
Podemos começar com o clássico kinguios são peixes onívoros. Alimentam-se tanto de proteínas vegetais quanto animais, sendo basicamente vegetarianos. Nisto baseia-se a máxima de que kinguios e plantas não combinam. Ouro conceito reforçado pela repetição é que são “peixes sujões”, os “porquinhos do aquário”. Vamos falar um pouco sobre isto e colocar as coisas em seus devidos lugares.
De maneira muito simples, quando um kinguio abocanha o alimento a primeira ocorrência é a trituração do mesmo com os dentes faríngeos. Certo, kinguios têm dentes. O alimento triturado segue pelo esôfago até chegar a uma seção levemente dilatada e aqui temos um ponto de divergência.
Fazendo uma breve pesquisa descobrimos que estes peixes não possuem estômago, o que torna a passagem do alimento pelo sistema digestório muito rápida e, algumas vezes, pouco aproveitável. Pesquisando mais nos deparamos com esta seção dilatada, sobre a qual há opiniões diversas. Alguns a consideram como sendo um minúsculo estômago, outros como uma seção expandida do esôfago ou então do intestino. O consenso se restringe ao diminuto tamanho e, por conseqüência, sua mínima capacidade de armazenar alimento. A próxima etapa é a passagem pelo intestino, onde parte do alimento é absorvida e parte (alimento não digerido) é eliminado na forma de fezes.
E o peixe sujão com isto? Pensem que majoritariamente a base da alimentação de kinguios é composta de rações, quando não somente isto. Rações de baixa qualidade serão menos aproveitadas, o que significa maior quantidade de excrementos no aquário. Alimentar em exagero também pode gerar este quadro, já que a passagem do alimento é rápida e parte não será absorvida.
Rações.
O óbvio: opte pelas de boa qualidade e específicas para kinguios. Procure variar as rações, não se restringindo a uma única. Um item a observar é o percentual de extrato etéreo (gorduras). Alguns aquaristas recomendam que não seja superior a 5%, outros a 6,5%.
Prefira rações que afundem, de tal forma que os kinguios não ingiram ar junto com o alimento. Este ar (que pode ficar retido no intestino) é apontado como uma das causas de mau funcionamento da bexiga natatória. Outra possível causa deste problema é a alimentação exclusivamente seca. Aqui também pode formar-se gases no trato gastrointestinal pela fermentação da ração. Uma opção é deixar a ração de molho em um recipiente com água do próprio aquário por alguns minutos antes de oferece-la aos peixes.
O fundo do aquário é o local adequado para os kinguios se alimentarem. Basta observar como estão constantemente revirando o substrato em busca do último pellet perdido.
Vegetais.
Um banquete para os kinguios. Pode oferecer todos os dias como uma das refeições ou em dias alternados. Algumas coisas talvez eles não aceitem. Tente outra. A melhor parte é que sempre teremos algo disponível em nossa geladeira. Possibilidades: pepino, mostarda, alface, agrião, espinafre, acelga, alga nori. Plantas como lentilha d’água, salvinia e elodea são opções para variar o cardápio.
Brócolis e couve-flor ofereça cozidos. Como sempre sobram muito pedacinhos no aquário é mais aconselhável da-los no dia ou dia anterior a troca parcial de água. Ervilhas (destas congeladas que compramos em mercado) cozinhe por cerca de dez minutos, até que fiquem macias; retire a casca e dê em metades. Para kinguios pequenos, divida em quartos. E como diriam as mães, esperem que eles mastiguem e engulam antes de oferecer mais. Duas ervilhas para cada kinguio adulto é razoável.
Proteína animal.
Recomenda-se parcimônia ao oferecer alimentos de origem animal para kinguios. Uma ou duas vezes na semana e em pouca quantidade. Considere antes como um petisco e não refeição principal. Insetos, larvas de insetos, vermes, dáfnias, são algumas opções.
Algumas culturas podem ser mantidas em casa com facilidade. Outra opção é a coleta ou compra de alimento vivo, com a ressalva ao risco de transmissão de enfermidades por parasitas e bactérias. Possibilidade mais atraente e prática é a aquisição de alimentos congelados e liofilizados.
A liofilização é um processo de desidratação rápida de alimentos. Basicamente os mesmos são congelados e depois submetidos a dada pressão e temperatura, o que resulta na retirada da água por sublimação. Este processo conserva as propriedades nutritivas e organolépticas (cor, sabor, odor, etc) dos alimentos. Em certos casos, o alimento liofilizado é demasiadamente duro para a mastigação sendo necessário hidrata-lo antes. Utilize a água do próprio aquário para isto.
Quanto aos alimentos congelados, tenha o cuidado de descongela-los antes de oferecer aos kinguios. Caso estejam em cubos de gelo, faça o descongelamento em recipiente contendo água do aquário. Descarte a água e ofereça apenas o alimento.
Frutas e patês.
Com relação a frutas, não há um consenso no que se refere a sua inclusão no cardápio. Alguns são totalmente contra, outros as oferecem de maneira esporádica. Algumas opções são laranja, maçã, banana, kiwi, mamão.
Os patês são alimentos feitos de maneira artesanal, reunindo alimentos de origem animal e vegetal, crus e cozidos, liquidificados e misturados a gelatina sem sabor dissolvida em água, que faz o papel de emulsificante. Depois de resfriado, o patê pode ser cortado em cubos e guardado no congelador, retirando-se apenas a porção necessária para cada vez. Há várias receitas específicas para kinguios na internet.
Finalmente, lembrem sempre que comida boa e água boa são requisitos fundamentais para a saúde dos peixes. Invistam em rações próprias para kinguios, alimentem com variedade e sempre sem exagero. O mais adequado seriam três ou quatro pequenas refeições ao dia. Mas como nem sempre isto é possível, use então um pouco mais de tempo nesta atividade. E um conselho de avó (conhecem?): coma de tudo um pouco que você será saudável. Válido para kinguios também.
Referências.
http://natureplanet.blogspot.com/2008/1 ... eixes.html
http://www.happy-goldfish.com/blog/gold ... ve-system/
http://www.altaventura.com.br/voce-sabe ... iofilizada
http://www.goldfish-emergency.com/viewp ... page_id=19
http://www.elgoldfish.com/papillas.html
http://www.cpafap.embrapa.br/aquicultur ... oikink.pdf