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O Betta, também conhecido como “peixe de briga” leva o nome científico de Betta splendens.

É um peixe originário do Sudeste Asiático (Indochina) e quando selvagem tem uma cor puxada para o castanho. Os exemplares encontrados em lojas de aquariofilia possuem uma coloração bem variada devido à seleção artificial feita pelo homem.

Na natureza geralmente são encontrados em campos de arrozais, mas também é possível encontrá-los em pequenos lagos e regatos.

O Betta possui órgãos chamados de labirintos, graças a isso ele é capaz de respirar o ar atmosférico, ou seja, o mesmo pode subir a superfície da água e coletar oxigênio, sendo assim, pode sobreviver em águas pobres de oxigênio o que infelizmente alimenta o mito que esta espécie pode viver em copos de água ou pequenos recipientes sem os mínimos cuidados.

Bettas possuem quatro nadadeiras, Anal, Pélvica, Dorsal e Caudal. Devido às nadadeiras, são classificados como:
Cauda curta, cauda meia lua, cauda dupla, cauda delta, cauda super delta, cauda de véu e cauda de coroa.

Falaremos agora algumas maneiras de se obter sucesso na procriação desta espécie...

Em primeiro lugar, devemos falar que o aquário para reprodução, não deve ser o principal onde os Bettas são mantidos, para tal, precisaremos de um aquário maternidade.


Material necessário para reprodução:

- Aquário maternidade de no mínimo 20l
- Planta (preferencialmente musgo de Java)
- Garrafa pet 2 litros ou mais e que seja transparente
- Luminária com lâmpada de 20 w fluorescente 
- Aerador com pedra porosa e regulador de ar
- Papel preto (color set)
- Aquecedor com termostato
- Termômetro
- Aquários menores para separação dos alevinos
- Espelho ou outro macho que não o reprodutor

 

Comprando os peixes

Quando for comprar o casal escolha o macho que se mostrar agressivo e também mais ativo. Na hora da compra dos peixes, é também natural comprarmos a comida, aproveite e ofereça um pouco da ração para o macho escolhido, o mesmo, deve responder prontamente no momento em que a ração foi oferecida, peixes que tem este comportamento geralmente são mais saudáveis e conseqüentemente é mais apropriado para obter sucesso com a reprodução.
Obs. Não compre aquelas rações de bolinhas, Bettas tem a tendência a sofrerem de sérios problemas digestivos. Uma ração muito boa, é a Tetra BettaMin pois é de fácil digestão.

Para a fêmea, as recomendações são as mesmas do macho, porém, a fêmea deve ser menor. No momento em que a fêmea for “soltar” os ovos, o macho vai dar-lhe um “abraço”, então, a fêmea sendo menor vai facilitar nesta etapa...


Agressividade do macho nas semanas anteriores ao acasalamento

Um Betta agressivo é característica de um peixe saudável, na natureza este é um comportamento natural do Betta e deve ser explorado em cativeiro, principalmente antes do acasalamento.

Para tal, pode-se usar outro macho ou simplesmente um espelho...

Todos os dias coloque outro macho ao lado do aquário (nunca solto dentro do aquário) em que está o escolhido para reprodução, deixe-o por uns dois minutos e retire-o. Repita este processo umas seis vezes ao dia.
Caso não tenha outro macho, pode-se usar apenas um espelho, coloque o mesmo dentro do aquário e deixe pelo mesmo tempo e repita a mesma quantidade de vezes por dia este processo.

Muitas pessoas colocam uma fêmea perto do aquário mais ou menos três vezes por semana para estimular o macho a formar o ninho, se optar por fazer este processo, no dia em que colocar à fêmea não é necessário utilizar outro macho nem o espelho.

Repita o processo durante as três semanas anteriores ao acasalamento.

Beta (Betta splendens)

Alimentação nas semanas anteriores ao acasalamento

Uma alimentação rica em proteínas semanas antes do acasalamento é fundamental para deixar o macho “forte”. Durante os cuidados com os alevinos, o macho não vai se alimentar e costuma emagrecer bastante, a relatos de alguns peixes que chegaram a morrer durante os cuidados com os alevinos...

Assim como a agressividade, três semanas antes do acasalamento deve-se aumentar o número de vezes em que irá alimentar o peixe, ofereça artêmias salinas, enquitréias, Blodworms e de três em três dias ofereça coração de boi raspado (não se esqueça de limpar antes de oferecer).

Os alimentos citados não devem ser oferecidos todos no mesmo dia, faça um cardápio, para cada dia da semana ofereça um dos alimentos sempre ministrando com Tetra BettaMin que deve ser a ração principal.


Preparando o aquário para o acasalamento

O aquário para reprodução deve ser “pelado”, ou seja, não deve conter enfeites, substrato, filtro, etc.

Geralmente, os aquários têm uma placa de isopor colado na base, retire este isopor e coloque o papel color set preto, após, recoloque o isopor.
O papel preto serve para ajudar o macho a enxergar os ovos que serão expelidos pela fêmea até o fundo do aquário. O macho vai catar um por um e colocar nas bolhas do ninho.

Se possível, coloque o aquário em um lugar onde não haja movimentação e nem luz solar.

Hora de colocar o Musgo de Java, este é muito importante, pois vai sustentar o ninho formado pelo macho. Ele deve ficar preso a lateral do aquário, pode-se usar uma fita adesiva para prender a planta.

É chegada à hora de encher o aquário, coloque apenas 8 cm de água. pH neutro.
Após encher o aquário com a quantidade recomendada, coloque o aquecedor com termostato, o mesmo deve ficar ligado o tempo todo, pois a temperatura precisa se manter constante, regule para ficar na casa dos 26º. É valido também, colocar um termômetro para acompanhar a temperatura em caso de uma possível “pane” do termostato.

Com a temperatura estabilizada e o aquário preparado, pode-se ligar a luz, esta deve ficar ligada durante todo o processo de acasalamento. É interessante deixar o aquário tampado (tampas de vidro) para manter o calor.

Abraço Nupcial do Betta splendensColocando o casal no aquário maternidade

Para colocar a fêmea, primeiro precisamos preparar o local onde a mesma irá se manter até ser solta definitivamente com o macho.

Corte a parte de cima da garrafa pet deixando-a com aproximadamente 12 cm de altura e coloque-a bem no meio do aquário, encha a garrafa com água de modo que o nível fique menor que o do aquário, pois o macho precisa enxergar a fêmea também por baixo dele, uns 6 cm de água já está ótimo. A fêmea vai se manter neste recipiente até o momento certo para ser solta.
Após tudo preparado, coloque a fêmea dentro da garrafa e logo depois, coloque o macho dentro do aquário.
Neste estagio é importante que não haja barulhos e movimentação próximos ao aquário. Nas 24hrs decorrentes a tendência é que o macho já tenha feito o ninho e a fêmea apresente listas verticais em seu corpo e esteja bem gorda.

Com o ninho preparado é chegado o momento de soltar a fêmea no aquário junto com o macho. Neste momento é muito importante ficar atento, pois o macho vai nadar desesperadamente atrás da fêmea para fazer com que ela fique na parte de baixo do ninho formado por ele, se notar que o macho está machucando-a demais, retire-a e tente o processo algum tempo depois.

Quando a fêmea ficar parada na parte de baixo do ninho o acasalamento deve acontecer. O macho costuma dar o “abraço” na fêmea na madrugada ou nas primeiras horas da manhã. O “abraço” é dado para ajudar a fêmea a “soltar” os ovos que prontamente serão fertilizados pelo macho. Todos os ovos ficarão no fundo do aquário e o macho irá recolher um por um e vai depositá-los em cada uma das bolhas do ninho.

Enquanto o macho se distrai fazendo isso, quando quase não restar mais ovos no fundo, retire a fêmea com muito cuidado para não desfazer o ninho. Se deixar a fêmea junto no aquário o macho vai espancá-la até a morte para proteger os ovos.

O macho vai cuidar muito bem do ninho sempre “abanando-o” para fazer com que haja bastante oxigenação e para evitar algum tipo de fungo.

Os ovos eclodirão em até 48hrs e os alevinos ficarão presos ali durante os próximos cinco dias e se alimentarão do saco vitelino. Chegará o momento em que os alevinos começarão a nadar na horizontal e quando isto acontecer o macho deve ser retirado imediatamente do aquário, se isso não for feito o macho pode devorar todos os alevinos.

Tanto a fêmea quanto o macho após serem retirados do aquário maternidade, devem receber algum alimento vivo, enquitréias são uma boa pedida.


Cuidando dos alevinos

Após a retirada do macho é chegada a hora de voltar toda a atenção aos alevinos.
Ligue o aerador de forma que fique bem fraco.

As TPAs devem ser feitas no máximo de três em três dias, para fazer este procedimento, utilize aquelas mangueirinhas de silicone vendidas em lojas de aquariofilia, tome cuidado para não sugar nenhum dos alevinos.

No quinto dia após o nascimento, comece a oferecer infusórios para os pequenos, à receita é simples de fazer e será descrita abaixo.

Pegue folhas de batata ou banana, coloque em um pote com água e deixe por quatro dias em lugar onde “bata” luz do sol, passado os quatro dias os infusórios já terão se formado na água.
Para alimentar os alevinos com infusórios, pode-se utilizar um conta gotas, sete gotas já é o suficiente.
A partir do oitavo dia de vida, comece a oferecer também artêmias salinas recém eclodidas, alimentá-los umas seis vezes por dia já é o bastante.

Com duas semanas, vá oferecendo ração própria para alevinos, nunca deixando de oferecer alimentos vivos. Nesta etapa, faça TPAs diárias de 30% sifonando o fundo do aquário para retirar toda matéria orgânica.

Chegando o primeiro mês, os alevinos já podem comer ração para adultos, porém, ofereça a ração bem esfarelada, pois ao contrário os mesmos não irão conseguir comer por não caber em suas pequenas bocas. Comece a oferecer também enquitréias.
Aumente a TPA para 40% e comece a subir o nível de água do aquário 2 cm por dia até encher por completo.

Com mais ou menos dois meses e meio a diferença entre machos e fêmeas começará a aparecer. O macho geralmente apresenta a cauda maior que a fêmea e se apresenta mais agressivo. Às vezes pode acontecer de haver confusão na separação dos alevinos, não se preocupe, passado mais alguns dias você logo vai notar a diferença.

Para encerrar, separe os alevinos lembrando que os machos devem ficar em aquários sozinhos e as fêmeas podem ficar no mesmo aquário.

Sobre o autor:
Autor: Eduardo Gerhardt