algas verdes encrostadas nos vidros ou nas pedras.

Este caramujo mede no máximo dois centímetros e permanece protegido por sua concha. Raramente se vê mais que suas duas antenas excepto quando se alimenta nos vidros. Nessas condições se pode observar seu sistema bucal raspador especializado.

Outro dado interessante é que esse caramujo está quase imune a todas as formas de agressão por parte de peixes ou invertebrados. De facto seu opérculo é bastante rígido e como o corpo do caramujo está integralmente protegido pela concha ele raramente tem problemas.

Resta dizer que a temperatura ideal de manutenção que aplico se situa entre 22 e 26°C, sendo que abaixo ou acima dessas temperaturas N. natalensis tem demonstrado sinais de choque osmótico, virando-se e permanecendo imóvel no fundo do aquário (isso nos meus aquários).

Escrito por Gerald Depaus.

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