Postby carlos gustavo » 19 Sep 2007, 09:14
Quanto a história de raças muuuito distintas... Realmente não é recomendado não. Isso é explicado pela genética.
Os kinguios que eu, voce e os criadores de hoje tem são muito diferentes dos selvagens. Isso devido a uma grande deriva gênica (mutações que distanciaram os kinguios modernos dos selvagens) que foi forçada nos peixes desde quando o homem os começou a criar em cativeiro.
Isso fez com que olhos crescessem, bolhas nascessem, corcundas fossem criadas, calos na cabeça e bochechas inchassem, rabos enormes, triplos, quadruplos, escamas petrificadas, pompons no nariz, nadadeira dorsal sumisse, enfim, o kinguio de hoje e o kinguio de 1500 anos atrás são apenas espécies iguais no nome científico mesmo.
Kinguios na natureza tem proles grandes e grande taxa de sobrevivência. Os kinguios de cativeiro tem proles IMENSAS e taxa de sobrevivência mínima. Isso porque acontecem as chamadas interações gênicas. Por exemplo. Um gene A expressa uma característica, somente quando está em contato com o gene B. Mas esse gene A, se em companhia de um gene C, expressa uma característica deletéria, ou seja, um gene letal.
Em kinguios selvagens, a taxa de genes letais é praticamente nula, pois não existem cruzamentos consanguíneos (entre irmãos, entre pai e filho, etc) e não ocorre o contato entre linhagens tão diferentes (bolhas e ryukins por exemplo).
Em kinguios de cativeiro, linhagens chinesas são cruzadas com linhagens do Sião, da Koréia, do Japão, etc. Os resultados ditos "interessantes comercialmente" são cruzados entre si para "purificar a raça". A incompatibilidade gênica passa a ser enorme, e a taxa de genes letais aumenta grandemente.
Imagina, kinguios de centenas de quilômetros cruzando, quando na natureza isso seria impossível, dada a distãncia e a barreira geográfica (lagos diferentes, outras bacias hidrográficas, etc). Isso acontece normalmente nos criadouros de kinguios comerciais.
E o lance de purificar a raça então... irmãos são cruzados, e os filhos viáveis são cruzados com os pais. Os filhos desses (filho da geração 2 e neto da geração 1) são cruzados entre si, com os pais, com os avós, etc, até sair a linhagem pura. Nesse processo, nascem peixes com colunas tortas, sem olhos, nadadeiras mal formadas, sem alguns órgãos, sem escamas, e com tantas más formações que a taxa de mortalidade se aproxima de 100%. E quando o peixe perfeito é conseguido, muitas vezes ele é estéril!!!
Olha no meu caso: Minha telescópio Black Moor (não era perfeita pois está descorando) teve, no inverno, duas desovas sequenciais, com cerca de 400 ovos, na contagem visual. Uma desova foi fecundada por um kinguio comum, branco, com cauda tripla, véu. A segunda desova, foi com um Oranda Kohaku puríssimo. A primeira prole, morreu tudo. a segunda vingaram dois peixinhos.
Ou seja, 0,5% de sobrevivência. E os que vingaram, o que deu? Telescópio? Oranda? Coisa nenhuma. Deram dois peixinhos de cor selvagem (aquela cor ocre feia), mas com os corpinhos redondinhos e a cauda de véu, tripla.
Se eu fosse um criador comercial, esses dois já teriam virado cocô de kinguio. Mas eu sou amador, não tenho a menor pretensão de criar comercialmente. Esses dois peixinhos são conquistas para mim. Serão certamente os mais feios do meu aquário quando eu os tirar do berçario, mas os mais importantes para mim tb.
Então, pode estar certo de uma coisa. Se voce viu um kinguio Riukin calico maravilhoso, ou um kinguio bolha preto perfeito, ou um cabeça de leão ranchu, ou então um oranda red cap, ou qualquer outro desses kinguios de raça, pode estar certo de uma coisa. Aquele kinguio é um bilhete premiado de loteria, pois ele ter chegado a viabilidade significa que mais de 5000 kinguios morreram por más formações e mais de 500 kinguios foram descartados por não expressar a raça pura, sendo então dados de comida para outros peixes, ou mesmo jogados no lixo mesmo.
Espero ter explicado.
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