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Nos dias atuais, com o aquarismo repleto de espécies exóticas, coloridas, nas mais variadas formas e temperamentos, passam-se muitas vezes despercebidas espécies tão comuns mas interessantíssimas nos nossos tanques: os Peixes-Gato.

E quem são? São todos aqueles peixes que possuem barbilhões em suas bocas (semelhantes à bigodes dos gatos) e que vivem sempre na porção inferior, no fundo do aquário.São as Corydoras, as Aspidoras, os Limpa-Vidros, os Cascudos, os Bagres, os Banjos, os Synodontis, Botias etc. Peixes como o Peixe-Gato-de-Vidro Indiano também fazem parte desse grupo, assim como Lábeos. Mas trataremos das espécies "não-flutuantes": sempre ao fundo, entre as folhas das plantas, nos vidros, nos troncos, escondidos em tocas, etc.

Quem de nós nunca comprou uma ou duas pequenas Corydoras? Peixinhos simpáticos que tem a fama de ajudar a limpar a sujeira do aquário. Mas não apenas elas recebem esse indigesto título: peixes como Limpa-Vidros e Cascudos são frequentemente adquiridos apenas para comer detritos e algas. É muito comum ao comprarmos os peixes os lojistas recomendarem Corys para comer restos de ração e Limpa-Vidros ou Cascudos para retirar as algas verdes (limo) que se forma nas pedras, troncos e vidros.

Mas isso é um tremendo engano!

Um equívoco infelizmente popular que deve ser desagregado das nossas mentes. Esses animais não comem sujeiras, nem vão tocar nas fezes, por exemplo. O que geralmente acontece é que algumas vezes, enquanto estão fuçando o substrato a procura de algo para comer, sugam eventualmente fezes, então o aquarista pensa que eles a comeram, quando na verdade elas já foram expelidas através do opérculo.

Corydoras paleatus ou Corydora PimentaEles possuem cada um uma dieta alimentar própria e bem específica. Não são peixes feitos para comer restos de ração. Eventualmente comem os flocos ou grãos que afundam, mas precisam de um alimento feito especificamente para eles. No caso de espécies raspadoras, como Limpa-Vidros e Cascudos, até comem as algas, mas não podem viver exclusivamente disso. Inclusive existem cascudos que possuem uma dieta muito mais proteica do que vegetal.

Para alimentá-los adequadamente existe uma variedade imensa de rações específicas para peixes de fundo no mercado, desde nacionais simples até as importadas mais complexas. Geralmente são apresentadas em bastões ou pastilhas, de forma comprimida que afunda muito rapidamente (como se fosse uma pequena pedra) e depois vão amolecendo aos poucos, tornando-se mais disponíveis para os animais. Quase todos possuem uma boa dose de ingredientes vegetais, principalmente Spirulina. Apesar de muitas espécies serem onívoras, uma grande parcela tem tendências herbívoras, devem ser respeitadas então. Assim como também devem ser respeitadas as espécies que preferem mais proteínas.

Existem ainda os alimentos com uma parcela de celulose, indispensável para a saúde de algumas espécies, que originalmente conseguem tal substância de troncos, galhos, raízes e folhas secas no meio ambiente.

Na natureza alimentam-se de algas, restos de plantas mortas, plantas de folhas/caules/raízes macias, vermes e micro-crustáceos encontrados no lodo das porções d'água (por isso recebem o nome em determinadas regiões de Papa-Terras).

Seus hábitos comportamentais variam de acordo com a espécie analisada:peixes do gênero Corydoras por exemplo vivem sempre em grandes e numerosos cardumes; a maioria dos peixes do gênero Otocinclus também; já os Cascudos podem viver isoladamente ou em grupos dispersos. Gostam de substrato macio portanto fácil de remexer (como areia ou lama) e limpo.

São peixes que, em sua maioria não gostam de iluminação muito forte. Preferem iluminação baixa ou nula, devido aos hábitos noturnos de grande parte das espécie. Mas é possível tranquilamente vê-las passear durante o dia. O sombreamento pode ser conseguido com uma iluminação mais baixa, com uma aquário bem plantado ou com plantas flutuantes.

Gostam de muitas tocas, refúgios sejam da luz ou de possíveis predadores, assim como apenas para repousarem. Seja por cavernas, troncos, vegetação densa ou folhas secas.

Cascudo Pepita de Ouro São peixes geralmente muito pacíficos e dificilmente demonstram agressividade com seus semelhantes ou com outras espécies de peixes (com exceção de alguns Cascudos). Mas isso não significa que sejam indefesos. Como defesa natural, tanto Corydoras como Cascudo e Limpa-Vidros possuem espinhos (alguns raios das nadadeiras que se tornam rígidos e pontiagudos) que podem machucar seriamente se manejado de forma incorreta. Inclusive é por isso que não se recomenda mantê-los com peixes que possam devorá-los, pois os dois podem acabar morrendo: um comido e o outro engasgado.

Também são peixes muito sensíveis ao sal (Cloreto de Sódio - NaCl): sua aplicação no aquário provoca mortes na maioria dos Peixes-Gato. Eles possuem uma camada de muco epitelial (muco natural e protetor que recobre todo o corpo do peixe) muito fina ou até ausente. Quando em contato com a água, devido a fina camada de muco, todas suas células "murcharão", perdendo sua água para o meio externo e o peixe vai, de foma dolorida e lenta, morrer desidratado, mesmo estando dentro d'água!

Para ficar de uma forma mais facilmente compreensível, os conselhos, dicas e alertas estão dispostos separadamente, de forma limpa e organizada:

Resumindo, são peixes bonitos, exóticos, resistentes e de fácil criação. São recomendados para iniciantes e podem viver anos e anos em um aquário bem cuidado. Alguns inclusive aprendem a comer na mão dos donos. Infelizmente não existe uma regra geral que possa valer para todos eles, o segredo é e sempre será a pesquisa: procure sempre por muitas informações antes de adquirir seu peixinho, garantido a oferta de uma ambiente e manutenção totalmente adequados, promovendo uma vida longa e saudável.

Aproveitem seus Peixes-Gato, pois eles são adoráveis.

Sobre o autor:
Mateus Camboim
Autor: Mateus Camboim
Mateus Camboim de Oliveira, natural de Porto Alegre-RS, é estudante de ciências biológicas preparando-se para ser professor. Adora escrever sobre biologia, mas principalmente ler sobre o assunto. Começou no aquarismo em 1996, quando ganhou de seu pai um pequeno Plati Ouro, a partir de então, o fascínio por esses animais só aumentou, tendo montado diversos aquários desde então mas considerando que só se tornou um “aquarista de verdade” a partir de 2005, quando passou a montar um aquário seguindo tudo o que aprendeu. Sua área de maior interesse é a fauna do aquário, vendo o aquapaisagismo e a flora como parte integrante, porém não o principal.