Eu trabalhei em duas lojas de aquários aqui em São Paulo, e esse meu trabalho durou cerca de dois anos. Comecei em abril de 2008 e sai recentemente em maio de 2011. Nesse período, acumulei uma grande experiência em aquários de água doce, ciclídeos, lagos e principalmente em marinhos. Antes disso, sempre fui aquarista e sempre gostei muito.
Eu sou usuário deste fórum desde 2007 e este foi o meu primeiro fórum de aquarismo.
Fiquei um tempo sem aparecer, mas recentemente, depois que reuni conhecimento, resolvi ajudar na parte de aquarismo marinho, pois existem poucas pessoas para responder as perguntas dos usuários, e eu estou tentando responder sempre que aparece algum post sobre marinhos.
Enfim, a convite do Marne e pedidos de algumas pessoas aqui do fórum, resolvi escrever um artigo sobre como montar um aquário marinho, de forma atualizada, pois existem diversos tutoriais e artigos pela internet afora, mas eu sempre percebo que as técnicas descritas estão quase sempre ultrapassadas e em desuso.
Uma das coisas que essa vivência em um ambiente profissional no ramo de aquarismo me proporcionou, é estar sempre na vanguarda do aquarismo marinho, sempre conhecendo e utilizando as ultimas novidades, técnicas e descobertas.
Então vou passar esse conhecimento, para ajudar as pessoas que quase sempre acham que montar um aquário marinho é complicado.

O AQUÁRIO

Em primeiro lugar, vou falar um pouco sobre o aquário em si, a caixa de vidro.
É uma coisa que quase sempre é negligenciada, mas é em si, a parte principal, onde a maioria dos seres vivos irá viver.
Esses aquários plug and play, tipo Boyu são até legais, mas você fica preso nas limitações que eles te impõem, como falta de espaço, equipamentos que talvez não dê conta do que você quer ter, etc.
Eu prefiro montar um aquário convencional.

Aquário marinho

Um aquário ideal para se montar um ambiente marinho, deve ser sempre, com a largura maior ou igual à altura.
Por quê?
Por que, desta forma, a superfície de contato da água com o ar é maximizada, o que ajuda na troca de gases entre o ar e a água, aumentando a oxigenação e a dissipação do CO2, a troca de calor entre o ar e a água é maior, facilitando na refrigeração do aquário, a disposição das rochas dentro do aquário fica facilitada, evitando rochas empilhadas e com perigo de desmoronar, bater e rachar o vidro.
Outro detalhe é que, se for um aquário para corais, o aquário não pode ter tampas de vidro nem travas centrais, apenas travas francesas, para evitar o bloqueio da luz, e também para evitar dificultar a troca gasosa e de calor com o ar.
Fora isso, o aquário deve ter no mínimo 100 litros, sendo que o ideal para começar, é cerca de 200 litros.
Vou comentar um pouco, sobre os aquários da moda: os nanos.
As pessoas pensam “Quero ter um aquário marinho, mas não quero gastar muito, não entendo nada de skimmer, sump, então vou montar um aquário de 30 litros, com um filtro externo que tenho sobrando aqui.”
Em primeiro lugar, eu sou contra, por que, em um aquário de 30 litros, é impossível se manter um ambiente marinho de forma saudável.
Por quê?
Por que, um aquário marinho precisa de estabilidade em todos os aspectos, como temperatura, salinidade, pH, níveis de amônia, nitrito e nitrato.
Todas as mudanças em um aquário marinho precisam ser feitas de forma lenta e gradual, por que o mar é o ambiente mais estável do planeta terra, e isso pode ser visto hoje em dia, sobre os problemas do aquecimento global, o aumento de CO2 na água e sua conseqüente acidificação. Apenas alguns graus a mais na temperatura da água estão causando o colapso de alguns ambientes, como os recifes de corais, onde alguns começaram a ficar brancos e depois morrer.
Sendo assim, como um aquário de 7, 10, 30 litros, pode ser estável? Como uma pitada de comida, não vai envenenar a água rapidamente com amônia, nitritos, nitratos, fosfatos? Como uma mudança brusca na temperatura ambiente, não vai aquecer ou esfriar muito rapidamente um aquário desse volume?
Mas então, como a internet está cheia de aquários marinhos nanos? Trocar um litro de água por dia não ajuda? Colocar um aquecedor não ajuda? Encher o filtro de siporax não é suficiente?
Infelizmente a resposta é não.
É verdade que é possível manter por algum tempo, mas esses aquários não duram muito. Depois de um tempo ele vai começar a dar problemas, ainda mais se fizerem o absurdo de colocar um peixe palhaço em um aquário de 20 litros.
O peixe palhaço precisa de no mínimo um aquário de 200 litros, por que, na loja, eles são bonitinhos, com apenas uns 2 ou 3 cm de comprimento. Mas eles crescem rápido e chegam a ficar com 8 a 12 cm, dependendo da espécie.
Então, o ideal é um aquário de no mínimo 100 litros, por que, com esse volume de água, as mudanças são mais brandas. Mesmo assim, eu recomendo muito, que se inicie com um aquário de uns 200 litros, pois o gasto de equipamentos e o custo para manter, não vão ser tão diferentes de um aquário de 100 litros, e os benefícios são muito maiores.
Em um aquário de 200 litros, dá para ter inúmeros tipos de peixes, corais, crustáceos, estrelas do mar, pepinos, ouriços e praticamente qualquer tipo de invertebrado. Será um aquário muito mais colorido e cheio de vida. As mudanças de temperatura, salinidade, pH, amônia, nitrito, nitrato, fosfato, terão menor impacto sobre a vida.

O SUMP

O sump é o filtro do aquário, é como se fosse um filtro externo, como aquaclear, millenium, litwin, etc. A grande diferença, é que o sump é muito maior e a circulação de água dentro dele é muito mais eficiente. Geralmente, o sump fica embaixo do aquário ou é acoplado na traseira do próprio aquário.
O sump traseiro é uma opção bem econômica, pois como ele está no mesmo nível que o aquário, não é preciso uma bomba de recalque muito potente, nem existe o perigo do aquário transbordar.
Porém, geralmente o sump traseiro tem muito menos espaço para colocar equipamentos, para fazer a limpeza e manutenção, rouba espaço do próprio aquário, tornando a área para se montar o layout menor e mais estreita.
O sump externo seja ele embaixo, do lado, ou em qualquer outro lugar, é um sump que é montado de forma independente do vidro do aquário, é um pouco mais caro, por que precisa de uma bomba de recalque mais potente e precisa de mais atenção na regulagem, para que não transborde quando acabar a energia elétrica.
Porém, os benefícios superam os problemas. Em um sump externo, existe muito mais espaço para colocar equipamentos, skimmers de vários tamanhos, reatores de cálcio e a manutenção e limpeza são muito mais fáceis.
Não importa se o sump seja traseiro ou externo, ele precisa seguir um padrão de circulação. Existem milhares de projetos de sump na internet, mas, baseado em minha própria experiência, este modelo que eu mesmo projetei é simples e muito funcional:

Projeto de sump

Sump

A área do skimmer é a primeira, aonde a água proveniente do aquário chega. Essa área não tem um tamanho padrão, ela deve ser do tamanho que o skimmer que você escolher necessitar.

Área onde fica o Skimmer

A área seguinte é onde geralmente ficam os elementos filtrantes, como a filtragem mecânica e química. A água cai em cima de uma camada de perlon, e abaixo disso, podemos colocar carvão, removedores de fosfato, silicato, etc.
Não precisa usar cerâmicas em aquários marinhos, pois a biologia que existirá nas rochas vivas e no substrato será suficiente. Tem gente que usa cerâmica, mas na verdade só serve para juntar sujeira. Eu tenho experiência com vários aquários marinhos maravilhosos que usam apenas rochas vivas.
O refugio é o lugar onde iremos criar um ambiente iluminado, onde podemos colocar substrato e algumas rochas, e também algumas macro algas. A função principal do refugio, é permitir que alguns animais microscópicos vivam e se reproduzam sem serem comidos pelos peixes. Dessa forma, mesmo que os peixes acabem com a população de microcrustaceos do aquário, o refugio ira repor gradualmente estes animais de volta no aquário principal. Outra função importante do refugio, é criar macro algas, para que elas consumam o nitrato, fosfato e silicato da água, competindo com as outras algas prejudiciais. O refugio pode ainda, ser utilizado como um local para se por os peixes recém chegados, para que eles se acostumem com a água, comecem a comer e fiquem fortes, para que quando forem colocados no aquário principal, estejam em plena saúde, para evitar serem importunados por outros peixes.
Por fim, temos o quebra-bolhas e o local onde ficará a bomba de recalque. O quebra-bolhas serve para que as micro bolhas que saem do skimmer e que se formam na queda de água estourem antes de chegar à bomba de recalque, evitando que a água do aquário principal fique opaca por causa das bolhas.
O compartimento da bomba de recalque, não tem um tamanho especifico. Assim como o skimmer, você deve saber que bomba irá usar e qual é o tamanho dela.

Compartimento da bomba de recalque

É neste compartimento, e somente nele, que o nível do aquário irá variar. Quando evaporar água, o nível deste compartimento irá baixar. Mas não adianta encher o compartimento até a borda do sump, pensando que assim o problema está resolvido.
Outra coisa importante, no sump como um todo, é prestar atenção no nível da água.
Neste desenho, vocês podem perceber que ele vai diminuindo gradualmente. Essa diminuição existe, para que quando acabar a energia elétrica, o sump não transborde.
Se fizer o sump seguindo este esquema, não existe problema de transbordamento.

A CAIXA DE REPOSIÇÃO

A caixa de reposição, nada mais é do que um aquário menor, com no mínimo 30 litros de capacidade, que serve para repor a água doce que evapora do aquário.
Sem isso, em poucos dias, seu aquário ficará com a salinidade maior do que a do Mar Morto, que como o próprio nome diz, é tão salgado que nada consegue viver lá.
Existem vários tipos de caixa de reposição, por bóias mecânicas e por bóias eletrônicas, até mesmo aquaristas que repõe a mão.
Atualmente, o custo de um sensor de nível não é tão alto, por isso, fica muito mais fácil usar o sistema eletrônico, do que o antigo sistema de bóia mecânica ou repor manualmente.
O sistema eletrônico funciona com uma bóia eletrônica, que fica no compartimento da bomba de recalque, que como eu disse anteriormente, é o único lugar do sistema que o nível da água irá variar. Assim, quando evaporar a água, o nível abaixa, a bóia aciona uma bomba que fica dentro da caixa de reposição, que repõe a água até o nível da bóia. Quando chegar ao nível da bóia, a bóia desliga a bomba automaticamente.
Esse sistema é muito útil, pois permite que o aquarista fique alguns dias sem se preocupar com a salinidade. A única preocupação será encher a caixa de reposição com água doce, uma vez por semana, ou dependendo da demanda.
Lembrando que, a água que será usada na caixa de reposição deve ser obrigatoriamente Deionizada ou de RO.
Outro detalhe, evitar fazer a caixa de reposição dentro do sump, pois assim será muito difícil para limpar ambos.

O MÓVEL

Bem, o móvel não tem nenhum segredo. Na verdade só estou comentando, por que a água marinha tem alto poder de corrosão, então o móvel deve ser feito de forma que a madeira seja protegida da maresia e de respingos de água.
Lembrando que se for montar um sistema com sump embaixo, dentro do móvel, quanto mais alto for o móvel, mais potente deve ser a bomba de recalque, e ao projetar o sump, deve-se tentar utilizar o espaço dentro do móvel de forma que o sump seja o maior possível, mas sem esquecer-se de deixar espaço para outros equipamentos, como reator de cálcio, caixa de reposição, etc.
Fora isso, depende do gosto de cada um.

O SKIMMER

O skimmer causa alguns calafrios em algumas pessoas que não fazem a menor idéia de como funciona esse filtro mitológico.
Na verdade a simplicidade é até demais.
É um tubo de acrílico ou plástico, onde uma bomba empurra água e ar para dentro do tubo, onde o ar forma micro bolhas na água, e devido a uma propriedade física chamada “Propriedade Eletrostática”, as moléculas orgânicas aderem à superfície das bolhas, sendo levadas para cima e formando, cada vez mais, uma espuma grossa e amarela, que transborda para um copo de recolhimento. O entendimento deste processo não é tão importante, o que importa é que o skimmer retira a maioria das moléculas orgânicas e não orgânicas, que se continuassem dentro do aquário, iriam contribuir para que a água se degradasse em uma velocidade muito grande.
Um bom skimmer consegue criar tantas micro bolhas, que a água dentro dele fica com a aparência de leite.

Skimmer criando micro bolhas

Por isso, atualmente, os melhores skimmers são os que usam o sistema Venturi, onde a bomba puxa ar e água, que passam pelas pás do impeller, e são transformadas em uma mistura homogênea de água e micro bolhas. O ideal é, quanto menor as bolhas, melhor. Existem outros tipos de skimmer, mas a função básica de todos é a mesma. O skimmer do tipo Venturi é bem comum, eficiente e o custo beneficio é ótimo.

A capacidade do skimmer varia, pois da pra regular de varias formas. Mas uma boa regra é usar um skimmer um pouco além da capacidade do aquário. Por exemplo, se você montar um aquário de 200 litros, pode usar um skimmer que suporte um aquário de 200 a 400 litros. Mais do que isso é exagero.
Não existe uma formula mágica para calcular qual skimmer é o ideal, por que, isso depende muito de que tipo de aquário você vai montar, que tipo de animais irá manter, quantos animais irá manter, etc.
Mas uma regra de ouro é: O skimmer é o coração do aquário e não é possível manter um aquário saudável sem esse equipamento, não importa o que digam por ai.
É uma coisa que não se deve tentar economizar, muito menos comprar skimmers de marcas chinesas, tipo Boyu. O valor de um skimmer, geralmente é menor do que o investimento em animais, por isso, é melhor gastar e comprar um skimmer confiável, do que economizar e perder corais, peixes, etc.

AS BOMBAS

Em um aquário marinho, seja de corais ou só de peixes, você irá precisar de algumas bombas, e vou explicar o porquê de cada uma.
A bomba de recalque é a bomba que leva a água do sump de volta para o aquário. A potência dessa bomba deve ser de 10 a 20 vezes o volume do aquário por hora, ou seja, em um aquário de 200 litros, deverá ser uma bomba de 2000 a 4000 litros por hora.

Bomba de recalque

A altura do aquário em relação ao sump faz essa potencia variar, então, uma bomba de 2000 litros por hora, para subir 1,50m de altura, irá perder potencia. Então é melhor usar uma bomba um pouco mais forte, para garantir que esteja dentro da faixa de 10 a 20 vezes o volume do aquário por hora.
As bombas de circulação servem para fazer a água circular dentro do aquário, varrendo a sujeira das rochas e substrato e oxigenando a água. A potência delas, somadas, deve ser entre 10 e 20 vezes o volume do aquário por hora, ou seja, se usar apenas uma, em um aquário de 200 litros, ela deve ser entre 2000 e 4000 litros por hora. Porém, eu recomendo que não se use apenas uma bomba potente, e sim varias mais fracas, para que a circulação seja mais dinâmica. Duas bombas de 1000 litros por hora são mais eficientes do que uma de 2000, em questão de circulação.
A bomba do skimmer deve ser a bomba recomendada pelo fabricante.
A bomba do reator de cálcio pode ser qualquer bomba, desde que atenda as exigências do fabricante.
A bomba do chiller também pode ser qualquer bomba, não muito fraca, pois existe o risco de a água congelar dentro do chiller.
A bomba da caixa de reposição pode ser qualquer uma, mas não tem necessidade de ser muito forte, pode se ruma sarlo better 250.

O REATOR DE CÁLCIO

O reator de cálcio é outro equipamento que muitas pessoas não entendem como funciona e nem para que serve exatamente.
Em primeiro lugar, ele só serve para aquários de corais LPS e SPS.
A importância do reator de cálcio é mais uma vez, a estabilidade do Cálcio e do Kh (alcalinidade). Usando suplementos, os valores sempre variam, e com o reator eles se mantêm constantes, como no mar. Porém, se você quer ter um aquário com corais moles, isso não é um fator importante, pois os corais moles não têm esqueletos calcários
Mas, apesar de parecer um equipamento complicado, o funcionamento também é simples. É um tubo de acrílico, onde se colocam elementos feitos de carbonato de cálcio, como calcário, esqueletos de corais, etc. O que acontece é que, a água do aquário entra no reator, de forma bem lenta. Enquanto circula, um cilindro de CO2 injeta o gás e a água é acidificada, dissolvendo esses elementos calcários, e após algum tempo presa dentro do reator, a água já perdeu a acidez e volta para o aquário, rica em carbonatos e de cálcio.
Então, o reator de cálcio, serve para repor o cálcio e o KH (alcalinidade) do aquário, muito importante para a maioria dos invertebrados marinhos.
O cálcio e o KH funcionam em conjunto, e por isso o reator consegue manter esses dois elementos em equilíbrio. Também dá para manter esses dois elementos apenas com produtos industrializados, porém, geralmente é difícil manter os dois parâmetros em equilíbrio.
Uma coisa que pouca gente sabe, mesmo que já usam reator de cálcio, é como regular.
É simples, vamos supor que o cálcio esteja baixo, cerca de 350 PPM, e o KH também esteja baixo, cerca de 6. Para resolver isso, basta aumentar a quantidade de bolhas por segundo que entra no reator. Isso aumenta tanto cálcio quanto KH.
Agora vamos supor que o cálcio esteja correto, cerca de 450, mas o KH está baixo, em 6. Para resolver isso, basta fechar a saída do reator, aumentando o tempo que a água fica dentro do reator.
Se o cálcio estiver baixo, cerca de 350 e o KH correto, cerca de 9, basta abrir a saída do reator, de forma que a água fique por menos tempo dentro do reator.
Depois de um tempo, quando você acertar a regulagem do reator, que é manter o cálcio em 450 e o KH em 9, o único trabalho que você terá será repor os elementos dentro do reator, e fazer testes de 15 em 15 dias.

O CHILLER

O chiller é outro equipamento que causa arrepios, pois costuma ser muito caro.
Ele também é mais utilizado em aquários de corais.
O chiller serve para resfriar a água do aquário, mantendo em uma faixa de temperatura aceitável para os animais.
A grande vantagem do chiller, é que ele mantém a temperatura do aquário muito estável, e estabilidade é o que queremos. O chiller já vem com um termostato que liga e desliga conforme a faixa de temperatura desejada. A bomba que leva água para o chiller pode ficar ligada direto, ou em vez de uma bomba especifica para o chiller, você também pode aproveitar a água que cai do aquário pela bota, ou usar no retorno de água para fazer a água passar por dentro do chiller.
Mas, outra alternativa ao chiller, que além de caro, gasta muita eletricidade, são as ventoinhas.
As ventoinhas são bem eficientes, e se colocadas para trabalhar em conjunto com um termostato, também conseguem manter a temperatura estável. Elas devem ser montadas soprando o ar na superfície do aquário. A única desvantagem deste método, é que a evaporação de água irá aumentar, pois no processo de troca de calor, a água perde calor evaporando. Então, além do sistema de ventoinhas, o aquarista deve ter fácil acesso à água Deionizada ou de RO, para repor a água evaporada.
O que mata corais e invertebrados é justamente a variação de temperatura, não a temperatura em si. Ou seja, se você conseguir manter em 28, sempre, os corais não irão morrer.

A ÁGUA

A água é sem duvida o principal de tudo, sem ela não existe aquário. É nela que os animais irão viver, por isso, ela deve ser da melhor qualidade possível.
Muitas pessoas perguntam se realmente precisa ser água de Deionizador ou de Osmose Reversa (RO), e a resposta é sim, não da pra ser outra. Nunca se deve usar água de torneira com aquasafe ou outros condicionadores, muito menos usar água de poço ou mineral engarrafada.
É extremamente recomendado usar água de R.O. ou Deionizada. Água de torneira, ou mineral (poços artesianos, comuns) contem muitos elementos em proporções erradas, como Fósforo, Nitrogênio, Ferro, Cobre, etc.
Um deionizador industrializado, não sai caro, custa cerca de 250 a 300 reais, e é um bom investimento. Um R.O. sai mais ou menos por uns 600.
Deionizador:

Deionizador

Se você usar água de torneira com aquasafe, ou água de poço, ou engarrafada, tanto na reposição, como no preparo da água salgada, depois de um tempo seu aquário vai começar a dar problemas imprevisíveis, como algas, animais adoecendo e morrendo, corais perdendo a cor, etc., pois os elementos indesejados irão se acumular dentro do aquário.
Funciona da seguinte forma:
A membrana de Osmose Reversa, tem poros tão pequenos, que tem apenas alguns átomos de largura. É como se fosse uma peneira muito fina. Então, por pressão, a água é forçada a passar por esses poros, e tudo o que for maior do que uma molécula de água fica retida na membrana.
O deionizador, por outro lado, funciona pela atração dos íons presentes na água. A resina do deionizador é catiônica e aniônica, ou seja, existem dois tipos de íons:

Cátions = carga elétrica positiva
Ânions = carga elétrica negativa

Então, a resina atrai para si, todos os íons que passarem por ela.
O sal que se usa para fazer a água salgada, contem a maioria dos elementos existentes na água do mar, como Cálcio, Magnésio, Potássio, Estrôncio, etc. Por isso que se deve usar água pura, para o sal funcionar da maneira correta. O sal usado em um aquário determina o sucesso ou o fracasso, já que é ele que faz a água ficar quase 100% parecida com a água do mar, então é muito importante.
Eu recomendo, por experiência própria, as marcas de sal Red Sea, HW, Brightwell, Tropic Marin e Deltec. Qualquer uma delas é muito boa, pode comprar o que melhor tiver um custo beneficio.
Evite sais da tetra, prodac e outras por ai, pois não cumprem o que prometem.
Um bom sal regula toda a química da água pra você, ou seja, cálcio, magnésio, potássio, estrôncio, kH, pH....
Um sal ruim regula de forma errada, e pode trazer fosfatos, nitratos, metais pesados, etc.
Alguns deles, os mais baratos, não cumprem essa tarefa de deixar a água como a água do mar, deixando faltar alguns elementos.
A densidade ideal é entre 1023 e 1024.

O SUBSTRATO

O substrato também é outra coisa importante, muito mais importante do que apenas estética, pois é nele que irão viver com certeza, a maioria dos seres vivos do aquário.
E que seres são esses?
Uma infinidade de bactérias, protozoários, vermes, moluscos, crustáceos, equinodermos, etc.
Todos eles, de uma forma ou de outra, irão ajudar a estabelecer a biodiversidade que irá manter o equilíbrio do sistema como um todo. A grande maioria deles é muito benéfica.
A camada de substrato deve ter de 8 a 12 cm de profundidade, pois assim o espaço será ideal para que esses seres possam crescer e desempenhar suas funções.

Exemplo da camada de substrato

Hoje em dia, não se usa mais o Sistema Jaubert, pois, devido às recentes pesquisas e novos tipos de substratos, o Sistema Jaubert ficou ultrapassado.
Antigamente se usava cascalho de concha ou halimeda, e devido as suas propriedades e tamanho não serem as mesmas encontradas nos substratos de recifes de corais, o Sistema Jaubert era de grande ajuda. Porém, hoje em dia, substratos como Samoa Pink, Ocean Direct, Araga Live, Crushed Coral, Sanzibar e etc., quando usados em uma camada grossa, criam uma camada mais profunda com baixo teor de oxigênio, e no fim acabam por criar um Sistema Jaubert natural, sem o uso de plenum com placas.
Hoje em dia, não é recomendado o uso de cascalhos de conchas ou halimeda, por que, principalmente a halimeda, se dissolvem e liberam de volta para a água todos os silicatos, fosfatos e nitrogênio. Isso por que, a halimeda é um esqueleto de alga, e todas as algas absorvem esses elementos para que possam crescer.
Os substratos de hoje em dia, são feitos na maioria por esqueletos de corais e outras estruturas calcárias, o que, de fato, devolvem para os corais e animais minerais uteis, sem propiciar o crescimento de algas.
Sem dizer, que as conchas moídas e a halimeda, dificultam o crescimento dos seres vivos que irão habitar o substrato.

AS ROCHAS

As rochas são outro fator importante para o equilíbrio do sistema.
Existem 3 tipos de rochas que são usadas em aquários:
Rochas vivas, rochas mortas e rochas artificiais.
As rochas vivas são rochas formadas por processos biológicos, sendo formadas principalmente por esqueletos de corais, conchas e algas calcárias. As algas calcárias, principalmente as algas Pink, são as maiores criadoras de rochas vivas, pois elas vão crescendo camada após camada, uma em cima da outra, criando rochas extremamente porosas e leves. Nos espaços desses poros e fendas, uma grande variedade de animais, bactérias e outros seres, encontram um ótimo lugar para habitar. Conseqüentemente, ao usar essas rochas em nossos aquários, toda essa biodiversidade é levada junto, ajudando o aquário a se estabilizar e ficar muito mais próximo do ambiente natural.
Antigamente nós tínhamos fácil acesso as rochas vivas, que são as melhores para se usar em qualquer aquário marinho, porém, devido à exploração predatória e excessiva, o IBAMA proibiu o comércio, pois os recifes de Guarapari no Espírito Santo e os do nordeste estavam sendo explodidos com dinamite.
Então infelizmente, hoje em dia, não se encontra mais esse tipo de rocha para comprar.
As rochas mortas são na verdade rochas vivas que foram secas e não tem nenhuma biologia. Elas são encontradas secas e sempre na cor branca.
Hoje em dia, existem rochas mortas importadas à venda em varias lojas e é sem duvida a melhor opção para se montar um aquário marinho hoje em dia.
Mas como estão mortas, o aquarista terá que introduzir a biologia, e o amadurecimento do aquário será muito mais longo.
Porém, existe um jeito de transformar as rochas mortas em rochas vivas, de um jeito totalmente legal e sem agredir a natureza. Basta deixar uma ou duas rochas mortas dentro de algum aquário velho, de um amigo ou de algum lojista parceiro, por uns 2 ou 3 meses, e com certeza, vários animais irão revitalizar a rocha morta, enchendo-a de vida novamente. Isso com certeza é uma boa estratégia, para acelerar a maturidade do aquário.

Rochas

Por fim, temos as rochas artificiais, que em minha opinião, devem ser evitadas ao máximo.
Essas rochas artificiais são feitas com cimento branco ou rejunte de azulejos, e por mais que digam que não, depois de um tempo a água salgada começa a dissolvê-las.
Eu já desmontei aquários velhos que foram montados com rochas artificiais, e elas simplesmente desmanchavam na mão, como se fosse papelão molhado.
As rochas artificiais, ainda causam problemas com estabilização de cálcio, kh e magnésio, pois, elas reagem com esses elementos, retirando-os da água antes que os corais e outros seres consigam aproveitá-los.
A quantidade de rochas em um aquário varia muito. Como se deve dar preferência para rochas mortas, sua densidade varia. Você pode achar rochas grandes e extremamente leves, e também rochas pequenas e pesadas. Eu recomendo, que quando for comprar as rochas na loja, peça para o lojista deixar você escolher as rochas e tentar montar um layout de acordo com espaço que você tem. Assim você compra a quantidade certa, sem exageros, além de levar as rochas que você escolheu para montar um layout bonito.
Depois de comprar as rochas, deve-se dar atenção para o layout. As rochas nunca devem ser encostadas nos vidros, e não devem ser empilhadas de qualquer jeito.
O jeito correto de se montar um layout, é criar espaço de uns 2 a 4 dedos dos vidros traseiro e laterais. As rochas podem ser montadas uma por cima da outra, criando partes altas e baixas, mas de uma forma que haja espaços entre elas, para que a água possa circular e retirar a sujeira.

Exemplo de Layout utilizando rochas

Exemplo de Layout utilizando rochas

Exemplo de Layout utilizando rochas

Se criar uma pilha de rochas sem espaço para água circular entre elas, depois de um tempo irá ocorrer um acumulo de sujeira muito grande, criando grandes problemas.

A ILUMINAÇÃO

Outro fator importante é a luz. Mas isso depende de que tipo de aquário você está querendo.
Se for um aquário somente para peixes, qualquer tipo de luz pode ser usado, por que, para os peixes, isso é indiferente. Para eles, somente o que importa é o ciclo de escuro/claridade, para que possam ter um período de descanso simulando a noite, e outro de atividade simulando o dia.
Se o aquário for de peixes e corais Moles ou LPS (leia-se Moles, corais que não possuem nenhum tipo de esqueleto. LPS = Large Polips ou Pólipos Grandes, que possuem esqueletos calcários), a iluminação deve ser de 1 watt por litro no mínimo.
Se o aquário for de peixes e corais SPS (leia-se SPS = Small Polips ou Pólipos Pequenos, que possuem esqueletos calcários) a iluminação deve ser de mais de 1 watt por litro.
Quanto aos tipos de lâmpadas, existem basicamente 3 tipos que podem ser usados com sucesso, usadas em conjunto ou separadas:
Lâmpadas HQI, Lâmpadas Fluorescentes (tubulares T8, tubulares T5, PL) e Lâmpadas LED. Todas elas possuem pontos positivos e negativos.
AS lâmpadas HQI, são usadas há muito tempo, e até hoje são uma boa opção para iluminar aquários de corais, pois possuem um espectro luminoso muito parecido com o do sol. Hoje em dia, montar um sistema de lâmpadas HQI não é tão caro, e qualquer um com algum conhecimento básico de elétrica consegue montar. Um kit de reator, refletor e lâmpada, em lojas de materiais elétricos, sai por volta de 100 a 150 reais. É claro que se comprar uma luminária industrializada, o preço fica bem mais alto, por volta de uns 2000 reais. A durabilidade desse tipo de lâmpada é grande, cerca de 8 a 15 meses, dependendo da qualidade da lâmpada. Alguns dos problemas desse tipo de lâmpada é a grande emissão de calor, exigindo maior controle e atenção à temperatura nos meses de verão e os reatores nacionais serem apenas 220 v.
As lâmpadas fluorescentes, também já são usadas há algum tempo, e também é uma boa opção, e também é fácil e barato montar um sistema. Porém, para se alcançar o grau de iluminação necessário para um aquário de corais, é preciso uma grande quantidade de lâmpadas. Elas não aquecem tanto quanto as HQIs, mas dependendo da quantidade de lâmpadas usadas, o calor gerado também é considerável. As lâmpadas mais indicadas para aquários de corais são sem duvida as lâmpadas T5. A durabilidade dessas lâmpadas é de cerca de 6 meses.
Por fim, temos o LED, que é um sistema relativamente novo para aquários, já que os LEDs existem desde os anos 60, mas só atualmente a tecnologia evoluiu a ponto de ter vários usos práticos.
As vantagens dos LEDs são inúmeras, mas as principais para um aquário são:
Alta eficiência energética, alto poder de iluminação, baixa emissão de calor, durabilidade e tamanho reduzido.
Porém ainda é muito difícil e caro montar um sistema, porque não é qualquer LED que serve para aquários e por isso atualmente o mais indicado são as luminárias industrializadas, que são ainda, caras, porém o custo/beneficio comparado com uma luminária industrializada de HQIs é muito melhor, já que com LED, a economia de energia elétrica é muito maior, a durabilidade dos LEDs é muito maior, entre 2 anos e meio a 5 anos, dependendo do LED. Como o LED esquenta menos, o uso do chiller é minimizado, também ajudando a economizar energia.

FILTRO UV

UV não é uma coisa necessária. Se o aquário estiver estável, os peixes não irão ficar doentes. A única coisa que UV faz é deixar a água bem mais cristalina, por que ele mata o plâncton da água, o que em minha opinião, é ruim, pois o plâncton é a base da cadeia alimentar. Muitos animais que viverão no seu aquário irão se alimentam disso. E a grande maioria desses animais que irão aparecer no seu aquário (Esponjas, Vermes, Estrelas do mar, Micro crustáceos, Moluscos, etc.) são benéficos e ajudam a manter a estabilidade do sistema. Quanto maior a biodiversidade existente em um aquário marinho, melhor. Pode ter certeza que depois de um ano, seu aquário terá mais espécies que vieram de carona, do que as que você comprou na loja.

A CICLAGEM

Basicamente, o ciclo do nitrogênio no ambiente marinho é parecido com o do ambiente de água doce.
A única diferença, é que no ambiente marinho, existe o processo de Denitrificação, que seria o 4º estágio do ciclo:
Amonificação -> Nitrificação -> Nitratificação -> Denitrificação, ou seja, amônia vira nitrito, nitrito vira nitrato, nitrato vira nitrogênio livre (N2), ou, dependendo das condições, o nitrato volta a ser Amônia.
As bactérias que fazem a Denitrificação, são anaeróbias, ao contrário das outras bactérias do ciclo. Por isso é que no aquário marinho, o substrato tem que ter uma profundidade de 8 a 12 cm, para que a parte mais funda seja anaeróbia e possa acontecer o processo de transformar nitrato em nitrogênio livre, pois, caso o teor de oxigênio esteja maior, acontece a transformação de nitrato em amônia.
O processo é complicado, mas é basicamente isso.
Basta deixar o aquário ciclando, ir medindo amônia, nitrito e nitrato, e depois ir colocando os animais gradualmente.
Depois de uns 2 meses, já da pra ter peixes e corais, tranquilamente.
O problema do marinho, é que um aquário de 1 ano de idade, é considerado "novo", por que, como um recife de corais é comparado à uma floresta tropical, em termos de biodiversidade, o aquário marinho precisa ter muitos tipos de animais, para que o sistema seja saudável.
Isso quer dizer, que em um aquário marinho saudável, vivem vários tipos de animais enterrados na areia, como moluscos, vermes, micro crustáceos, e dentro das rochas, também existem micro crustáceos, vermes, equinodermos (família da estrela do mar) etc. Os peixes e os corais são apenas uma pequena parte de toda a vida que existe em um aquário saudável.
Mas isso não é tão complicado quanto parece. Toda vez que você coloca um coral novo, vários desses animais vem junto com o coral, e depois de um tempo, mesmo que a gente não queira, sempre aparecem animais novos.
Eu diria que um aquário marinho está maturado, depois de uns 2 anos.

AS TROCAS PARCIAIS

A troca parcial de aquários marinhos funciona da seguinte maneira:
Varia de aquário para aquário, mas a regra é trocar de 20 a 30% de água por mês. Você pode trocar tudo de uma vez, ou pode dividir e ir trocando aos poucos, até completar a porcentagem mensal. Excluindo os casos extremos, nunca troque mais do que 30%, pois os animais marinhos não estão acostumados com mudanças bruscas, de qualquer tipo.
Você sifona somente o sump, pra tirar aquela sujeira que vai se acumulando no fundo, e só sifona as rochas do aquário, caso queira retirar alguma praga, como algas, planárias, ciano bactérias, etc.
Nunca se deve sifonar o substrato usando um sifão comum. Caso exista alguma sujeira no substrato, você pode sifonar somente a superfície, sem encostar na areia, usando uma mangueira fina.

Amigos, vamos falar um pouco sobre os cuidados que devemos ter ao inserirmos novos animais em nossos aquários. 

Ao adquirirmos um peixe, uma planta ou um coral, dificilmente temos conhecimento das condições a que estes animais estavam submetidos nas lojas, importadores ou quarentenários. Mesmo comprando ou trocando o animal com um amigo ele pode ter algum patógeno que até mesmo nosso amigo desconhece, já que pelo equilíbrio do aquário dele o problema não se manifesta. A lista pode ser imensa, para citar apenas alguns temos o íctio, planárias, bugs, esporos de algas indesejadas, entre outros. 

Para evitarmos a contaminação de nossos aquários devemos tomar alguns cuidados básicos. A seguir relato de forma resumida o protocolo que utilizo em meu aquário marinho para o acréscimo de qualquer vida de qualquer procedência, lembrando que este protocolo serve ainda para que o animal recupere-se do transporte. Não raro o processo de transporte enfraquece e estressa o animal, baixando sua imunidade e deixando-o mais propenso a doenças e brigas no aquário. 

Meu protocolo consiste basicamente em um período de observação, descanso e alimentação. Meu padrão inicial é de três dias e, se neste período não identificar nada fora do comum, inicio o processo de aclimatação e posterior transferência para o aquário. Sei de aquaristas que utilizam períodos diferentes, que variam de um até quinze dias. 



O processo.


Montagem de uma quarentena com água do próprio aquário.
Colocação do animal na quarentena e observação contínua de seu comportamento; normalmente após o segundo dia ele já estará mais calmo.
Alimentação com ração de boa qualidade e aplicação de produtos contra pragas comuns aos corais (ver abaixo). 
Aclimatação por gotejamento com equipo de soro hospitalar para equilibrar os parâmetros; sendo um procedimento lento, ocorrerá por todo o dia.
Transferência.
Caso algo seja identificado, inicio o tratamento conforme a necessidade. 



A minha quarentena.


Caixa plástica de 20 litros com uma pequena bomba de circulação, um aquecedor e um abrigo. (1)

1. Recipiente para quarentena   Recipiente para quarentena


Utilizo também um filtro hang on com um sachê de mídia biológica. Este sachê é mantido no sump do aquário principal para que fique permanentemente colonizado, pronto para ser usado quando monto a quarentena. Ao final da quarentena eu “cloro” esta mídia para esterilizar e a recoloco novamente no sump. Aliás, após o fim da quarentena “cloro” todo o material utilizado.

Exemplo: Chelmon rostratus (Cooperband).

O peixe chega e é colocado ainda na embalagem no recipiente de quarentena (2) para equalizar as temperaturas. Procuro manter o mais próximo possível o pH da água da quarentena ao da água em que veio o peixe. Se necessário uso produtos para aproximar os valores de pH antes de liberar o peixe. 

Aqui o amigo em observação. Ficará ao menos três dias alimentando-se e recuperando-se do estresse do transporte. Também observo o surgimento de possíveis doenças e presença de parasitas. (3)

2. Peixe sendo aclimatado ainda dentro do saco   3. Peixe liberado dentro do recipiente de quarentena

Se tudo estiver bem, após esses três dias começo com o gotejamento, que durará cerca de dois dias, para equilibrar lentamente o pH e demais parâmetros. 

Caso o peixe ou coral apresente algum problema, inicio o tratamento mais adequado. 

No caso do Cooper (que é um peixe mais delicado) ainda o mantive por mais um dia dentro de uma criadeira no reef, para os parceiros irem conhecendo e se acostumando com ele sem brigas. 



Algumas dicas do aquarista Léo Carvalho. 

“1 Estou usando ultimamente o Revive pois sempre que uso caem alguns outros seres que não caem nos dois primeiros medicamentos. O Programplus  (melbemicina) mata os artrópodes e tão somente eles, o que é muito bom pois consiste em 70% de todas espécies do planeta huauhauhuah, já o Ascaridil (levamisol) mata apenas os vermes platelmintos ou seja, os vermes chatos como as planárias. Esses dois remédios matam o que há de pior para as acroporas que são os Redbug e os AEFW ( planárias) porem há outras pragas que pouco conhecemos e o Revive de certa forma mata diversos outros organismos de uma forma mais generalizada. Sempre que banho os corais no Revive vejo diversos bichinhos caindo no pote de fundo branco, inclusive os vermes de vogo, que são vermes mas não platelmintos e não morre com facilidade no Levamisol, eu já testei a eficacia do ascaridil contra o verme de fogo e demora muitas horas para que haja a morte, quase 8 horas. Embora o Verme de fogo não seja uma praga de coral cito ele como forma genérica de outras vidas não atingidas pelos dois primeiros medicamentos.

2. Faço exatamente os mesmos procedimentos para todos os tipos de corais, pois as pragas apesar de diferentes são muito semelhantes. Os white bugs comuns nas euphillias são também artrópodes semelhantes aos red bug e a medicação apresenta a mesma eficácia sobre eles, assim como as planárias que se alimentam dos tecidos de todos lps e softs morrem tão facilmente como o AEFW sob o efeito do ascaridil.

3 As tridacnas realmente para mim são um mistério, não sei nada sobre elas, nunca testei as medicações. Gostaria que alguém pudesse nos ajudar sobre isso.” 
[sic]



No caso onde o animal a ser inserido é muito sensível e exige uma aclimatação lenta, recomendo utilizar a aclimatação por gotejamento, onde os parâmetros da água em que o animal chegou são equilibrados lentamente aos do aquário. Importante neste método é ir retirando a água velha à medida que a água nova vai entrando, já que a água da embalagem está saturada de amônia. 

Os equipamentos são:
- Aquário de quarentena.
- Equipo de soro hospitalar.
- Abrigo (dependendo da espécie).

Vamos ao passo a passo.
Chegada dos animais, neste caso Lysmata wurdemanni (camarão bailarino). (4)

4. Chegada de novos animais


Colocação no aquário de quarentena, com a água da embalagem de transporte. (5)
Aqui o gotejamento, equilibrando lentamente os parâmetros. (6)

5. Animais dentro do recipiente de quarentena   6. Sistema de gotejamento

 
O aquário é mantido dentro de uma caixa plástica, evitando transbordamento no chão. 

7. Ideia para evitar o transbordamento   Visão do sistema completo

Para maiores informações e debates sobre os diferentes métodos de quarentena e aclimatação, consulte o tópico Protocolo de Quarentena - Como faço, no Fórum AqOL.

 

O aquarismo marinho hoje em dia está voltado para os aquários de corais mas há outros tipos de montagem para aquários marinhos e um deles é o plantado. Este texto visa descrever um pouco sobre a montagem de um aquário assim.

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