Qualquer peixe que seja atraente por algum motivo, pode hoje ser mantido em aquários. Claro que ninguém de bom senso vai criar pequenos peixes coloridos em casa para comê-los. No entanto, devemos saber que algumas espécies presentes em tanques caseiros são comestíveis, e servem de fonte de proteína para muitas populações provenientes de áreas costeiras, bacias fluviais e regiões lacustres. Comecemos com a maioria dos ciclídeos africanos, oriundos dos lagos Malawi, Vitória e Tanganica, entre outros, bem como do rio Nilo. Em sua grande variedade, eles são pescados pelos habitantes locais, para sua alimentação. A tilápias e suas variedades são os peixes mais criados e consumidos, pelo tamanho que atingem e pelo sabor de sua carne. Os ciclídeos brasileiros, em suas diversas formas, em geral chamados "carás" ou "acarás" também são alimento para muitos ribeirinhos.
Outra família de peixes de água doce também muito visada na alimentação é a dos Caracídeos, em seus integrantes menores e maiores. Dos lambaris e pacus às piranhas, dos piaus e jaraquis às traíras, esses peixes são importantes para a pesca comercial e de subsistência, por serem bem aceitos nas mesas de muita gente. À propósito, dizem que o caldo de piranha é afrodisíaco.
Os Ciprinídeos são igualmente utilizados como alimento, por exemplo, a carne da carpa é bem apreciada, em suas várias espécies (Capim, Espelho, Comum, Siamesa, etc). Pelo menos, as carpas Nishikigoi, que são os peixes ornamentais mais caros do mundo, próprias para lagos, não são destinadas a servir de refeição. Entre os barbos, apenas os maiores são comestíveis, sendo pescados e criados para gerar alimento. Como exemplo, cito o Barbo de Java, o Hampala e o Schwanenfeldi. Pelo menos, nessas famílias dos Caracídeos e Ciprinídeos, é improvável que alguém queira comer piabas Mato-Grosso, rodóstomos, ou peixes dourados, Kinguios. Muitos outros peixes de outras famílias, vistos com freqüência em aquários, também estão incluídos no rol das espécies comestíveis: bagres ou peixes-gato, cascudos, Chalceus, enguias, gouramis, pangasius, oscars, peixes-faca, aruanãs, lábeos negro, entre outros. O que se nota é que quanto maior o porte de uma espécie, mais propensa ela estará a terminar na panela. Por isso, não conheço quem se alimente de coridoras, neóns, dânios, rásboras, pequenos tetras e barbos. Mas há notícia que índios e habitantes ribeirinhos da América do Sul pesquem acarás-disco e bandeira, nos igarapés, como formas de iguaria, embora esses peixes sejam hoje tradicionalmente ornamentais. O Lábeo Bicolor também se tornou um peixe exclusivo de aquário, e quase não existe mais na natureza. O Tubarão Bala, na Ásia, espécie que chega a quase 40 cm os maiores, já serviu bastante de alimento e alvo de pesca, sobretudo na Indonésia. Por outro lado, a raridade desses peixes em ambiente natural, prejudicada pela extração desenfreada por décadas (entre outros motivos, como poluição, desmatamento, construção de barragens, etc), e os bons preços que alcançam no mercado do aquarismo, deixaram sua reprodução na mão dos produtores asiáticos de peixes ornamentais. Sem dúvidas, o Balashark é uma das espécies mais procuradas para serem criadas em aquário, por isso, vale mais mantê-lo vivo para venda que usá-lo como ingrediente em pratos típicos. As Bótias Palhaço provavelmente podem ter sido consumidas na Indochina, em alguma época do passado (presumindo seu tamanho adulto, c. 40 cm, e quando eram mais comuns naqueles rios), quando não haviam despontado no comércio ornamental de peixes. Seu preço no mercado do aquarismo garantiu sua proteção e preservação pelo governo indonésio. Segundo as fontes, são exportados 20 milhões de exemplares por ano, da espécie.
Os conhecidos e estranhos Peixes Elefante (Gnathonemus petersii), que crescem até 25 cm, em média, infelizmente ainda são pescados para consumo na África, nas bacias do Rio Congo e do Nilo. Mas considerando que sua pesca faça parte da cultura regional, e que boa parte das populações africanas no Congo, Camarões ou Gana vivam em extremo estado de pobreza, é até compreensível a permissão da pesca desses peixes.
O aquarismo é uma atividade que cria laços de afetividade entre o criador e os peixes, como em qualquer relação humana com animais domésticos de estimação. E não passaria pela mente do mais louco aquarista, algum dia, resolver “comer” os peixes que ele mesmo cria com tanto carinho. É diferente da criação para corte em grandes viveiros, de espécies “jumbo”, de carne reconhecidamente saborosa, como surubins, tilápias, tambaquis, carpas, gatos de canal, tucunarés, etc. Espera-se que o incremento da criação de peixes em aquário garanta a preservação de muitas espécies.
Vejamos alguns peixes que estão em aquários, mas marcam também presença "culinária" na boa mesa: (OBS: Algumas imagens abaixo podem dar água na boca):
Tucunaré assado:

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Sopa de Carpa:

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Lambari frito:
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Caldo de piranha:

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Traira frita:
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Cascudo recheado e frito (ao fundo):
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Filés de Peixe Gato de Canal:
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Como tirar filés de Gatos de Canal:

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Pacu assado:
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Piaus no mercado:
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Pacus Brancos no tabuleiro do mercado: direto para cozinha

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Barbo Tinfoil pescado. Este não vai para aquário:
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