Para que os habitantes do aquário, animais e vegetais cresçam e se desenvolvam em perfeita harmonia alguns elementos da água merecem atenção pois grande parte do sucesso no aquarismo dependerá deles. Entres esse elementos estão o pH, grau de acidez, GH, dureza total e KH, dureza carbônica da água.

pH

 

Como citado acima o pH indica o grau de acidez da água, toda água possui uma certa quantidade de substâncias reagentes ácidas e alcalinas (básicas), se a água possuir mais ácidos do que bases ela é considerada ácida e se possuir mais bases do que ácidos ela é alcalina, se eles estiverem em equilíbrio ela é considerada neutra. A água da torneira normalmente se encontra entre os valores de pH de 6,5 a 7,2, que são valores onde a maioria dos peixes e plantas vivem bem.

O pH deve ser sempre monitorado pois bruscas variações podem causar muitas mortes. Alguns peixes preferem pH ácido, ou seja, abaixo de 7,0 como é o caso dos neons (Paracheirodon axelrodi), bandeiras (Pterophyllum scalare), discos (Symphysodon discus), etc, isso pode ser explicados pelo fato desses peixes serem originários do Rio Negro e seus afluentes onde há muita matéria orgânica em decomposição que produzem ácidos tornando o pH da água ácido. Já outros peixes preferem pH alcalino, ou seja, acima de 7,0, como os lebistes (Poecilia reticulata), ciclídeos africanos, etc, que são peixes originários de rios que possuem grande quantidade de bases dissolvidos em suas águas como calcário, tornando o pH alcalino.

Devemos atentar para o fato de que muitos objetos decorativos influem no pH da água como é o caso dos troncos, xaxim, etc que acidificam a água; e conchas, dolomitas (cascalho branco rico em calcário), etc que alcalinizam a água.


O pH do aquário pode ser medido com teste apropriados encontrados em lojas do ramo, como o Tetra, Sera, Alcon, Atlantys, etc ou em casos profissionais com equipamentos de alta precisão como os phamêtros, hoje no mercado também existem medidores digitais que monitoram constantemente os valores da água.

 

GH

 

O GH é a dureza da água, ou seja a quantidade de sais dos metais alcalinos, principalmente os de cálcio e magnésio, a água com bastante desse sais minerais é considerada "dura" e com pouco é denominada "mole".
A dureza total é medida em graus, 1ºDT corresponde a 10 mg de cálcio ou óxido de magnésio num litro de água.
Para que você possa ter uma referência melhor dos valores da dureza total da água, segue abaixo uma tabela com os valores de dureza e o que significam:

0 a 4º DT

água muito mole

5 a 8º DT

água mole

9 a 12º DT

água de dureza média

13 a 18º DT

água dura

acima de 18º DT

água muito dura

Para o controle desse valores no aquários são usados teste químicos que são encontrados nas melhores lojas do ramo, como Tetra, Sera, Alcon, etc

 

KH

 

O KH é a dureza carbônica da água, ela é constituída pela quantidade dos carbonatos de hidrogênio e carbonatos a também de sais de cálcio e magnésio do ácido carbônico. A dureza carbônica é de grande importância para as plantas, ela também é medida em graus, o DC, devendo situar-se entre 3 e 10º DC para o sucesso com plantas e peixes.

Através de processos realizados pelas plantas, as dureza carbônica pode sofrer grandes oscilações conseqüentemente influenciando o pH. Quando as plantas tem falta de co2, ela retiram da composição da água, através de um processo chamado descalcificação endógena, onde separam os carbonatos de hidrogênio e os carbonatos, com isso o pH sobe de 1 a 2 graus, ou seja, 10 a 100 vezes mais alcalina, prejudicando assim os peixes e em alguns casos provocando até a morte. Em aquários onde há falta de co2 e grande quantidade de vallisnérias, isso se torna perigoso pois essa plantas realiza a descalcificação endógena muito rapidamente.

O KH é medido através de teste químicos encontrados nas melhores lojas do ramo, esse teste é um pouco mais difícil de ser encontrado do que o de pH e GH, normalmente são encontrados testes da Tetra, Sera e Alcon, etc.

Todos procuram saber mais sobre os peixes e de como dar melhores condições de vida a eles. Para isso, deve-se preocupar com a água, conhecendo suas propriedades. Esse texto visa isso, ajudar a conhecer melhor os parâmetros mais importantes da água em aquários.

A filtragem é um dos fatores mais importantes para o sucesso dos aquários, é através dela que sua água ficará cristalina, inodora e salubre para peixes e plantas. O devido entendimento por parte do aquarista, a escolha dos equipamentos mais adequados e o correto dimensionamento da filtragem são a base para um aquarismo prazeroso e recompensante pois é através dela que reproduzimos muitos processos biológicos, quimícos e físicos que a natureza desempenha com infinita elegância e êxito.

Ignorar a qualidade da ração oferecida aos peixes é uma falta grave cometida por aquaristas que, diga-se de passagem, são em sua maioria iniciantes no hobby. Mas não se sintam constrangidos com esta afirmação! Trata-se apenas de uma estatística do senso comum.

É que quando começamos não conseguimos reter informações uniformemente, pensa-se sempre em aspectos isolados, esquecendo-se da conexão de todos os aspectos com o ecossistema almejado. No começo nos perdemos com o procedimento correto de filtragem, depois com o nome das plantas, depois ainda com os testes de parâmetros da água, mas nunca pensamos em como isso tudo junto precisa estar perfeitamente harmônico.

E para este ato de "pensar como um todo" dou o nome de "inteligência aquarística". Pode parecer estranho de começo, mas quando começamos a conectar todos os fatores e suas influências diretas ou indiretas perante o sistema, desenvolvemos uma inteligência capaz de por em prática o resultado desse pensamento. É quando o aquário finalmente se estabiliza e coincidentemente muitos produtos comprados são jogados fora, porque por falta de conhecimento adquiriu-se, mas na verdade são ineficazes ou até mesmo maléficos.

Aqui começo a falar sobre o tema, pois um dos produtos maléficos que devem ser jogados fora assim que é desenvolvida a "inteligência aquarística" é a ração de qualidade precária e a de quantidade inapropriada. Aproveito para comentar sobre a distribuição inadequada dos alimentos.

Vamos por tópicos.

 

1- Qualidade

Uma ração de qualidade deve ser a mais fresquinha e bem acondicionada possível, com poucos meses desde a sua data de fabricação.
Além disso, necessária é a observação quanto à composição da ração, quanto mais natural melhor. Evite excesso de corantes, conservantes e, por outro lado, compre sempre a com ingredientes melhores ou que tenha uma porção de nutrientes maior.

Existem rações no mercado com uma taxa de nutrientes baixíssima e acondicionamento de produto irregular, quiçá seja a mais "em conta" do mercado e também a mais comprada, porque muitos clientes não têm conhecimento do que estão fazendo. O barato sai bem caro, seus peixes terão uma qualidade/expectativa de vida menor por desenvolverem um organismo deficiente, metabolismo desregulado e, consequentemente, estarão "abertas as portas" para todas as doenças, fruto do insuficiente sistema imunológico.

Assim, meu conselho é que deva-se procurar rações mais completas, com todos os nutrientes advindos de alimentos naturais, sejam vivos, sejam vegetais, sejam vitaminas. Rações de qualidade oferecem tudo isto num só potinho, por um preço deveras mais salgado, mas que compensará na consciência tranquila quanto à qualidade de vida oferecida à fauna e à dor de cabeça em ter que remediar depois o problema.

Outro fator importante é não manusear a ração diretamente no pote com as mãos, procurando sempre despejar uma quantidade na tampa do recipiente e daí despejar a quantidade correta no aquário. É que nossas mãos, assim como pinças e outros aparatos não esterilizados, contêm milhões de microorganismos nocivos que entrarão e se proliferarão no pote da ração. Atenção a este cuidado para a melhor conservação do produto.

Manuseio da ração

E ainda, finalizo este tópico comentando a importância da variação na alimentação. Ninguém gosta de comer a mesma coisa por dias e dias, meses e meses, assim também não os peixes. Procure comprar do menor pote - novamente: em relação a quantidade/consumo de peixes que você cria - pelo menos duas rações diferentes e de boa qualidade. Sempre tem uma básica e uma especial, seja com spirulina ou com nutrientes de casca de árvore, com tubifex, com artêmia, com mais vegetais, com mais farelos, etc. O fato é que levando para casa duas rações com nutrientes diferentes você dará ao peixe mais opções de nutrientes e claro, um pouco mais de felicidade também. Aqui, como tenho tempo, todo dia é um cardápio diferente e nos fins de semana dou os alimentos especiais, que são os vivos ou os que precisam ser oferecidos esporadicamente, como o tubifex.
Com menos tempo disponível, pode-se adotar a dieta do "dia sim dia não" e do fim de semana. Você adapta a alimentação ao tempo que possui.

 

2 - Quantidade

Ração boa é aquela que oferece o melhor em menos produto e esta é uma premissa que todos deviam ter em mente, assim como dizem que "os melhores perfumes estão nos menores frascos". Não porque a ração mais cara não tenha a mesma quantidade da mais barata, mas sim, por dois motivos:
a) Se ela é mais completa oferece-se menos, mas esse assunto falarei no próximo tópico e;
b) Potes menores de ração, além de mais baratos, oferecem mais segurança aos peixes. Eu explico: muitas bactérias se formam a partir da condição inapropriada dos alimentos, seja por descongelamento e congelamento, resfriação e requentação, umidade, manuseio e até mesmo pelo tempo.

Tamanho da embalagem

Um pote de ração enorme na promoção pode ser chamativo aos olhos e ao bolso, mas lembre-se: você não tem um lago cheio de carpas para consumir toda esta ração em pouco tempo. Talvez esta ração dure anos dentro do armário, se levar em conta a quantidade de peixes que você cria e a quantidade de comida que consomem (porque às vezes poucos peixes gigantes comem muito mais que muitos peixes pequenos). Então afaste-se desta tentação e escolha o menor pote. Assim a comida será consumida no menor tempo possível, o que ajuda a bactérias e fungos não conseguirem se fixar a tempo, no ato do "abre e fecha" diário, conservação em local escuro e úmido e pouco manuseio das partículas de comida no fundo do pote, local maravilhoso para uma cultura de bactérias.

Como citei, o resfriamento e requentamento de comidas vivas também são prejudiciais, a não ser que seja feito um choque térmico. É que é justamente aí que as bactérias adormecidas se proliferam e quando novamente resfriadas "adormecem" e quando finalmente postas para os peixes, se proliferam de forma a infestar o aquário de bactérias felizes e prontas para atacarem o organismo de toda a fauna. O descongelamento, idem. Evite dar, por exemplo, artêmia congelada que você comprou mas esqueceu no carro e ela descongelou, mas que você colocou no congelador novamente e acha que está tudo bem. Não, não está. Assim como não se deve fazer isso com qualquer alimento para consumo humano, também não pode fazer com a alimentação da fauna do seu aquário, pelo mesmo motivo já comentado: proliferação exacerbada de bactérias.

 

3 - Distribuição

Na hora de alimentar meus peixes, penso que são humanos em escala menor. Parece loucura, de novo, mas pense cá comigo: uma "bicada" na ração para um peixe corresponde mais ou menos a um sanduíche. Calma, depois de rir entenda que o ser humano memoriza as coisas muito fácil se associadas a coisas idiotas. O que você lembra mais: a frase naquele livro difícil dos estudos ou a frase na revista Caras (ou qualquer outra revista de fofoca que você lê por alguns segundos na fila do supermercado ou sala de espera)? A frase da revista, não é? Então associe assim, cada bicada = um sanduíche. Assim, alimento os meus peixes com dois sanduíches três vezes ao dia e no fim do dia eles não sentirão fome e seus corpinhos estarão satisfeitos.

Se você come dez sanduíches uma vez só ao dia, no fim dele você estará morrendo de fome, ficará com dor de cabeça e até pode perder os sentidos. Aposto também nisso quanto aos meus peixes, por isso alimento três vezes ao dia em pouca quantidade.

Não adianta dez sanduíches a cada refeição. A não ser que você seja um dragão, não conseguirá comer isso tudo e deixará as sobras que com o tempo apodrecerão. É igual no aquário: a comida se fixa no substrato, seja lá qual for, depreciando a qualidade da água e de vida dos peixes. É como você ter que conviver num quarto fechado com um monte de sanduíches putrefados ao seu redor. Um terror.

Portanto, pense bem na quantidade de alimentos ofertados ao longo do dia e principalmente ao longo dos dias. O acúmulo é o pior inimigo do aquário e qualquer um com "inteligência aquarística" sabe muito bem disso. Lembre-se que a comida entra e sai do peixe, portanto, mesmo que ele tenha comido, ele não tem saneamento básico. Precisamos fazer sifonagem e TPA's constantes para satisfazê-los e, consequentemente, satisfazermo-nos.

Em resumo, evite alimentos mal acondicionados, em potes enormes, de validade curta e de procedência duvidosa. Crie você mesmo alimentos vivos. Mesmo com pouco tempo disponível para o hobby, existem alimentos que exigem pouquíssimos cuidados. Pesquise, assim evitar-se-á muita dor de cabeça com doenças e mortes "inexplicáveis".
Aproveito para comentar um dado: a maioria das doenças apontadas por novos hobbystas são justamente fruto da péssima qualidade/quantidade de alimento ofertado e conexão com o sistema como um todo, por não se ter formado ainda a "inteligência aquarística".

 

Ficou com dúvidas? Então acese: A importância da qualidade da ração para peixes.

Planejamos um aquário. Escolhemos seu tamanho, equipamentos, hardscape "bonitinho", fauna a ser mantida e flora. Encaramos pacientemente (ou não) o período de ciclagem, inserimos os habitantes e, lá pelas tantas, surgem as algas e os problemas relacionados ao acúmulo de detritos. Pôxa, mas meu filtro é bem dimensionado, a circulação está boa e não há superpopulação, faço o quê? Ah, põe uma equipe de "peixes de limpeza" que já resolve. E é desta maneira e por este motivo que colocamos em nosso aquário animais que nunca estiveram previstos na montagem, inclusive muitas vezes oferecendo-lhes um ambiente nada adequado. 

"A turma da faxina" como é mais conhecida, são espécies que geralmente começam pela letra C: cascudos (incluso otos), corydoras, camarões, caramujos e comedores de algas, habitualmente escolhidos em função de seu regime alimentar, além da forma e locais em que se alimentam. Sobre eles colocamos a responsabilidade de manter o aquário limpo de algas, restos de ração e matéria vegetal morta. A ideia é esta, só que não é bem assim que a coisa funciona.

As informações à seguir são genéricas mas importantes para quem quer manter seu aquário equilibrado e livre de algas. É indicado pesquisar especificamente sobre a espécie que deseja manter para não ter surpresas desagradáveis depois. No mínimo evita-se o susto de descobrir que adquiriu um peixe que, quando adulto, pode ficar quase do mesmo comprimento de seu aquário.



Cascudos.

Cascudo do gênero Ancistrus, fama de ótimo algueiroDos pequenos Limpa Vidro (Otocinclus sp., cerca de 3 cm) aos Abacaxi (Pterygoplichthys pardalis, cerca de 35 cm), passando pelo lindíssimo Zebra (Hypancistrus zebra L046, cerca de 10 cm), todos são peixes que pertencem à ordem Siluriformes. Somente a família Loricariidae, por exemplo, possui seis subfamílias, mais de setenta gêneros e cerca de seiscentas e noventa espécies conhecidas. 

São conhecidos popularmente como cascudos ou acaris e têm como características principais corpo revestido por fileiras de placas ósseas, primeiro raio da nadadeira dorsal duro, boca inferior e lábios em forma de ventosa. Possuem respiração aérea acessória. Conforme a espécie podem ser basicamente herbívoros, basicamente carnívoros, onívoros, necessitando ou não consumir celulose (raspadores de madeira). Em sua maioria são animais pacíficos com algumas poucas espécies agressivas e territorialistas. 

Na média, o tamanho que varia entre 10 cm e 40 cm e distribuem-se pela América do Sul e Central. Vivem em ambiente lótico (águas correntes ricas em oxigênio) onde se alimentam de microrganismos existentes no limo, algas, pequenos vermes e crustáceos.

Aliás, cascudos estão sempre se alimentando. São bons ajudantes no combate a algumas algas, mas esta não deve ser a única opção alimentar. Comerão sobras de ração de outros peixes, embora não seja a nutrição mais adequada. Pesquise sobre a espécie que mantém, verifique sua necessidade alimentar, ofereça rações de qualidade, legumes, vegetais. Talvez o bichinho conclua que a comida que você proporciona seja melhor do que raspar algas e desista do emprego de faxineiro, mas pelo menos você terá um animal bonito e saudável em seu aquário.

 

Corydoras.

Coridoras preferem viver em gruposTambém da ordem Siluriformes, pertencem à família Callichthyidae sendo um de seus oito gêneros e possuindo mais de cento e sessenta espécies descritas. Conhecidos vulgarmente como limpa-fundo, são caracterizados pela presença de placas ósseas em ambos os lados do corpo, nadadeira dorsal e nadadeiras peitorais guarnecidas com espinhos e dois pares de barbilhões curtos no maxilar. Possuem respiração aérea acessória facultativa.

Encontrados em diferentes ambientes (rios, pequenos riachos, áreas pantanosas) são onívoros com tendências carnívoras e em seu ambiente natural alimentam-se de insetos, vermes, larvas, peixes mortos e eventualmente vegetais. Corydoras não comem algas.

O tamanho médio varia entre 2 cm a 10 cm. São bentônicos (vivem junto ao substrato), gregários (vivem em grupo), pacíficos, apreciam a vegetação marginal densa sob a qual se abrigam e são mais ativos durante o dia e crepúsculo. Distribuem-se pela América do Sul e Central.

No aquário, vale a recomendação anterior: pesquise sobre a espécie que deseja manter. Certifique-se que seu aquário tem condições de recebê-los e se não há potenciais predadores. Da mesma forma, atenção com alimentação: não permita que vivam apenas com as sobras dos demais habitantes. Ofereça ração própria para eles e inclua alimentos de origem animal. Cardápio diversificado é mais saudável. 


Caramujos e camarões.

O Physa sp. possui uma alta taxa reprodutivaOs caramujos de aquário são moluscos gastrópodes aquáticos que possuem carapaça ou concha. É muito comum que venham como clandestinos em plantas recém-adquiridas e colocadas nos aquários. Os mais comuns são os physas, lymnaeas, melanóides e planorbídeos.

São onívoros, alimentam-se de algas, restos de ração, detritos vegetais e animais mortos. Se não controlados, com alimentação abundante e ausência de predadores, podem se reproduzir demasiadamente e infestar o aquário, embora isso não seja maléfico para o ambiente ou peixes. Passam o dia sobre as folhas, no fundo, sobre os vidros, pedras e tudo o mais que tiver algas e restos de comida. Alguns são capazes de permanecer na superfície da água em busca de ração, na hora da refeição. Sua função de "faxineiro" deve ser respeitada e sua saúde indica a saúde da água no aquário.

Physas, lymnaeas e planorbídeos são pulmonados e com relação a reprodução são hermafroditas capazes de autofecundação ou fecundação cruzada. Os ovos são depositados em uma massa gelatinosa, dentro d’água, em superfícies como o vidro, tronco, rocha e folhas.

Melanóides possuem respiração branquial e reproduzem-se por partenogênese, gerando cópias de si mesmo sem necessidade de fecundação. São noctívagos, permanecendo enterrados no substrato durante o dia. Não põem ovos. Ampulárias e neritinas são dioicos (sexos separados), com fecundação interna, sendo que a ampulária deposita seus ovos fora d’água.

Além de belos, os camarões Neocaridinas ajudam na faxinaFinalmente, falemos dos pequenos camarões que habitam muitos aquários e de seus hábitos alimentares. Detritívoros, algívoros e catadores, alimentam-se de animais mortos, plantas em decomposição, algas, sobras de ração, biofilme. Como bom "faxineiro", busca tanto matéria vegetal que contribui para reforçar suas cores quanto proteínas que auxiliam seu crescimento e reprodução. Bom lembrar que, em longo prazo, apenas algas não são suficientes para sustenta-los de forma satisfatória. A maior parte deles é sensível a água de baixa qualidade e altos níveis de nitrato. Bastante vulneráveis após a ecdise, necessitam de locais seguros para abrigarem-se. 

O maior problema dos camarões em um aquário comunitário chama-se peixes. Por estar na base da cadeia alimentar e considerando seu pequeno tamanho (camarões recém-nascidos têm cerca de um milímetro), a predação é inevitável. Mesmo havendo vegetação densa, troncos e pedras que proporcionem abrigo, é comum que vivam escondidos, sob estresse, inclusive tanto o número de fêmeas ovadas quanto a quantidade de ovos diminui. Assim, seja por predação ou menor número de descendentes, se o aquário não oferecer uma boa ambientação, com fauna adequada, a tendência é que os camarões desapareçam do tanque.

 

Comedores de Algas.

Comedor de Algas Chinês "Gold", espécie pode atacar peixes maiores e lentosEsses peixes são outra ótima opção para quem quer se defender da explosão de algas no aquário e seu gosto por algas coloca tais Ciprinídeos no rol da “Turma da Faxina”. Mas é preciso fornecer as condições corretas no aquário para a sua boa atuação. Ao mesmo tempo, como já foi dito acima, é fundamental estudar as espécies que se pretende criar, ou as que o comércio de peixes oferece, para não ter surpresas desagradáveis. A solução de um problema pode gerar outros, para dor de cabeça de muitos criadores desavisados.

Antes de apresentar as prıncipais espécies de Comedores de Algas, vale dizer que esses peixes são bastante exigentes quanto à qualidade de água, não comem qualquer tipo de alga e detestam o acúmulo de matéria orgânica no aquário. No meio natural, vivem em águas de correnteza baixa ou média, sempre no meio de pedras, cascalho fino, troncos e pedras. Além de algas, adoram pequenos vermes, crustáceos, plantas, plâncton e até alevinos de outros peixes. Em cativeiro, se alimentados com ração em excesso não se interessarão pelas algas. 

Também não são a solução completa para a limpeza do aquário, muito pelo contrário, pois até ajudam a sujar a água como bons ciprinídeos que são. Ainda é preciso saber que não são adequados para aquários pequenos ou sem objetos, pedras e plantas que forneçam abrigos e esconderijos.

Crescem entre 14 cm a 28 cm, como é o caso do Comedor de Alga Chinês (Gyrinocheilus aymonieri), comumente vendido nas lojas de peixes ornamentais do Brasil (nas versões comum ou albina) a baixo preço. Apesar do nome nem mesmo são da China mas dos rios do sudoeste asiático, Tailândia, Malásia, Vietnã, etc. Tanques acima de 200 litros e com boa filtragem, trocas de água e boa circulação são os mais indicados para esta espécie, que pode viver sozinho ou em grupo. A medida que cresce, o Comedor de Alga Chinês vai se desinteressando das algas além de se tornar agressivo com outros peixes tornando-se um problema para o criador, que não sabe o que fazer com ele. Há casos relatados de predação de peixes menores e perturbação de maiores, sendo o Comedor de Alga Chinês adulto o vilão nos aquários quando se insere novos peixes de pequeno porte. 

Comedor de Algas Siâmes, um dos poucos peixes que se alimentam de algas petecaUma espécie mais eficaz e agradável para a limpeza de algas do aquário é o Comedor de Algas Siamês (Crossocheilus siamensis), que além da beleza não cresce demais, 15 cm no máximo. O bom deste peixe é que come algas verdes, filamentosas e até petecas no início da infestação. São dóceis, mas podem se tornar territoriais com companheiros da mesma espécie.

Para saber se seu comedor de alga é o verdadeiro Siamês, basta verificar a faixa negra do corpo: ela deve ir do bico até o centro da cauda. Se a faixa acabar na base da cauda e vier junto com uma linha mais fina de cor amarelo ouro, o peixe deve ser outro: ou uma Raposa Voadora (Epalzeorinchus sp.) ou um Garra (Garra cambodgiensis), que atingem também cerca de 15 cm e geralmente são chamados de "Falso Comedor de Alga Siamês". São vendidos nas lojas brasileiras, embora não sejam comuns em todas as regiões. O nome “Falso” não quer dizer que sejam peixes ruins ou feios. Também podem ajudar muito no controle de algas, mas seu comportamento será próximo dos Lábeos. Como estes peixes, eles não se reproduzirão no aquário, o que se consegue apenas com uso de hormônios.


Poecilídeos e Jordanelas.

A Molinésia é um excelente algueiro, pouco valorizado pelos aquaristasNão poderíamos deixar de citar, como exemplos de espécies limpadoras de algas e de sobras de comida os peixes da família dos Poecilídeos, como os Lebistes, Espadas, Platis e Molinésias, além de um parente da América do Norte próximo a eles, as Jordanelas, um ciprinídeo pouco conhecido no Brasil.

Além de bonitos e dóceis estes peixes tanto comem as algas sobre vidros e objetos quanto limpam o substrato de restos de comida, embora eles defequem muito e não comam sobras de ração estragada nem plantas mortas. Vale lembrar que gostam de água levemente salobra, o que pode ser ruim para outras espécies companheiras de aquário como cascudos, tetras e bagres, mesmo que possam viver bem em águas totalmente doces. Não crescem muito, no máximo 10 cm a 12 cm e se reproduzem facilmente nos tanques caseiros, o que pode se transformar em dor de cabeça para o criador que não deseja superlotar o aquário.


Em síntese, sobre estes peixes e invertebrados habitualmente considerados como equipe da limpeza é bom lembrarmos que:

- Não são coprófagos, ou seja: nenhum deles alimenta-se de excrementos (fezes);

- Não nos desobrigam de manutenções periódicas, como TPAs e sifonagens;

- Não nos eximem de pesquisar sobre as espécies escolhidas verificando suas necessidades (parâmetros físico-químicos da água, esconderijos, espaço, comportamento, compatibilidade com os companheiros do aquário, necessidade de grupo, entre outras) e se nosso aquário pode supri-las;

- Têm o direito de receber alimentação adequada a eles (apenas aquela encontrada no aquário pode ser insuficiente tanto em quantidade como em qualidade);

- Devem ser compatíveis com os habitantes já existentes, afinal parte da turma da faxina não precisa correr o risco de virar lanchinho da tarde e nem de tornarem-se os vilões do tanque;

- São ótimos integrantes para a fauna de qualquer aquário de água doce, por sua alegria e beleza e não somente por causa de sua presumida função.

 

Este texto é uma adaptação do tópico do Fórum AqOL "A Turma da faxina. Com todo o respeito" criado por Solange Nalenvajko (Xica) em 04/2014.

Escrito por: Katsuzo Koike e Solange Nalenvajko

Muitos aquaristas não gostam de colocar plantas naturais em seus tanques, e os motivos (ou desculpas) principais são:

a) Simples negligência, por não acharem isso importante;
b) Pressa em colocar os peixes no aquário recém montado;
c) Ignorância, por não conhecerem a biologia dos aquários, nem entenderem nada de plantas vivas, fertilização do substrato e da água, etc.; 
d) Desistência: após tentativas, as plantas sempre definharam e morreram, criando algas, os peixes do aquário comendo tudo, etc.
e) Escolha pessoal, considerando o biótopo do tanque e as espécies de peixes escolhidas para criar. 
f) Para poupar-se de trabalho e de mais gastos com plantas ornamentais e substratos férteis, porquanto isso nem sempre é barato;
g) Não ter onde comprar plantas vivas, pois as lojas próximas não oferecem tal artigo com qualidade, etc. (Se bem que hoje em dia, é possível pedir materiais de aquarismo, incluindo plantas naturais em excelente estado, pela internet, em sites muito confiáveis e eficientes).

Porém a pergunta em pauta é a seguinte:

“É possível ter um aquário com água e peixes saudáveis sem recorrer ao uso de plantas naturais?”

Aquário somente com plantas artificiais.

A resposta, para muita gente, é positiva, e na internet há defensores dessa linha, que na montagem deseus aquários recorrem apenas à água, pedras, mídias, ornamentos, e quando muito, ao uso de plantas de plástico. De fato, tais materiais podem ornamentar bem um ambiente, e as lojas de aquário oferecem vários tipos de plantas artificiais e ornamentos, em variados modelos e preços. Outro argumento de quem não recorre a plantas vivas está na alegação de que elas “pouco influenciam” na vida do sistema, sendo apenas uma questão “de charme e estética” ao ambiente.

Bem, não discutirei aqui os importantes papéis das plantas vivas em nossos tanques, pois isso já tem sido muito bem explicado em outros locais, estando mais que provado que a presença de flora traz muitos benefícios ao aquário. 

Um dos grandes objetivos do aquarismo, além do impacto paisagístico-ornamental da atividade, está em alcançar o equilíbrio biológico do sistema onde é feita a criação de peixes e outros seres aquáticos. É isso que garante que esses seres se desenvolvam da melhor forma possível, permanecendo adequadamente condicionados e mantidos. A título de comparação, voltando à pergunta acima, sugiro duas questões:

“É possível um bairro ou mesmo uma cidade sem arborização?”

“Podemos viver sem alimentação de vegetais frescos, frutas e legumes?”

Claro que sim. Mas certamente, nesses casos, a qualidade de vida estará bastante prejudicada. É isso mais ou menos o que acontece no aquário sem plantas naturais. Além do mais, ninguém de bom senso gostaria de visitar um jardim todo de plástico, não é mesmo? Atualmente, a presença de parques e reservas verdes em certos bairros e localidades tem valorizado muitos imóveis em nossas cidades.

Um dos grandes aquaristas franceses, Henri Favré, defende que plantas vivas são imprescindíveis para o bom andamento do aquário. Primeiro, porque segundo ele, um aquário sem plantas perde cerca de 50% de chance de se estabilizar biologicamente (El Acuario, 1971, p.144). Aqui, o equilíbrio sendo precário, o aquário necessitará constantemente da intervenção do criador, com uso de químicos para controlar os parâmetros da água: seja porque o pH e o DH não estabilizam, a amônia e nitritos também não caem, há pouco oxigênio na água, os peixes estão mal, e assim por diante. Para Favré (op. cit., p.77), “as necessidades das plantas correspondem às necessidades dos peixes”, ocorrendo uma troca benéfica entre os seres e o meio.

Aquário baseado em biótopo de igarapé amazônico.Em um aquário bem plantado, de excelente água, totalmente ciclado e aclimatado, dificilmente ocorrerão problemas graves. As plantas não servem apenas para a troca de gases (oxigênio e gás carbônico) na água, mas também elas se nutrem dos dejetos dos peixes, ajudando a manter a qualidade da água. O desequilíbrio biológico leva à recorrência de algas indesejadas, como as negras, as azuis, as filamentosas e outras, fora o perigo da água degenerar ou ficar verde. Claro, há como reproduzir em aquário diversos biótopos de peixes onde a ausência de plantas seja uma marca, de modo muito bem sucedido: aquários de água salobra, para Jordanis, Gobis e outros nem precisam de plantas, como em meios estuarinos ou de manguezal, que também não precisam. Muitas plantas não suportam tanques amazônicos de água escura, de muita madeira e folhas, e seus peixes podem viver bem (ex: Neons e outros tetras). Outro exemplo: ciclídeos africanos não vivem naturalmente em meios plantados, no seu habitat natural, e sim no meio de pedras e areia; mas imagine um criador que compra peixes herbívoros e em seu aquário apenas possui rochas? Estresse na certa para os peixes. Vale lembrar que mesmo nesses casos de peixes que vivem bem sem plantas, ocorre deles precisarem achar vegetação na hora de sua reprodução.

Por fim, segundo o exposto acima, não queremos dizer que nenhum aquário plantado vá passar por problemas. As TPAs constantes, a alimentação bem dosada, a fauna bem escolhida e em número razoável para o volume do tanque, uma boa filtragem e circulação, bem como uma iluminação adequada serão fatores constantes e cruciais para o bom andamento de qualquer aquário, seja ele com ou sem plantas naturais. 

Todos nós já ouvimos falar sobre a importância da ciclagem para o correto equilíbrio do ecossistema de um aquário recém-montado. Porém muitos de nós, principalmente os mais iniciantes, não sabem exatamente como realizar o passo-a-passo desse processo. Neste artigo será demonstrado como deve ser feita a ciclagem de maneira correta.

 

A CICLAGEM

A ciclagem nada mais é do que a colonização de bactérias nitrificantes benéficas que são responsáveis pela transformação da amônia e nitritos presentes na água. Para maiores informações sobre a amônia, nitrito e outros componentes leia Nitrogênio, Bactérias e Ciclagem.

Imagine que um aquário recém montado não possui colônia de bactérias nitrificantes, portanto, qualquer nível de amônia, seja gerada por restos de alimentos, ou fezes dos peixes, poderá ter um impacto muito maior ao equilíbrio do meio.

 

A CICLAGEM COM PEIXES

Muitos aquaristas, mesmo nos dias de hoje, utilizam um método de ciclagem chamado de "ciclagem com peixes", que nada mais é do que realizar esta etapa inicial da criação de colônias de bactérias através dos excrementos liberados pelos próprios peixes, chamados muitas vezes de “peixes cicladores”. Mas Como funciona isso?

Ao serem introduzidos em um ambiente novo, os peixes irão lançar uma carga orgânica na água do aquário, restos de alimentos etc, forçando a criação das colônias de bactérias, seja nos filtros ou no substrato ou decorações. Porém, durante todo o processo, os peixes estarão diante de uma situação extremamente incômoda e perigosa, devido ao alto teor de amônia e nitrito que estarão presentes na água, capaz de intoxicar seu sistema respiratório, levando-os à morte rapidamente. Até que a ciclagem esteja finalizada, é correto dizer que os peixes estarão sofrendo nesse ambiente, mesmo que, aparentemente, estejam ativos e se alimentando adequadamente. Por isso é comum a utilização de peixes mais resistentes e baratos, como é o caso dos platis, espadas ou molinésias, como “peixes cicladores”. Este processo de "sofrimento" costuma durar cerca de 30 a 40 dias.

 

A CICLAGEM SEM PEIXES

Trata-se de um processo de ciclagem que seria o "politicamente correto", e amplamente utilizado por aquaristas de todo o mundo, conhecido como "ciclagem sem peixes". Neste processo, o incentivo à produção de amônia é fundamental, antes da inserção da fauna pretendida. É este tipo de ciclagem que será abordada neste artigo.

"Se eu deixar o aquário funcionando durante 30 dias sem fauna, ele estará ciclado?"

Essa pergunta é muito comum, já que a média de tempo utilizado para a ciclagem é algo aproximado a 30 dias. Contudo, deve-se levar em consideração as etapas do ciclo nitrificante (amônia -> nitrito -> nitrato) para que se tenha certeza de que a ciclagem foi concluída.

Amoniaco

1° etapa: Produção da amônia (NH3/NH4)

Primeiramente deve-se incentivar a criação de amônia no aquário, e somente quando há amônia em quantidade significativa é que esta primeira etapa do ciclo se inicia. Caso o aquarista simplesmente deixe o aquário funcionando sem adição de alguma fonte de amônia, esta etapa poderá ser muito lenta já que a única fonte de amônia é a que vem da água utilizada, e a decomposição da matéria orgânica presente no cascalho, mesmo após sua lavagem. Por isso é comum vermos aquaristas dizendo que montaram o aquário há 20 dias e tanto os valores de amônia quanto de nitrito se mantém em 0 ppm.

2° etapa: Transformação da amônia (NH3) em nitrito (NO2)

Com as colônias de bactérias que consomem amônia já em número significativo, será necessário manter essas colônias vivas, utilizando-se de uma boa oxigenação (que é conseguida com o próprio uso do filtro do aquário) e aplicações periódicas de fontes de amônia. Com isso irão surgir as primeiras bactérias que consomem o nitrito (NO2), produto final do consumo da amônia pelas bactérias iniciais.

3° etapa: Transformação do nitrito (NO2) em nitrato (NO3)

Finalmente as colônias de bactérias estarão bem populadas para consumir a amônia (NH3/NH4) que será transformada em nitrito (NO2) em quantidade significativa, para ser consumido e transformado em nitrato (NO3); Uma substância não tão tóxica aos peixes, e uma boa fonte de nitrogênio para as plantas (e algas!).

Passo-a-passo da ciclagem sem peixes

Material a ser utilizado no processo: Amoníaco puro (vendido em farmácias), conta-gotas e testes de amônia e nitrito (encontrados em lojas de aquarismo).

Obs: Existem outras formas de produzir amônia no aquário além do uso de amoníaco, como é o caso da adição de ração para peixes, restos de plantas mortas, etc, mas existem dois inconvenientes nestes casos, que é a sujeira que irá se formar no substrato, e a demora para que a amônia seja gerada, já que adicionando amoníaco estamos adicionando o material final. Adicionando ração, esta ainda deverá passar pelo processo de degeneração até que se transforme em amônia.

Passo 0: Encher o aquário de água sem cloro, contabilizando o total de litros reais (descontando-se substrato, decorações e outros fatores). Deixar os filtros em funcionamento em regime 24x7 (sempre ativos).

Passo 1: Adicionar 1/2 gota de amoníaco por litro de água do aquário (ex: 35 gotas para um aquário de 70 litros reais). Faça um teste de amônia após 15 minutos, que deve marcar de 2,5 a 5 ppm de amônia. Caso não tenha atingido esta marca, aplique mais uma dose de amoníaco e refaça o teste. Caso ultrapasse esta marca, não se preocupe, pois não há habitantes no aquário. Por esse motivo, o passo 1 deve ser realizado sem a fauna desejada, apesar do aquário estar todo já montado, com plantas e decorações inclusive.

Passo 2: Dois dias após ter realizado o passo 1, faça um teste de amônia e nitrito. A amônia possivelmente ainda estará na mesma marca que no passo anterior, e o nitrito estará em 0 ppm.

Passo 3: De dois em dois dias deve-se fazer um teste de amônia para verificar se a mesma está diminuindo. Sempre que ela atingir valores inferiores a 2,0 ppm, deve-se acrescentar a metade de gotas de amoníaco utilizado inicialmente (ex: para um aquário de 70 litros reais, aplicar cerca de 17 gotas). Isso quer dizer que a primeira etapa da ciclagem já está bem avançada.

Passo 4: Aproximadamente 5 dias após verificar que a amônia está diminuinfo, deve-se fazer um teste de nitrito, que provavelmente estará batendo um pico de + ou – 2,0 ppm. Isso quer dizer que a primeira etapa da ciclagem chegou ao fim, e a segunda já se iniciou.

Passo 5: Deve-se verificar a amônia e o nitrito a cada 2 dias, sempre adicionando porções pequenas de amoníaco na água do aquário, para manter o "alimento" das bactérias. Assim que os valores do teste de nitrito estiverem diminuindo, significa que a etapa 2 chegou ao fim, e a etapa final já está em andamento.

Passo 6: Ter paciência. Dentro de pouco menos de 15 dias os valores de nitrito estarão em 0 ppm novamente. Desta forma deve-se realizar uma TPA (Troca Parcial de Água) de 50% e introduzir a quantidade inicial de amoníaco (ex: 35 gotas para um aquário de 70 litros reais), e esta amônia introduzida deve chegar a 0 ppm em até 24 horas. Se isso ocorrer a ciclagem chegou ao fim, e os primeiros peixes podem ser introduzidos. Caso contrário, deve-se aguardar mais alguns dias até que toda a colônia de bactérias esteja populada.

 

FATORES QUE PODEM ACELERAR O PROCESSO DE CICLAGEM

Aceleradores de BiologiaProdutos para ciclagem

Há no mercado diversos produtos que ajudam na criação das colônias de bactérias durante a ciclagem. Muitos aquaristas já notaram realmente uma evolução nas etapas devido ao uso destes produtos, mas é bom acompanhar os resultados com testes antes de dar a ciclagem como concluida. Deve-se seguir o processo todo, passo a passo, até que os testes estejam de acordo com o esperado.

Utilização de matéria ciclada

Existem outras técnicas utilizadas para acelerar a biologia nos aquários novos. Uma delas é a utilização de mídias biológicas (anéis de cerâmicas, placas ou esponjas) de um aquário que já estava ciclado. Outra forma também é a utilização da água de aquários cujo ciclo do nitrogênio (ciclagem) já foi concluído. Vale ressaltar aqui também que somente estas técnicas não farão com que a ciclagem já esteja concluída. Deve-se observar todos os passos do processo até que os níveis de nitrito e amônia estejam zerados.

Temperatura

Quanto maior a temperatura mais rápida será a ciclagem, portanto é indicado manter entre 29oC e 30oC, inicialmente. Vale lembrar que a oxigenação é um fator necessário, e deve ter uma atenção dedicada, já que as bactérias que queremos são aeróbicas e necessitam de boa quantidade de oxigênio dissolvido. Isso é importante porque quanto maior a temperatura, menor é a quantidade de oxigênio disponível.

TPAs (Trocas Parciais de Água)

Não é indicado realizar TPAs durante o processo, pois devido à renovação da água, muitas bactérias podem ser perdidas. Diz-se que TPAs retardam o processo, mas ainda assim podem ser feitas caso haja necessidade.

A hora de irmos às lojas de aquarismo comprar os peixes é, sem sombra de dúvidas, a mais excitante. Depois de meses planejando o aquário, comprando os equipamentos, montando-o perfeitamente e esperando ciclar é a vez de adquirirmos os protagonistas que tanto alvejamos.

Porém algumas vezes, seja por descuido ou distração, seja por negligência ou falta de conhecimento, acabamos por comprar peixes que estão contaminados com alguma enfermidade, logo o caos acontece: aquele peixinho que estava doente contamina todos os outros que estavam saudáveis e as mortes começam, algumas vezes dizimando toda a população do aquário. Isso acaba desmotivando e até afastando os mais entusiastas desse incrível hobby.

Mas é mais fácil do que se costuma imaginar evitar esses tipos terríveis de problemas, tomando medidas preventivas simples e fáceis. Qualquer um é capaz de tomá-las e caso se tornassem regras obrigatórias, o número de desastres no aquarismo seria reduzido no mínimo em 50%. Essas medidas aplicam-se tanto para aquários que já possuem peixes quanto para os ainda não populados.

A primeira trata-se de um conjunto de pequenas observações a serem feitas visualmente e a segunda da obtenção de um aquário quarentena. Essas duas medidas juntas formam uma barreira 98% segura, confiável e fácil.

Para facilitar ainda mais o entendimento, as medidas foram organizadas em vários pontos separados e bem claros:

- Observe sempPeixe com íctiore muito bem os peixes nas baterias de aquários de exposição, fique atento e não deixe os detalhes para trás, eles fazem diferença no final. Ao lado: Você identificaria o contaminação por íctio se não observasse os peixes com bastante cuidado?

- Se você já sabe a espécie de peixe que deseja comprar, vá até o aquário e observe todos os peixes nele contidos, mesmo que não sejam a espécie pretendida, procure por peixes ativos, coloridos, com as nadadeiras abertas, escamas brilhantes, pele lisa, respiração e comportamento normal;

- Não compre os peixes se eles estiverem com pontos brancos espalhados pelo corpo, manchas brancas, tufos brancos como algodão, feridas/machucados/tufos na boca ou no corpo, nadadeiras roídas, faltando escamas, pequenos vasos sanguíneos dilatados tanto pelo corpo como pelas nadadeiras, com ânus inchado;

- Não compre o peixe se ele estiver se comportando de forma diferente do habitual, se estiver isolado do grupo e escondido, se estiver com a barriga para dentro (em forma de arco), se estiver com a respiração ofegante (o peixe está sempre na superfície), o peixe estar de barriga para cima ou com ela muito inchada, acima do normal;

- Não compre o peixe logo que o lojista o trazer do atacadista, espere uns 2 a 3 dias, pois o estresse da viagem pode disfarçar assim como pode criar algum sintoma que não existe;

- Uma dica útil é antes de comprar os peixes pedir para o lojista alimentá-los, você consegue descobrir duas coisas importantes de uma só vez: se o peixe não se alimentar pode estar certo de que tem algum problema e se o peixe realmente está comendo a ração (é comum os lojistas indicarem um alimento diferente do habitual, logo quando chega em casa os peixes simplesmente não comem) pois algumas espécies só comem alimentos vivos, por exemplo;

- Confira a presença de sistema de filtragem, seja individual por aquário ou um grande filtro para a bateria inteira. A exposição mesmo que temporária a amônia, nitrito e nitrato pode enfraquecer os peixes, deixando-os suscetíveis à doenças. Termostato com uma temperatura regulada e fixa também é muito importante;

- Observe se os aquários são separados por vidros ou por apenas telas furadas, que permitem que a mesma água circule diretamente por todos os aquários. Isso é muito arriscado porque se um adoecer pode transmitir sua moléstia para todos os outros peixes, por estarem em contato com a mesma água;

- Mesmo que o lojista recomendar, não aplique fungicidas, bactericidas ou parasiticidas na água dos seus peixes, nem como medida preventiva. Isso é muitíssimo perigoso pois pode intoxicar seus animais e também até matá-los;

Peixes em quarentena- Mantenha sempre que possível um aquário extra que sirva de quarentena, ele não precisa ser muito grande e deve conter sistema de filtragem com perlon e mídias biológicas. Não coloque carvão ativado ou purigem, pois podem absorver possíveis medicamentos. Sempre que comprar um peixe novo, deixe-o neste aquário por um período de 40 até 60 dias, pois existem muitas doenças que só se manifestam após muito tempo do peixe contaminado. E faça isso mesmo que seguido os passos anteriores.

Tenha sempre um aquário de quarentena. E ainda é possível transformar esse aquário em hospital, caso algum peixe ainda assim fique doente; em maternidade, caso algum peixe venha a se reproduzir e em depósito de água emergencial caso precise fazer uma TPA urgente ou caso o aquário quebre, por exemplo.

Assimile essas dicas e passe a usá-las no seu dia-a-dia. Isso garantirá um aquário equilibrado e estável, com peixes saudáveis que viverão por muitos e muitos anos, dando a seus criadores inúmeras alegrias.

Um último recado: lembrem-se sempre, é muito melhor prevenir do que ter que remediar.

Todo aquarista consciente deseja que seu aquário tenha uma vida saudável, pelo menos na medida do possível. Uma ambientação adequada somada a boa convivência entre as espécies do aquário é capaz de promover as lindas imagens que tanto alegram os amigos hobbistas. No entanto, o que se nota nos fóruns e sites de aquarismo é a falta de compreensão ou experiência de alguns criadores em reconhecer ou “ler” no comportamento de seus peixes alguns problemas que aparentemente não tinham motivo para ocorrer, mas que de repente começam a acontecer. Peixes parados demais, um nado irregular, agitação ou agressividade, além de outras mudanças inesperadas de comportamento podem constituir sinais indicadores de problemas no aquário.

Certo que cada espécie tem uma forma de se comportar no aquário em seus padrões típicos. Sabemos da importância de conhecer as formas naturais de cada espécie agir ao nadar, ao se alimentar, ao se esconder, ao conviver com outros peixes. Esse saber é conquistado com o decorrer do tempo, observando determinada espécie em sua vida cotidiana. Mas o que proponho discutir neste artigo são os comportamentos estranhos dos peixes, desde sua chegada ao aquário, na fase de adaptação ao novo lar, até a época em que surge algum problema como uma doença ou mesmo quando fatores diversos no ambiente alteraram a sua postura no tanque. Reconhecer algumas posturas e comportamentos estranhos nos peixes que criamos pode ajudar a tomarmos as medidas mais adequadas para tentar resolver as questões.

Ocorre que nem toda postura “estranha” (na nossa ótica) é sinal de distúrbio. Não se pode reclamar que suas piranhas estejam muito agressivas. Um amigo reclamava que seu cascudo limpa-vidro quase não saía do lugar e por isso estaria doente. Assim, ele mexia no peixe com uma redinha, para ele se “movimentar”. Mal sabia que repetindo isso várias vezes por dia estava a estressar o pobre coitado. Outros não sabem que as bótias, com certa freqüência, parecem deitar no fundo do tanque e que tal comportamento não é anormal. O Chalceus finge-se de morto sob grande ameaça. Já vi quem questionasse por que seu peixe betta passava horas na mesma posição no tanque. Ora, quem não sabe que bettas não são peixes ativos?

Outro colega, após comprar uma bótia modesta, achou ruim que ela quase não aparecesse no aquário, já que ficava sempre dentro de uma pedra marinha que ele tinha. Terminou por retirar a toca, deixando o peixe tão estressado que ele acabou saltando fora do tanque por uma pequena fresta. Isso poderia acontecer com um lábeo frenatus também. Cito outro caso engraçado. Um criador dizia que seus peixes mudaram de atitude de repente, estavam quietos demais e tal... depois relatou o pequeno detalhe: há uma semana havia colocado um Oscar albino de quinze centímetros dentro do tanque!

Portanto, analisaremos aqui certos comportamentos de distúrbio em que os peixes demonstram uma situação crítica, estressante ou doentia, que em geral são recorrentes em muitos aquários.

 

Isolamento, peixe parado em um canto. Peixes que se isolam e não se mexem, se isso não for natural para a espécie, apresentam problemas. Em geral ficam parados, ofegantes, murchos e sem coloração viva. É normal que um animal recém colocado em um aquário muito novo (às vezes até sem tempo de ciclagem) fique em um canto parado e sem cor. É preciso acompanhar os parâmetros da água do tanque e sempre observar o peixe, para ver se ele muda de postura.

Por exemplo: um peixe tropical em água muito fria, tipo 18 graus ou menos, tende a se movimentar menos. A inanição é comumente causada por presença de estresse, devido a grandes alterações de ambiente e água, como no caso do pH, ou por problemas de presença de cloro, pouca oxigenação e muito nitrito e amônia na água. Também a falta de tocas, para as espécies que gostam de se esconder ou falta de companhia da mesma espécie, quando esta é de cardume, e até deficiência alimentar. Para ilustrar, não se aconselha comprar apenas um barbo ouro, pois este tenderá a ficar escondido, parado. O que ainda pode gerar tal comportamento é a presença de peixes hostis ou territoriais, que terminam constrangendo os de outras espécies a ficarem encolhidos em um canto.

 

Nado irregular. Alguns peixes, por natureza, possuem um nado estranho, como os Kinguios telescópios. Mas até esses peixes podem apresentar comportamentos irregulares, por exemplo, quando nada de cabeça para baixo ou sempre de lado. Já a posição de ponta-cabeça é normal para o Chilodus punctatus. Nado irregular é geralmente resultado de alguma doença bacteriana ou mesmo pela falta de nadadeiras, perdidas por doença ou por ataques de outros peixes, que geraram ferimentos. Um tipo comum de nado irregular é quando o peixe faz movimentos de "parafuso", girando em torno de si mesmo. Isso indica alguma doença grave, virótica, bacteriana ou outra em estado avançado, geralmente já tendo atingido o sistema nervoso do peixe. Dificilmente este peixe vai se recuperar, forçando o criador a pensar em algum tipo de eutanásia, infelizmente.

 

Sugando ar na superfície d´água. Ora, às vezes é normal que certas espécies, como molinésias, espadas, lebistes, kinguios e bettas fiquem assim, pelo menos na hora da refeição, quando a ração fica boiando na superfície. Peixes como as agulhinhas também vivem na superfície. Mas em geral, pode ocorrer que os peixes estejam assim porque o oxigênio do tanque esteja quase no final e a qualidade da água esteja péssima. A tendência é virem a morrer em poucas horas. Por isso, o melhor nesse caso seja retirar os habitantes para outro ambiente mais equilibrado ou tentar uma troca parcial, de emergência, mas com água descansada de alguns dias. A situação complica para quem, por inexperiência ou falta de espaço e possuindo apenas um aquário em casa, é acometido por uma emergência fora de hora: as perdas serão inevitáveis. Colocar os peixes em água que sai direto da torneira é morte certa, como sabemos. É bom manter sempre outro tanque,  pouco habitado e bem equilibrado, para certas emergências no aquário principal. Pode levar meses, mas um belo dia o criador vai precisar muito dele.

 

Peixe se esfregando em superfíciesPeixe “se coçando” em pedras, substrato, plantas e vidro. Também é outro comportamento recorrente, irritando os peixes, sobretudo provocado por doenças parasitárias que atacam ao longo do corpo ou nas guelras. O íctio é uma das moléstias que causam esse comportamento, de grande incômodo para os peixes. E não é preciso nem que os pontos brancos estejam visíveis para o peixe estar com a doença. É preciso iniciar logo algum tratamento, para evitar uma infestação maior. Fungos e até presença de cloro na água podem levar os habitantes do aquário a se esfregarem nos objetos e plantas, como ainda os vermes lérnea (na verdade um crustáceo), que também geram coceira e irritação nos peixes.

 

Peixe esfregando o bico no vidro, freneticamente. Muitas vezes, um peixe que mudou de um ambiente maior e vai para um bem menor pode tomar essa atitude. Já vi casos de peixes criados em grandes viveiros (tipo lagos) ou que coletados na natureza, ao passarem para aquário, estranhar ver sua imagem no vidro. Há quem diga que um excesso de oxigenação na água pode gerar certa excitação e o peixe fica como que querendo “furar” o vidro do aquário. Se diminuir as borbulhas do filtro ou da bomba, esse comportamento pode acalmar.

 

Peixes com respiração ofeganteRespiração alterada, como ofegante. Este é outro sintoma de doença, estresse ou má qualidade da água. Peixes ficam muito agitados na hora de captura. É normal, por causa da “canseira” que sofrem. Luz muito forte ou grande claridade incidindo sobre espécies que gostam de locais sombrios, tendem também a gerar essa postura estressante por exemplo em cascudos em geral, lábeos, dojôs, peixes albinos, entre outros. É preciso estudar cada espécie, para deixá-la o mais confortável possível no tanque. A falta de oxigenação é outro fator de respiração alterada. Mas o pior são as doenças (íctio, oodinium, etc) que deixam os peixes não apenas ofegantes, mas também sem querer comer, no fundo ou na superfície do tanque. Busque o tratamento certo, para a situação não piorar.

 

Por fim, reafirmo que a experiência com peixes de aquário nos ensina a detectar os mais variados problemas, apenas basta ter atenção redobrada com eles. Lembre-se que cada espécie tem suas formas de reagir ao que acontece a sua volta. Por isso, fique atento ao comportamento de seus peixes.

 

 

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A Pró-Aquarista recomenda para o bem estar dos seus peixes:

Seachem Prime

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Seachem StressGuard

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Ultimamente tenho percebido um crescente número de novos aquaristas relatando problemas em seus aquários como mortes e/ou doenças, algas em excesso, amônia alta, etc. Após descrição detalhada do aquário percebemos que a maior causa é a população em excesso, ou seja, peixes demais ou grandes para aquário pequeno, mistura de peixes com necessidades diferentes e por aí vai... 

Precisamos entender que um aquário é diferente de rios ou lagos onde há um grande volume de água circulando. Trata-se apenas de uma “caixa” de vidro com pequeno volume de água e que necessita de permanente vigilância através de testes específicos e observação, alimentação controlada e adequada à espécie e população moderada.
Por esse motivo deve-se dar especial atenção ao sistema de filtragem para reduzir o risco de acúmulo de matéria orgânica e propiciar uma boa circulação facilitando as trocas gasosas e oxigenação do meio. Pois mesmo respeitando a quantidade máxima exigida pelas espécies em cada aquário, o sistema pode entrar em colapso ocasionando os problemas citados acima.

  • A pergunta que não quer calar: Que peixes eu coloco?

Antes de sair por aí comprando todos os peixinhos que acha bonitinho pesquise um pouco. Há diversos sites e fóruns com informações sobre espécies e dicas importantes. Se não encontrar respostas satisfatórias, pergunte! A primeira coisa a fazer é escolher o tamanho do aquário que melhor se encaixa no seu orçamento. Mas tenha em mente que tanques maiores são mais estáveis, pois os parâmetros da água se tornarão menos propensos a grandes variações em volumes maiores.

Escolhido e montado o aquário é hora de habitá-lo. Existem muitas regras e mitos sobre isso, porém é melhor seguir uma linha de pensamento do que fazer por experimento e isso muita gente sabe que não dá certo (uma das grandes causas de desistência do aquarismo se deve ao fator decepção – morrem peixes, o sistema se torna incontrolável – e os mais afoitos optam por desmontar tudo).

  • Mas e daí?

Pelo que tenho observado, a grande maioria de novos aquaristas tende a optar por aquários com volumes entre 40~70 litros. Com esse volume é possível ter peixes saudáveis e por um longo período. Mas para isso precisa escolher espécies compatíveis ao tamanho do aquário.
Geralmente se recomenda peixes pequenos – isso é evidente. Um cálculo muito empregado é a regrinha de 1 cm de peixe (adulto) para cada litro de água.
Para peixes maiores o cálculo é diferenciado e tanto pode ser necessário um aquário de 100 litros para apenas um exemplar, como um de 500 litros para outro.
Dá certo?
Sim, pode ser uma boa maneira de começar. Mas isso não quer dizer que não se pode colocar um ou dois peixes além do estipulado. A população máxima varia de aquário para aquário apesar de mesmo volume.

Entre os fatores que propiciam burlar as recomendações estão:

  • Trocas parciais de água regulares e retirada de detritos (restos de ração, excrementos, folhas mortas de plantas);
  • Plantas naturais e saudáveis;
  • Filtragem bem dimensionada (vazão de acordo com o tamanho do aquário, limpeza periódica, troca de refis, filtragem biológica e mecânica)
 
Em contrapartida, fatores que reduzem as chances são:
 
  • Trocas de água e sifonagem pouco freqüentes;
  • Sem plantas naturais ou não saudáveis;
  • Filtragem deficiente e péssima manutenção do filtro.
Sobre o FBF – filtro biológico de fundo, aquele das placas pretas! – Ele pode até funcionar, só faz filtragem biológica, mas em um sistema abarrotado de peixes e com manutenção precária isso se torna perigoso a curto prazo. Além disso, há um acúmulo de detritos sob o substrato, no meio das placas e, mesmo a água parecendo cristalina, a sujeira continua em contato com a água, com as bactérias saprófitas transformando essa matéria orgânica em amônia, que fica circulando na água, juntamente com nitritos e nitratos em uma escala sempre crescente.
Por isso, a recomendação é sempre para filtros externos, mais modernos e eficientes.

  • Quantos peixes posso colocar de cada espécie?

Assim como nós os peixes são sociáveis, isto é, vivem em grandes cardumes na natureza. Peixes de cardumes estarão muito mais a vontade se os companheiros forem da mesma espécie.

Por isso, resista aos apelos do coração na hora que avistar aquele peixinho sozinho, no fundo de uma bateria, em uma loja qualquer.

Evite ao máximo povoar o aquário com 1 Paulistinha (Brachydanio rerio), 1 Neon (Paracheirodon innesi), 1 Kinguio (Carassius auratus), 2 Barbos Sumatra (Capoeta tetrazona), 1 Plati (Xiphophorus maculatus). Isso causará tristeza no indivíduo, apatia e/ou agressividade em alguns, futuras doenças sem motivo aparente.
Ainda sobre esses exemplos eu diria que a “mistura” não é indicada por incompatibilidade entre espécies. Kinguios são peixes de água fria, pH levemente alcalino, grandes e que necessitam um ambiente próprio a eles e somente eles. Neons, peixes de água quente, pH ácido, que sentem maior proteção vivendo em cardume. Barbo Sumatra e Paulistinha, peixes asiáticos, de pH levemente ácido, requerem cuidados como todo e qualquer peixe. Apesar da fama do Paulistinha de ser “peixe ciclador” ele também é suscetível a variações bruscas e/ou fora dos parâmetros exigidos. Já o Barbo Sumatra pode facilmente se tornar mais agressivo se colocado em grupo muito pequeno ou sozinho e com peixes de longas e chamativas caudas como Kinguios, por exemplo.
O Plati é peixe de água levemente alcalina, pacífico e muito prolífero (aquários adequados podem ficar lotados em poucos meses) também deve ser mantido nos parâmetros adequados à espécie.

É muito mais saudável um cardume mostrando sua beleza e comportamento natural do que se fazer as seguintes perguntas mais adiante:

- Mas porque esse peixe fica escondido atrás das plantas, nas tocas?
- E aquele outro sempre agressivo, machucando os demais?

Um mínimo de 5~6 exemplares de uma mesma espécie forma um bom cardume para peixes que nadam pelo meio do aquário e 3~4 para peixes de fundo (Corydoras sp., por exemplo). Mas se o tamanho do tanque permitir esse número pode aumentar significativamente. Ainda há outros pontos a serem discutidos, mas isso fica para uma outra conversa. 

                                                                                                                             Colaboração: Ricardo Fuji

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Com certeza a eutanásia ainda é um tabu, não só em seres vivos mas também em animais. Aqui no Brasil o assunto é mais atrasado ainda. A Europa está anos luz a nossa frente quando o assunto é biodireito e bioética.

Apenas para dar um exemplo, enquanto aqui discutimos a legalização do aborto, na Alemanha e na Europa já se discute a obrigação de abortar, existindo inclusive ações judiciais de filhos com sérios problemas de formação contra médicos e pais que não o abortaram e o deixaram ter uma vida miserável e difícil. Mas vamos nos restringir ao aquarismo.

Infelizmente, assim como qualquer ser vivo, por melhores condições que tenham no aquário, peixes adoecem. Isso faz parte do ciclo da vida. Alguns se curam e outros não, vindo a morrer. No entanto, às vezes, esse tempo entre o estado terminal e a morte se prolonga, tornando-se extremamente sofrido e doloroso. É nesta hora que a eutanásia ganha espaço, sugerindo que a morte seja provocada.

O termo eutanásia vem do grego e quer dizer, em uma tradução literal, morte boa. Contudo, de acordo com a medicina, eutanásia é a morte humanitária executada por meio de um método que produza rápida inconsciência, levando a uma morte sem evidências de dor ou agonia.

O artigo 2º da Resolução nº 714 do Conselho Federal de Medicina Veterinária traz que:

A eutanásia deve ser indicada quando o bem-estar do animal estiver ameaçado, sendo um meio de eliminar a dor, o distresse ou o sofrimento dos animais, os quais não podem ser aliviados por meio de analgésicos, de sedativos ou de outros tratamentos, ou, ainda, quando o animal constituir ameaça à saúde pública ou animal, ou for objeto de ensino ou pesquisa.

Os métodos de eutanásia se dividem em métodos químicos e físicos.

Químicos são os métodos que utilizam substâncias químicas que imediatamente provoquem a inconsciência e a morte do animal. Já os métodos físicos causam a imediata inconsciência e morte através de trauma físico cerebral. Os métodos físicos se subdividem em físicos propriamente ditos e mecânicos.

O veterinário M. E. Fontes, em artigo escrito para a Revista Portuguesa de Ciência Veterinária, traz que os melhores métodos para efetuar a eutanásia em animais devem seguir os seguintes parâmetros: rapidez, nível de experiência do operador, eficácia, segurança para o operador e valorização estética.

Passadas estas considerações iniciais, vamos falar um pouco sobre os métodos de eutanásia especificamente.

O artigo 14 da já citada Resolução nº 714, do CFMV, traz os métodos inaceitáveis, que são:

I - Embolia Gasosa;
II - Traumatismo Craniano;
III - Incineração in vivo;
IV - Hidrato de Cloral (para pequenos animais);
V - Clorofórmio;
VI - Gás Cianídrico e Cianuretos;
VII - Descompressão;
VIII - Afogamento;
IX - Exsanguinação (sem sedação prévia);
X - Imersão em Formol;
XI - Bloqueadores Neuromusculares (uso isolado de nicotina, sulfato de magnésio, cloreto de potássio e todos os curarizantes);
XIIEstricnina.

Por sua vez, os métodos recomendados e aceitos sob condições estão previstos no Anexo I da referida norma, conforme abaixo transcrito:

Tabela com termos aceitáveis de eutanásia em peixes ornamentais.

Como podemos ver, os métodos recomendados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária são todos químicos, baseados na injeção de altas doses de anestésicos no peixe doente. Inviáveis estes métodos, seja por dificuldade na aquisição de material ou por falta de capacitação, são aceitos alguns métodos físicos, como a decapitação.

Importante ressaltar que a eutanásia deve ser realizada por médico veterinário.

Todavia, pelo menos aqui no Brasil são raros os profissionais que atendem peixes ornamentais de particulares. Existem veterinários responsáveis pelo Aquário de São Paulo, por exemplo, ou veterinários de algumas lojas, mas dificilmente você irá encontrar um veterinário particular para levar seu peixe, assim como você leva seu cachorro ou gato.

A falta de pessoas especializadas fez com que os aquaristas desenvolvessem técnicas de eutanásia próprias para os peixes ornamentais, algumas cruéis e que não concordo, outras aceitáveis.

São elas:

1) Éter: Através deste método, embebeda-se um algodão com éter e o coloca em um pote. Após, coloca-se o peixe neste pote (sem água) e fecha-se a tampa. Rapidamente o peixe irá apagar. Após algum tempo de exposição ao éter, o peixe irá morrer. O éter também é usado para sedar peixes para a realização de outro método.

2) Vodka: É um método muito utilizado, indicado inclusive por veterinários. Devemos colocar o peixe em um recipiente com água do próprio aquário. Um pote, com água suficiente para cobrir o peixe. Após, acrescenta-se 30% de vodka. O peixe irá rapidamente deitar-se no fundo. A respiração irá diminuir até parar.

3) Desidratação: Consiste na retirada do peixe da água, deixando-o secar ao tempo. A morte não será instantânea e irá causar sofrimento ao peixe.

4) Congelamento: Simplesmente coloca-se o peixe em um recipiente com água que será levado ao congelador. Assim como a desidratação, o congelamento não é instantâneo e certamente irá causar sofrimento ao peixe.

5) Cozimento: Colocar água para ferver e quando ela estiver escaldando, jogar o peixe na água. Dizem que a morte é imediata, mas acho muito cruel, inclusive para o aquarista.

6) Decapitação: Como o próprio nome sugere, deve-se cortar a cabeça do peixe com um único golpe, separando-a do corpo. A morte será instantânea, contudo, não será algo agradável de se ver. Recomenda-se sedar o peixe antes da decapitação. O éter pode ser utilizado para isso.

7) Esmagamento: Recomendado para peixes pequenos. Primeiramente o peixe deverá ser sedado. Após, coloca-se o peixe em um plástico sobre uma superfície lisa e plana. Finalmente, o peixe deverá ser atingido com algum instrumento pesado, como uma barra de ferro, por exemplo. Assim como na decapitação, a morte é instantânea, no entanto, também é um método desagradável de se ver.

8) Concussão: Método extremamente cruel pelo qual o peixe deve ser colocado em um plástico e golpeado contra uma parede ou outra superfície dura. Recomendado para peixes grandes. Em tese, a morte se dará por traumatismo craneoencefálico, método condenado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária.

Por mais cruel que tais métodos possam parecer, eles são muito menos cruéis do que simplesmente jogar o peixe no vaso sanitário e dar descarga, que é o que a maioria dos aquarista faz com peixes doentes. É importante deixar bem claro que estamos falando de peixes em estado terminal, que estão visivelmente sofrendo no aquário. Não estou sugerindo a eutanásia para um peixe com íctio ou qualquer outra doença simples.

Lembre-se sempre que cabe a você, e somente a você, decidir se deve ou não fazer a eutanásia. Se você não se sente preparado, não faça! Se você acha que deve lutar até o fim pela recuperação do peixe, não faça! Se tem esperanças de que o peixe irá melhorar, não faça!

Agora se você acredita que seu peixe está sofrendo e que tudo que você podia fazer já foi feito, bem como não tem problemas morais quanto à isso, a eutanásia é sim uma opção.

Quando a conversa entra no tema iluminação em aquários a frase mais ouvida é que devemos manter 1 W de luz por litro de água. Essa é uma das fórmulas mais genéricas que existem no aquarismo e deve ser seguida com muita cautela. Temos de entender primeiro qual o tipo de lâmpada a que essa fórmula refere-se, se é tubular T8 ou T5 HO, se é fluorescente compacta, HQI ou os recentes LEDs. 

Além do tipo de lâmpada é necessário identificar o que o aquarista busca com a iluminação, se é um aquário plantado, um aquário com plantas (sim, são diferentes e podemos abordar mais adiante), um aquário somente de peixes ou ainda um reef (aquário marinho com corais). Usualmente para aquários somente de peixes (no inglês, fish only) ou aquários com plantas podemos manter uma iluminação mais simples com lâmpadas do tipo "luz do dia", essas mesmo que usamos para iluminar a cozinha de casa, acrescentando algum tom de azul ou rosa em aquários de água doce para realçar as cores dos peixes. 

Penetração da luz do Sol na águaPara aquários plantados temos que entender as necessidades das plantas, qual espectro da luz é mais eficiente no processo de fotossíntese e desta forma concentrar os esforços e investimentos na lâmpada adequada. Falando de modo geral, sem aprofundar conceitos ou detalhes técnicos, as plantas aproveitam com mais eficiência os espectros vermelhos e amarelos da luz, desta forma podemos ter mais lâmpadas que emitam essa frequência. 

Outro ponto a considerar é a atenuação que a água proporciona. O vermelho atenua primeiro, até que reste apenas o azul, por isso em aquários marinhos com corais é necessário investir em espectros azuis, uma vez que, como os corais se encontram no mar, em profundidades maiores que as plantas nos rios e lagos, com o passar de milhões de anos, eles evoluíram para aproveitar melhor essa faixa. 

A fauna é outro grande critério para equalizar a iluminação do aquário. Não basta comprar lâmpadas que atendam aos demais pontos da montagem e colocar os peixes que se deseja dentro do aquário. Ocorre que muitas espécies, como as de hábitos noturnos ou as que vivem em tocas, preferem locais sombrios. Também há peixes que vivem em águas escurecidas por ácido húmico ou na sombra de vegetações, preferindo pouca iluminação. É o caso dos Neons, Acarás Bandeira, Acarás Disco entre outros. O melhor seria respeitar os níveis de claridade de cada espécie no aquário, investigando como era a vida delas no meio natural (mesmo que nem existam mais em meio selvagem).

Muitos amigos criadores ficam preocupados que seus peixes estejam acanhados, parados, estressados, agressivos ou agitados, emagrecendo excessivamente ou até morrendo, sendo encontrados mortos fora do tanque, etc. Peixes como Bótias, Labeos e Dojôs podem até sobreviver na claridade, mas precisam de tocas para relaxar. Peixes de hábitos noturnos também não gostam de muita claridade, como por exemplo os Gobis, Synodontis, Cobras Kulli, Ituís e alguns Cascudos, que necessitam de tocas para passar o dia. A verdade é que quase nenhum peixe gosta de luz forte no aquário, como se fosse um Sol ao meio dia. Ainda é recomendado manter uma rotina de acender e apagar as luzes sempre no mesmo horário. Deixar a claridade da manhã entrar no ambiente algum tempo antes do acender das lâmpadas é indicado para que a claridade não seja repentina, mas gradual, ou então ir acendendo as lâmpadas aos poucos e apagá-las da mesma forma ao final do dia.

Aquário com zonas de sombraÉ preciso atentar para outros fatores que definem a iluminação como a profundidade e o comprimento do aquário, o substrato que se pretende usar e a cor da água, caso dos aquários de águas mais escuras ou cor de chá (no inglês, blackwater). Por exemplo, quem tem aquários com 100 cm ou mais de comprimento não precisa clarear o ambiente totalmente, pode deixar alguma parte com pouca iluminação.

Também não se pode descuidar do perigo das algas, pois uma iluminação mal projetada poderá trazer muita dor de cabeça com esses visitantes indesejados em suas diversas espécies, desde as algas que deixam a água esverdeada até as filamentosas, as marrons, pretas e azuis, como cianofíceas, entre outras.

Sobre a eficiência das lâmpadas, até pouco tempo atrás as HQIs eram imbatíveis para marinhos por sua eficiência em reproduzir infinitas cores. Com seus filamentos de alta incandescência são as que mais se aproximam do espectro solar, visualmente formando imagens de "bilhões de cores", muito próximas às que visualizamos sob a luz do Sol. Porém estão perdendo espaço para os LEDs exatamente pela falta de praticidade e pelo fato de esquentarem muito, além do alto consumo de energia elétrica.

Os LEDs com sua praticidade e durabilidade estão cada vez mais populares. O LED RGB basicamente trabalha com três cores (RGB de "red", "green", "blue"), as demais são obtidas com revestimentos da pastilha do diodo luminescente com os vários tipos de fósforo em diversas combinações o que, visualmente, permitiria destacar na imagem assim formada aos nossos olhos, algo como "256 cores". Nos LEDs brancos, por exemplo, não há a opção de gerar cores (apenas a branca) pois isso depende do tipo de semicondutor utilizado no diodo. A maior vantagem dos LEDs em aquários marinhos é o fato de não esquentarem a água, dispensando em alguns casos até mesmo o Chiller. Nos plantados os LEDs ainda engatinham, e hoje não se tem uma opinião totalmente formada sobre como acertar na iluminação LED para aquários plantados (estamos em 2015 e a tecnologia no aquarismo evolui muito rápido, talvez quando você estiver lendo esse artigo, as coisas já estejam diferentes).

Lâmpadas fluorescentes T5Quando falamos de aquários plantados as tubulares ainda reinam absolutas por terem um espectro mais estendido e não esquentarem a água. Ainda dependentes de "combinações de fósforo", permitem visualmente formar imagens com "milhões de cores" e mais próximas, portanto, do que enxergamos sob o Sol. Com estes milhões de cores, a facilidade de acesso e o preço mais acessível em relação às luminárias de LED, as fluorescente T5 HO (HO de High output) ainda devem ter uma vida longa nos aquários plantados. Fluorescentes compactas (conhecidas também como lâmpadas econômicas, aquelas lâmpadas fluorescentes que rosqueamos nos bocais tradicionais), talvez pelas limitações impostas no PAR e espectros, são mais recomendadas para aquários de baixa manutenção, "low tech"  ou somente de peixes, pois acabam sendo um fator limitante para o desenvolvimento de muitas plantas.

Portanto, como podemos ver de forma resumida, a iluminação ideal em um aquário depende de diversos fatores. Os vendedores devem estar preparados para questionar o cliente no sentido de entender qual tipo de aquário é pretendido e assim poder indicar a iluminação mais adequada, de acordo com o desejo de investimento do aquarista e garantido que este tenha uma experiência satisfatória com seu aquário. 

Por último e não menos importante, vale ressaltar que após sua utilização, as lâmpadas não devem ser descartadas no lixo comum. Existem pontos de descarte especializados no tratamento dos elementos tóxicos que compõe as lâmpadas e que saberão dar um destino adequado para eles, sem que façam mal ao meio ambiente. Aqui você pode encontrar alguns desses locais.


Siglas:

CFL - Compact Fluorescent Lamp. Lâmpada "econômica" fluorescente comum. Não precisa de reator externo pois o mesmo está embutido na lâmpada e pode ser rosqueada em qualquer bocal, antigamente utilizado para lâmpadas incandescentes.

HQI - Hydrargyrum Quartz Iodide. Tipo de lâmpada com descarga de alta intensidade, de vapor de mercúrio.

LED - Light-Emitting Diode. Diodo emissor de luz.

Lúmen - Unidade de medição de luz (espectro visível) pelo olho humano.

LUX - Unidade de intensidade de luz visível pelo olho humano. Representa a quantidade de lúmens que incidem sobre um metro quadrado.

PAR - Photosynthetically Active Radiation. Radiação Fotosinteticamente Ativa, representa o espectro de luz "visível" por animais ou plantas que realizam o processo de fotossíntese (plantas, corais, algas, etc).

PL - Philips Lighting. Versão antiga dos CFL, onde as lâmpadas precisam de um reator externo. Ainda é muito utilizada no aquarismo.

T5 - Lâmpada Tubular Fluorescente tipo T5, de 15,9mm de diâmetro (5/8 de polegada), mais fina que o modelo T8, mais comum. Existe a versão T5 HO (High Output) muito utilizada no aquarismo, por emitir mais lúmens por m2, em relação ao seu consumo em Watts.

T8 - Lâmpada Tubular Fluorescente tipo T8, de 25,4mm de diâmetro (1 polegada). É a lâmpada mais comum entre as fluorescentes tubulares. Há ainda a T10, que possui o diâmetro um pouco maior (33mm) e que também é facilmente encontrada em supermercados.

Watt - Unidade de potência ativa elétrica, equivalente a 1 VA (volt-ampere). Também conhecida como Vátio.

 

Colaboração: Julio León e Katsuzo Koike.

Muitos aquaristas cometem erros quando estão começando, afinal é errando que se aprende, mas muitas vezes esses erros geram verdadeiros desastres no aquário o que faz com que muitos desistam do hobby logo nos primeiros meses. Isso é muito triste pois deixam de desfrutar de um dos mais belos prazeres da vida, que é o de poder reproduzir um pedacinho da natureza dentro de casa.

Foi pensando nisto que resolvi escrever este artigo, que na verdade é uma espécie de "tabelão" dos cuidados que devemos ter com nossos aquários para evitar situações indesejáveis e desmistificar o mito de que aquário dá muito trabalho, principalmente na hora de limpar. Seguindo a tabela abaixo, seu aquários sempre estará em ótimas condições e torna-se desnecessária a errônea limpeza geral do aquário.

É claro que nem todos os cuidados foram mencionados, mas tentei ser o mais simples possível e abranger os mais básicos, necessários para alcançar o sucesso no aquarismo, principalmente para os iniciantes.

Intervalo Manutenção Observação
semanal Troca parcial de água

Trocas parciais de 20% de água são indispensáveis  Elas podem ser consideradas umas das ações mais importantes para se manter um belo aquário. Pois através da renovação da água, é que eliminamos alguns excessos como de nitratos e fosfatos e repomos algumas substâncias importantes. É bom deixar claro que a água nova deve ser tratada com produtos que além de eliminar o cloro, neutralizam metais pesados, possuem propriedade anti-stress, etc. Bons exemplos são Alcon Protect (nacional), Tetra AquaSafe (importado).

semanal Sifonagem do fundo

O ato de sifonar o fundo do aquário, ajuda muito na eliminação da matéria orgânica em excesso, consequentemente diminuimos os níveis de nitratos e fosfatos. A sifonagem deve ser feita com cuidado em aquário de plantas naturais, tomando cuidado para não sifonar num raio de no mínimo 5cm das plantas, evitando assim que se danifiquem suas raízes. Esse processo deve ser feito com o auxílio de uma ferramenta apropriada para este fim, um sifão, que é facilmente encontardos em lojas de aquário e por preços bastante acessíveis.

semanal Adição de fertilizantes ou condicionadores líquidos para as plantas*

Não são só os peixes que precisam de alimentação, as plantas também precisam ser "alimentadas", e ai entra o papel dos condicionadores para as plantas aquáticas, eles repoem os elementos que as plantas necessitam para se desenvolver, como por exemplo o ferro, tão importante para a fotossíntese. Infelismente ainda não temos produtos nacionais de boa qualidade para esse fim, então temos que depender dos importados, entre eles recomendo, Seachem Flourish, Seachem Flourish Iron, Tetra Flora Pride ou Planta Min.

semanal Retirada das folhas mortas*

Mais umas vez, devemos nos preocupar com o acúmulo de matéria orgânica que pode nos trazer muitos problemas, então é importante que retiremos as folhas mortas que se ainda não, logo entrarão em decomposição. Veja que retirar as folhas mortas é diferente de podar as plantas.

semanal Limpeza das algas que estão no vidro

Se aparecerem alguns pontos verdes no vidro do aquário, não se preocupe pois é sinal que as condições estão boas, mas isso pode se tornar anti-estético para alguns aquaristas, então você deverá retirá-las usando um limpador magnético de boa qualidade vendido em lojas de aquários ou mesmo uma esponja dessas usadas na cozinha, mas deve ser novas e nunca ter tido contato com qualquer substância de limpeza. Algumas pessoas preferem só limpar o vidro dianteiro e deixar os lateriais e posterior com um aspecto mais natural. Se você optar pelas esponjas, tome muito cuidado, pois algumas possuem substâncias anti-bacterianas o  que provocariam um verdadeiro desastre se usadas no seu aquário. Um exemplo são as da marca 3M.

semanal Limpeza externa dos vidros

É comum em aquários, principalmente os que possuem uma dureza alta como os de africanos, que as tampas de vidro fiquem "sujas" com uma espécie de camada sobre os vidros, o que pode diminuir a passagem da luz e atrapalhar o crescimento das plantas, para isso basta passar um pano úmido nas tampas em ambos os lados para a remoção dessa "camada". Os vidros dianteiro e laterais também tendem a ficar com marcas da água queas vezes escorre, o que é facilmente resolvido usando um pano úmido.

quinzenal

Poda das plantas*

As vezes as plantas crescem muito e acabam prejudicando as outras, impedindo as passagem da luz. Nesse caso a solução é a poda, que deve ser feita com um tesoura e tomando cuidado para não machucar a planta. Alguns aquaristas realizam a poda semanalmente, mas minhas experiências comprovaram que a poda muito freqüente ocasiona o enfraquecimento da planta, provocando o raquitismo. Então recomendo intervalos de no mínimo 15 dias a cada poda.

mensal Fertilização do solo*

Algumas plantas preferem absorver seus nutrientes pela raiz, é o caso das Echinodorus ssp., Cryptocoryne ssp., entre outras. Para isso, existem produtos que fertilizam principalmente as raízes, normalmente são pastilhas que colocamos perto das raízes das plantas e que fornecem parte do seu alimento. Recomendo Tetra Hylena Crypto.

bimestral Manutenção dos filtros

A cada dois meses é recomendável fazer um limpeza no filtro do aquário, claro que se você usar FBF (aquelas placas de fundo), não vai limpá-las a cada dois meses! Refiro-me a filtros externos e cannisters. Atenção no momento de lavar os locais de colonização de bactérias ou o "filtro biológico", use a própria água do aquário para não matar as bactérias tão importantes para o funcionamento do mesmo.

semestral Trocas das lâmpadas*

Você deve trocar suas lâmpadas fluorescentes a cada 1 ano, pois depois disso elas perdem algumas de suas propriedades importantes para as plantas, mas nunca troque todas de uma vez pois isso pode causar um choque no seu aquário, troque metade a cada 6 meses, por exemplo se você possui 4 lâmpadas, troque 2 e só depois de 6 meses troque as outras duas. Por isso considero essa como uma medida semestral e não anual.

* Somente necessário em aquários de plantas naturais.

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Podemos entender por estresse qualquer condição em que o peixe torna-se incapaz de manter um estado fisiológico e comportamental normal devido a um ou mais fatores estressantes. Um fator estressante ou estressor é todo agente que provoca reação de estresse.

Os agentes estressores são divididos em três categorias.

Físicos. Captura, manipulação, transporte, temperatura da água, densidade populacional, alimentação, intensidade de luz, etc.
Químicos. Amônia, nitrito, pH, presença de poluentes, concentração de oxigênio dissolvido na água, etc.
Biológicos. Patógenos (organismos capazes de gerar doenças).
Pode ser também considerado um agente estressor algo percebido pelo peixe, como a presença de predadores.

O estresse é um estado produzido pelo ambiente ou outros fatores que exige do peixe respostas de adaptação que ultrapassam a faixa normal de funcionamento de seu organismo. A Síndrome da Adaptação Geral (SAG) é um modelo que caracteriza as alterações fisiológicas e comportamentais frente a um agente estressor e divide-se em três fases.

Cascudo estressado e sem abrigoReação de Alarme. Ocorre imediatamente ao momento em que o peixe tem o primeiro contato com o agente estressor e tem uma resposta endócrina (liberação de substâncias como adrenalina e noradrenalina) muito rápida. 

Reação de Resistência. É uma fase de maior duração e marcada por alterações fisiológicas secundárias, como excessiva liberação de cortisona e cortisol. Estas substâncias causam imunodepressão, debilitando o peixe e comprometendo suas defesas imunitárias. As respostas fisiológicas nesta fase são uma tentativa de ajuste do peixe frente ao ambiente buscando um novo equilíbrio.

Reação de Exaustão. É basicamente marcada pela falha dos mecanismos de adaptação, em função da duração e/ou severidade dos agentes estressores. O peixe fica esgotado por sobrecarga fisiológica, excedendo seu limite físico e tornando-se propenso ao desenvolvimento de doenças oportunistas ou a morte.

Parece complicado, mas é realmente mais simples e comum do que se imagina. Um exemplo?

O aquarista vai à loja comprar ração. Só ração. No momento em que entra, o inevitável acontece: vai olhar as baterias e, em um expositor qualquer, vê os peixes que quer faz tempo e nunca encontra. Alguma dúvida sobre o que acontece?

Kinguio recém chegado ainda no saquinhoRedinha, saco plástico, os peixes chacoalhando lá dentro até ele voltar para casa (estressores físicos). Já na aclimatação (só para simplificar, vamos esquecer da quarentena e sua importância) o aquarista percebe que os peixes perderam a cor, estão agitados e com a respiração acelerada (resposta fisiológica a um fator estressante). No momento de soltá-los no aquário, na maior expectativa para vê-los nadando, eles simplesmente se escondem (resposta comportamental a um fator estressante). E lá fica nosso aquarista, parado na frente do aquário, na maior frustração.

Talvez este seja o exemplo mais comum de estresse que observamos. Os peixes passaram por uma situação de ameaça e deram respostas de adaptação, buscando um novo equilíbrio para sua sobrevivência (homeostase). Como estes estressores (captura, transporte, inserção em ambiente desconhecido) são de curta duração, é provável que em vinte e quatro horas os peixes estejam adaptados, com cor e respiração normais, explorando o aquário e se alimentando. Já a exposição crônica e prolongada a fatores estressantes acarreta alterações patológicas mais severas como redução da capacidade reprodutiva, diminuição na taxa de crescimento e resistência a doenças, podendo inclusive levar ao óbito.

Basicamente por desconhecimento, algumas pessoas que mantém aquário não atentam para a importância e o cuidado de não estressar seus peixes. Na verdade, sequer imaginam o quanto suas ações ou o próprio ambiente de casa podem contribuir para isto, levando à perdas indesejadas e prejudicando a criação. Abaixo segue uma pequena lista das situações mais comuns que levam os peixes ao estresse e que devem ser evitadas ou corrigidas.

- Manter o aquário em local muito agitado da casa, constantemente cheio de pessoas.


- Excesso de barulho próximo ao aquário: peixes não "escutam" como nós, mas são sensíveis a vibrações sonoras. Bater no vidro do aquário também não é boa ideia.


- Movimentos bruscos, que costumam assustar os peixes.


- Criador (ou crianças) perseguindo os peixes com a redinha ou outro objeto qualquer.


- Deterioração da qualidade da água.


- Modificações constantes na posição de pedras, troncos, ornamentos, plantas. Depois de colocados os peixes, seu espaço deve ser respeitado. 


- Alimentos de baixa qualidade ou sempre o mesmo alimento (única ração). Oferecer alimento demais ou de menos conforme a espécie e segundo os habitantes do aquário.


- Superlotação: muitos peixes para pouca água (inclusive peixe de grande porte em tanque pequeno).


- Fauna incompatível: manter espécies pacíficas com outras agressivas que perseguem, machucam, coagem ou matam.


- Manter um único exemplar de peixes que vivem em grupo, como Corydoras ssp. ou Paracheirodon ssp. (Neons), por exemplo.


- Grandes variações de temperatura (cinco graus Celcius ou mais durante o dia) ou temperatura fora do intervalo de conforto para a fauna (muito quente ou muito frio).


- Grande diferença nos parâmetros da água entre o aquário da loja e o de casa, ou parâmetros (em casa) impróprios para a espécie comprada: por exemplo, peixes de águas ácidas e moles colocados em água dura e alcalina.


- Iluminação muito potente, sem o oferecimento de áreas de sombra ou recursos que minimizem a claridade.


- Utilização de filtro, bomba submersa ou cortina de bolhas que provoquem muita correnteza ou turbulência, quando a fauna reconhecidamente prefere água calma. 


- Falta de plantas para oferecer abrigo e de tocas para peixes que gostam de se esconder, principalmente os de hábitos noturnos.


- Coluna d’água rasa demais para peixes que necessitam de certa profundidade (manter acarás bandeira em aquário com 30 cm de coluna d’água quando precisam de pelo menos 40 cm, sendo o melhor 50 cm a 60 cm).


- Forçar os peixes a "aparecer" no aquário, seja com a mão ou algum objeto, fazendo-os sair de tocas e esconderijos, expondo-os sem necessidade.


- Inserir os peixes em aquário sem ciclagem.


- Usar água com cloro e metais pesados.

O que todo aquarista quer é ter um belo tanque para poder aliviar o próprio estresse diário. Porém, ele precisa deixar a contemplação agradável e acostumar-se a atentar para o que ocorre em seu tanque. Evitando ou corrigindo os pontos citados, haverá com certeza uma grande queda de estresse no aquário. Peixes estressados perdem suas cores, mudam o padrão de natação, não se alimentam, vivem parados, assustados, escondidos, adoecem com facilidade e chegam a morrer. Como sempre é bom lembrar, peixe não é brinquedo. Cuide bem dos seus!

 

Escrito por: Katsuzo Koike e Solange Nalenvajko

NITROGÊNIO ( nitrogen ): símbolo N. Um elemento incolor e gasoso que pertence ao grupo 15 da tabela periódica. Ocorre no ar e é um constituinte essencial de proteínas e de ácidos nucléicos nos seres vivos. O nitrogênio é obtido para fins industriais por destilação fracionada de ar líquido. O elemento é usado para produzir amônia.

AMÔNIA (ammonia): o gás de odor pungente, amônia, tira seu nome dos amoníacos, adoradores do deus egípcio Amom, os quais, como os covardes de anos mais recentes, usavam sal volátil (cloreto de amônio) nos seus rituais.
A amônia é um dos produtos químicos mais importantes, pois dá início à cadeia de produção industrial de alimentos.
A amônia é um gás incolor e inflamável, nas condições normais. Dissolve-se prontamente em água, pois forma pontes de hidrogênio com as moléculas de água. Essa alta solubilidade contribui para a nossa percepção do seu odor, já que a amônia é capaz de dissolver facilmente no meio aquoso que reveste o epitélio olfativo do nariz.

Este texto é uma adaptação de um e-mail do aquarista e fotógrafo Airton Tamashiro, o e-mail foi de tal impacto sobre os aquaristas, por sua simplicidade e competencia que acabou virando um artigo. Vale a pena ser lido tanto pelos iniciantes como pelos mais experientes no hobby.

Não há como saber com exatidão essa estatística, mas o primeiro impacto que a maioria dos aquaristas iniciantes sofre diz respeito à perda de peixes causada por água nova da torneira. É a velha história: na loja de aquários, diante da beleza de tantas espécies de peixes e plantas, as crianças, jovens e até adultos se entusiasmam e terminam comprando o que bem lhes apetece. Em seguida, vem o maior erro: a compra do aquário e dos materiais juntamente com alguns peixes em um saquinho.

Embora haja vendedores que orientam bem as pessoas inexperientes no aquarismo, muitos deles ainda confundem os clientes, não passam detalhes importantes, e até vendem substâncias anti-cloro junto com as outras coisas, a fim de minimizar os prejuízos, como se isso resolvesse tudo. Ora, a ansiedade do aquarista novato é tanta que ele não vê a hora de chegar em casa, arrumar o aquário, enchê-lo de água e colocar os peixes dentro.

Infelizmente, a água usada naquele aquário novo é a da torneira mesmo, ou do chuveiro, o que dá na mesma. Muitos não sabem, mas essa “água nova da torneira” é altamente venenosa para os pequenos peixes.Alguns lugares onde o cloro é encontrado

O perigo é que as águas tratadas das cidades recebem certa quantidade de cloro para matar as bactérias ruins e tratar a matéria orgânica da água (por exemplo, servindo de desinfetante para os coliformes fecais). Claro, existe um índice mínimo de cloro indicado pelo Governo para as águas serem chamadas de “tratadas”, mas para além disso, as quantidades variam muito. Segundo informa o site da SABESP, companhia de água de São Paulo: “O cloro é um agente bactericida. É adicionado durante o tratamento, com o objetivo de eliminar bactérias e outros micro-organismos que podem estar presentes na água. O produto entregue ao consumidor deve conter, de acordo com o Ministério da Saúde, uma concentração mínima de 0,2 mg/l (miligramas por litro) de cloro residual”. O valor máximo de cloro residual tolerado na água para consumo no Brasil é de 2,0 a 5,0 mg/L. Mas não é tão incomum que algumas cidades estejam consumindo águas com bem mais cloro que isso, sendo perceptível pelo odor, coloração turva azulada, irritação dos olhos e garganta, além da pele e mucosas. A substância clorada geralmente utilizada para a esterilização da água é o Hipoclorito de Sódio (NaClO), que é também o principal agente presente na Lixívia ou Água sanitária, para lavagem e branqueamento de roupas, por exemplo. 

O problema é que cada cidade de nosso país tem uma diferença em quantidade de cloro residual nas suas águas. Isso depende da qualidade da água de seus reservatórios: quanto mais poluída ou suja a água for, mais cloro é adicionado. Em seu tratamento, a água ainda recebe cal e flúor, além de cloro. Por isso, nem sempre os anti-cloro colocados nos aquários recém-montados funcionam a contento, pelo menos na quantidade indicada na bula.

Recipiente com cloroMuita gente não sabe que o cloro é injetado na água na forma de gás liquefeito, e portanto, capaz de evaporar para a atmosfera com o passar do tempo. Por isso, a água da torneira descansada por dois ou três dias terá praticamente eliminado o seu cloro.

Ás vezes pequenos detalhes na manutenção do aquário farão toda diferença: no momento da TPA, muitos utilizam água direto da torneira. Mesmo que seja utilizado algum condicionador nessa água, o cloro não será totalmente eliminado. Ainda assim, essas substâncias podem retirar maior parte do cloro, mas deixam a amônia, mortal para os peixes. Uma solução, caso use água direto da torneira, é não passar de 10% no volume da troca, para os efeitos serem minorados. Sob efeito de cloro, os peixes ficam apáticos, ofegantes, com nado irregular, às vezes na superfície da água, ou parados no fundo do aquário.

Realmente, o cloro na água tratada não só reage com outros materiais, quanto existe em outras formas, como as cloraminas, substâncias que se formam da reação da amônia e cloro, na água. A adição de amônia em água onde haja cloro livre gera as cloraminas (mono-, di- e tri-cloraminas, sendo esta última menos fatal aos seres vivos), perigosas para a biologia do aquário.

A título de curiosidade, poucos sites revelam que as cloraminas são mais estáveis que o cloro gasoso, permanecendo um bom tempo ativas na água. Por isso, é bom o aquarista avisado pesquisar a qualidade da água abastecida em sua região, a fim de não ter surpresas indesejáveis quando for condicionar a água para uso em aquários. Um meio eficaz de eliminar cloraminas é o uso de um filtro com carvão ativado (no caso de água para beber, usar um filtro de ozônio); segundo as fontes, as cloraminas não alteram o pH da água, produzem poucos compostos orgânicos e deixam odor e sabor da água menos agressivos que os do cloro puro (até seus efeitos sobre os seres humanos são mais leves, diferente do cloro livre - daí seu uso cada vez maior pelas companhias de tratamento e saneamento de água).

Bem, se o nosso aquarista vivesse próximo a um ribeirão ou fonte de águas límpidas, e enchesse o se aquário com essa água, 99% dos acidentes de mortandade de peixes não ocorreriam, pois a chance de adaptação em água natural e viva é bem maior, para os seres aquáticos. Mas sabemos que quase ninguém mais mora perto de riachos e fontes limpos. E até nossos rios, lagoas e barragens estão poluídos e infectados. 

 

 Os conselhos que posso deixar aqui, para os amigos aquaristas iniciantes são:


a) Não coloque os peixes em água de torneira recém colhida, se não quiser perdê-los;

b) Não confie sempre em substâncias desclorificantes, por respeito à vida dos peixes;

c) Deixe o seu aquário ciclando por uns 10 a 20 dias, cheio, montado e sem peixes, e com tudo funcionando, do filtro, bomba à iluminação. As plantas já podem estar no aquário nesse período, pois ajudam a biologia do sistema equilibrar. Paciência aqui é o segredo.

d) Sempre tenha um depósito limpo, tampado, com água descansada, pronta para uso. Será importante por causa das trocas parciais necessárias.

 

No final das contas, a maior ameaça no aquarismo é a falta de informação sobre a vida aquática, a qualidade da água, os peixes, seus hábitos e sua manutenção adequada.

O pH é o potencial de hidrogênio, a grosso modo seria o "balanço" entre os íons H e os íons OH presentes na água. O pH 7 é neutro, ou seja, a quantidade de cargas H é equivalente à quantidade de cargas OH. Quando há mais íons H do que OH, o pH é ácido, do contrário, alcalino. O pH é uma escala logarítmica, o que significa que um ponto de pH significa 10 vezes mais acidez ou alcalinidade. 

Geralmente compramos o nosso primeiro betta para nos servir de pet fish, ou seja, um único peixe de estimação para dar atenção e aprender mais do hobby. É lógico que queremos criar um lar adequado para ele, porém a maioria dos petshops e algumas lojas de aquarismo nos vendem a ideia que o betta pode viver em um recipiente de 1 litro. Nesse artigo veremos como criar, passo a passo, um lar adequado e bonito para nosso amigo aquático.

Este artigo apresenta um aquário exemplo para meu uso pessoal (ganhei um betta e queria fazer um aquário bem didático e legal para ele). Decidi que ele seria plantado (já que eu gosto muito de plantas e ele também), e de baixa manutenção (não tenho tanto tempo para manter o aquário). 

O artigo tem os seguintes tópicos: 

  1. Escolha do aquário (dimensões, vidro, o valor de ter o aquário customizado, etc).
  2. Hardscape
  3. Substrato
  4. Plantio
  5. Filtragem

 

Escolha do Aquário

Para poder escolher um bom aquário, temos que considerar o espaço que temos em casa. É bom lembrar que:

  • O peixe precisa de espaço para nadar. É o equivalente a um cachorro; precisa de um quintal ou espaço para correr e andar.
  • Um aquário precisa de um volume mínimo de água para manter os parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, amônia etc) estáveis. Parâmetros não estáveis podem causar doenças e até a morte do nosso peixe. Para um betta, pessoalmente recomendo um mínimo de 15 litros de água.

Considerando esses dois pontos e o espaço que temos nesse exemplo, escolhi um aquário de 35cmx25cmx20cm (Comprimento x Largura x Altura).

  • Isso dá 17 litros brutos de água, que depois de montado dará uns 15 litros aproximadamente. 
  • O aquário é baixo por minha preferência na hora de plantar e distribuir a iluminação.
  • O perfil de 35x25cm com apenas 20cm de altura dá uma sensação de que o aquário é realmente maior do que é. Podem escolher também tamanhos mais tradicionais como 30x25x25cm, ou 40x30x30cm.
  • Finalmente, o aquário estará ao lado do meu computador. 

A figura abaixo mostra a posição inicial do aquário, com o tipo de iluminação que escolhi (uma luminária de gancho que já tinha, com uma lâmpada fluorescente compacta de 15W).

 

Preparando um aquário para betta

  

Hardscape

Hardscape é uma palavra bonita para "decoração". A decoração ou paisagem "dura" vem a ser o que colocamos no aquário para dar estrutura: troncos, rochas, enfeites, etc. Há algumas regras de percepção visual (psicológicas) que nos dão a sensação de harmonia. No exemplo, eu utilizo troncos comumente comprados em lojas de aquarismo e petshops (aroeira e goiabeira) que afundam sem problema (é preciso testá-los antes num balde para saber se irão boiar ou não). Depois dos troncos, algumas rochas pequenas irão ajudar a dar uma sensação de naturalidade à paisagem.

É importante saber que não é obrigatório que o aquário seja plantado. Alguns aquários tipo biótopo (representação de um habitat natural) não tem plantas e apenas arranjos de troncos e rochas.

 

Preparando um aquário para betta

Começamos utilizando um tronco base numa posição agradável.

 

Preparando um aquário para betta

Seguimos com um segundo tronco, um pouco menor, para dar uma estrutura mais natural. O espaço entre os troncos será importante na fase de plantio.

 

<Preparando um aquário para betta

Colocamos um terceiro tronco para ter uma estrutura completa

 

Preparando um aquário para betta

Aproveitamos para ver outros ângulos e avaliar nosso hardscape.

 

Preparando um aquário para betta

Como não gostei do leiaute, decidi testar novas posições e retirar alguns dos troncos. Usei pequenas caixas de suporte (que depois serão retiradas) para ter uma noção de altura.

 

Preparando um aquário para betta

Adicionamos as rochas e nosso hardscape está quase pronto. É bom tirar uma foto nesse momento, pois colocando o substrato podemos realizar alterações para nos adequarmos com a altura, e vamos precisar lembrar as posições que mais nos agradaram.

 

Substrato

 

Aqui temos que decidir se queremos um aquário plantado (densamente), um aquário com plantas (poucas plantas para enfeitar) ou um aquário apenas de hardscape (ou plantas artificiais). Todas as opções são válidas, a escolha é sua dependendo do que você mais gosta e tenha tempo para manter. No meu caso, eu quis um aquário plantado com a maioria das plantas de baixa manutenção.

Uma vez escolhido o tipo de aquário, podemos escolher o substrato preferido. No caso dos aquários com plantas artificiais ou sem plantas, iremos procurar um substrato inerte (que não reage nem tem nutrientes). Já com aquários plantados temos duas opções:

  • Utilizar um substrato fértil (não inerte) para fornecer nutrientes. Iremos precisar cobrir esse substrato com uma camada maior de substrato inerte, pois o substrato fértil não deve ficar em contato com a coluna d'agua. Um bom substrato fértil industrializado, na minha opinião, é o Aquamazon Natural Soil.
  • Utilizar um tipo de substrato fértil industrializado que pode ficar em contato com a coluna d'agua (método preferido). Substratos desse tipo são, por exemplo, ADA Aqua Soil Amazonia ou MBreda Amazonia.

Nesse exemplo, eu utilizei o método antigo (húmus de minhoca tratado e laterita) para substrato fértil, pois eu já tinha sobrando e queria acabar com eles. Não recomendo esse método; dá muito trabalho para tratar o húmus e considero substratos como Aquamazon Natural Soil muito melhores. Em alguns casos, já usei MBreda Amazonia e ADA Aqua Soil Amazonia e gostei muito deles; em especial, pois é só colocar e já funciona sem medo de vazamentos na coluna d'agua.

 

Preparando um aquário para betta

Laterita e húmus de minhoca tratado. Recomendo MUITO a utilização de substratos industrializados, ao invés do material que utilizei.

 

Preparando um aquário para betta

Colocando a laterita. No caso de substrato industrializado, a distribuição da laterita na foto é equivalente ao do ADA Power Sand, por exemplo.

 

Preparando um aquário para betta

Para aplicarmos substratos tipo areia e pó, eu utilizo uma jarra de 1 litro de plástico. Com isso teremos controle de quanto colocamos em cada lugar do aquário.

 

Preparando um aquário para betta

A utilização de um pincel/trincha de tinta é útil para espalhar o substrato de forma suave. Reparem que deixamos as bordas sem substrato fértil (apenas um detalhe estético) de forma que o substrato inerte irá cobrir tudo, não mostrando as camadas desde a vista frontal. 

 

Preparando um aquário para betta

Já na hora do substrato inerte temos várias opções no mercado. Podemos escolher cascalho colorido (não recomendo, liberam tinta no aquário e pode ser nocivo para o nosso peixe), cascalho de rio, areia branca, areia de filtro de piscina, de construção, de rio, e areia preta (industrializada). No meu caso, eu gostei muito do visual da areia preta (MBreda Blackblue) e foi a que eu escolhi. Usei um pote completo de 6KG para esse projeto. 

 

Preparando um aquário para betta

Para colocar a areia e não enterrar o hardscape, precisei tirar o tronco grande enquanto acomodava o resto do hardscape. Por isso foi importante tirar a foto da ideia do hardscape antes de colocar o substrato. Reparem que usei aquele pote de plástico para dar um suporte estrutural ao tronco principal. O pote ficará escondido na areia.

 

Preparando um aquário para betta

Um destaque do substrato pelo lado direito. 

 

Preparando um aquário para betta

Não tenha medo de usar muito substrato para criar altura na parte de trás. Isso irá nos dar uma perspectiva de profundidade muito importante no leiaute. Nesse caso coloquei até 13cm de altura.

 

Preparando um aquário para betta

Na frente, apenas 2cm de substrato foram necessários. Cada caso vai variar de acordo com o leiaute.

 

Dica:

Utilizar o substrato alto na parte de trás nos dá um bom leiaute com profundidade. Porém, com o peso d'agua e o tempo, esse substrato irá escorregar pela gravidade. Para evitar isto, eu utilizo suportes de substrato, feitos de plástico (aquele de pastas plásticas encontradas nas papelarias).

 

Preparando um aquário para betta

Cortamos a pasta em superfícies que possam nos ajudar, e medimos mais ou menos a altura que iremos segurar com o suporte.

 

Preparando um aquário para betta

Preparamos o suporte cortando com uma tesoura.

 

Preparando um aquário para betta

Finalmente enterramos o suporte na areia. Isso evitará que o efeito da gravidade altere nosso leiaute no tempo.

 

Pronto! Agora o aquário está pronto para ser preenchido com água, se não formos colocar plantas. No meu caso, é vital colocar plantas pois gosto demais e já as tinha de um outro aquário. A seguir, o processo de plantio.

 

Plantio

Antes de começar o processo de plantio, é importante preparar as plantas que iremos utilizar. Depois de comprar as plantas (ou ganhar) e trazê-las para casa, é importante remover o material que vem nelas, cortar as raízes pequenas e preparar os caules para o plantio.

  

Preparando um aquário para betta

Preparando Staurogyne repens.

 

Já com as plantas prontas, eu gosto de molhar o substrato utilizando um borrifador (não precisa ser como o da figura). A ideia é molhar o substrato o suficiente (que tenhamos uma coluna d'agua pequena, de 1cm acima do substrato frontal) para começar a plantar. Usamos o borrifador para não mexer no substrato e perder nosso leiaute.

 

Preparando um aquário para betta

Borrifador de pressão.

 

Preparando um aquário para betta

Plantando as Staurogyne repens.

 

Além das Staurogyne repens, eu gosto muito da planta Anubias barteri "Nana". Ela é uma planta muito resistente, que precisa de pouca iluminação e tem crescimento lento. Ela é ótima para lugares de sombra, e para preencher o espaço entre as rochas e troncos. Também é muito bonita quando presa a troncos, como se fosse uma árvore.

 

Preparando um aquário para betta

Anubias barteri "Nana" presa ao tronco usando os arames que vem nas embalagens de pão de forma.

 

Preparando um aquário para betta

Foto de perspectiva. Reparem que as Anubias estão nos vãos das rochas e troncos.

 

Preparando um aquário para betta

Completando a vegetação no fundo com Cryptocoryne sp.

 

Preparando um aquário para betta

É bom tirar uma fotografia durante o plantio para ver se estamos tendo o resultado esperado (e se gostamos dele).

 

Finalmente, não queria que o tronco ficasse totalmente visível e sem plantas. Aproveitei para colocar Musgo de Java (Taxiphyllum barbieri) nele. Usei Super Bonder para colar pequenas moitas no tronco. Não se preocupem, só a parte de contato do musgo irá morrer, mas o resto vive e cresce. 

 

Preparando um aquário para betta

Moitas de musgo.

 

Preparando um aquário para betta

 

 

Preparando um aquário para betta

 

Filtragem 

Já com o aquário pronto e plantado, temos que pensar no que o nosso peixe irá precisar. Um filtro sempre é bem-vindo; ele irá processar os resíduos orgânicos e outros químicos nocivos para o nosso betta. Eu escolhi uma opção boa e barata; o filtro de esponja. No meu caso, eu já tinha ele em outro aquário (e já estava ciclado).

Se quiser aprender mais sobre filtros e filtragem, recomendo esse artigo (A Filtragem e os Filtros).

 

Preparando um aquário para betta

Filtro de Esponja. Precisa de uma bomba de ar (compressor) para funcionar.

 

Estamos prontos! É a hora de encher o aquário com água. PORÉM, não é tão simples. Se não fizermos com cuidado, podemos estragar todo nosso esforço. Para isso, temos que tomar algumas precauções.

A ideia é evitar que a água venha com muita força e mexa no substrato. Para isso, podemos usar alguns recipientes que possam diminuir o impacto d'agua, como pequenos pratos. Eu gosto de usar um recipiente como aqueles "porta-xampus" para o banheiro, pois tem ventosas (útil para fixar no aquário) e muitos furos onde a água pode sair sem acumular pressão.

 

Preparando um aquário para betta

Suporte para encher o aquário.

 

Preparando um aquário para betta

No início tive que usar um suporte menor (criadeira de ovovivíparos), pois o tronco não deixava o suporte de xampu na base do aquário.

 

Resultados

Já com tudo em ordem, podemos curtir o resultado. Se o filtro for novo, é ideal esperar 30 dias antes de colocar o peixe. Porém, muitos não têm esse luxo de tempo (o peixe já está em casa). Nesse caso, podemos colocar o peixe, mas trocando a água constantemente.

Independente se temos ou não filtro, se tivermos um aquário com substrato fértil recomendo o seguinte esquema de troca parcial de água (TPA) para as primeiras 3 semanas:

  • Semana 1: 50% da água todos os dias.
  • Semana 2: 50% da água a cada dois dias.
  • Semana 3: 50% da água duas vezes por semana.

Depois da terceira semana, podemos seguir a rotina de TPA mais conveniente para nós. No meu caso, será uma TPA de 30% a cada 15 dias (baixa manutenção). Como só temos um peixe, a produção de carga orgânica é baixa e podemos manter essa rotina.

 

Preparando um aquário para betta

 

Um lar feliz para nosso amigo

 

Preparando um aquário para betta

Meu betta Goku curtindo o novo lar.

Devemos começar falando que após adquirir um peixe você estará levando para casa um ser vivo que requer cuidados como qualquer outro animal de estimação. Este é o primeiro passo para quem está começando no hobby, saber o tamanho da responsabilidade que se tem ao adquirir um peixe pois, afinal de contas, muitas vezes estamos retirando o mesmo de seu habitat natural e o mínimo que podemos fazer é dar a ele uma qualidade de vida digna e por mais que se faça, nunca será a mesma que na natureza. Então, proporcionar um lugar onde ele possa crescer e até quem sabe procriar é o mínimo que devemos fazer. Para tal precisamos ter em mente que um aquário bem montando e estabilizado dificilmente trará problemas futuros, a menos que haja descuido do próprio aquarista.

Vamos falar resumidamente sobre equipamentos, testes e cuidados básicos para iniciantes, mas que são fundamentais para se obter sucesso desde a primeira montagem.

Filtro. É o equipamento mais importante, pois é ele que realiza a filtragem mecânica, química e biológica do aquário. Este tem que ser bem escolhido. Dê preferência para filtros em que caibam uma boa quantidade de materiais filtrantes. Se preferir, pode-se montar um.

O recomendado é que o filtro circule no mínimo cinco vezes o volume de água do aquário. Esqueça o uso do famoso FBF (Filtro Biológico de Fundo), aquelas placas pretas sob o cascalho. Com o passar do tempo ele passa a ser mais um causador de problemas do que propriamente um filtro biológico. Este é um equipamento ultrapassado no aquarismo e mesmo que ainda haja pessoas que defendam seu uso (principalmente vendedores mal informados) é um método que deve ser definitivamente descartado.

Os materiais filtrantes que costumam usar nos filtros são os seguintes:

- Perlon. Onde ficam retidas as partículas em suspensão na água, realizando assim a filtragem mecânica.

- Cerâmica. É onde vai ficar a grande concentração da colônia de bactérias, realizando a filtragem biológica, muito importante. Pode-se também usar outros tipos de materiais não tão comuns (como fibras) para fixação de bactérias.

- Carvão Ativado: É onde será feita a filtragem química da água. Algumas pessoas utilizam removedores de amônia, de fosfatos, de nitratos, etc, mas o mais comum é o carvão ativo. Em aquários bem montados esta filtragem pode ser dispensada.

Uma recomendação muito importante é de nunca desligar o filtro. Lembre-se que a colônia de bactérias só pode ficar algumas horas sem oxigenação, muito tempo sem oxigênio tende a fragilizar e até matar toda a colônia. Vale lembrar que nunca se deve deixar o filtro ligado sem água dentro, pois ele poderá queimar por super-aquecimento.


Aquecedor com termostato. Indispensável para quem mora em regiões onde a temperatura costuma cair bastante, principalmente à noite. Este nada mais faz do que manter a água do aquário em uma temperatura constante. Por exemplo, se você regular ele em 25º e a temperatura da água cair para 24º ele aciona sozinho e faz a água voltar para os 25º.

Mudanças muito bruscas de temperatura serão prejudiciais para os peixes, por isso a necessidade do uso deste equipamento. Mesmo assim é recomendado ter um termômetro para acompanhar a temperatura em caso de uma possível “pane” do termostato.

O ideal é que a temperatura fique entre 23º a 27ºC, esse é o recomendado, mas claro que varia de espécie para espécie. Dê uma pesquisada sobre a espécie que vai adquirir e veja a temperatura recomendada para a mesma. Já adiantando, nunca deixe a temperatura acima dos 30ºC e nem abaixo dos 20ºC para peixes tropicais. Faça a escolha do aquecedor seguindo a formula de 1Watt/litro. Por exemplo, se o aquário tiver 80 litros escolha um aquecedor de 80W ou o valor mais próximo disso.

Você nunca deve ligar o aquecedor fora do aquário e mesmo se estiver dentro, o recomendado é que tire da tomada e deixe esfriar com a temperatura da água para somente depois retirá-lo. O choque térmico pode causar a quebra do vidro de proteção do equipamento.

O aquecedor somente aquece a água, não resfria. Para isso pode-se usar métodos mais baratos como ventoinhas próximas à superfície ou equipamentos mais sofisticados como um chiller, que tanto pode aquecer como resfriar a água, muito importante em aquários com invertebrados, já que nestes a água deve se manter entre 20º e 25ºC, coisa quase impossível em regiões tropicais.

Iluminação. Depende muito do tipo de aquário. Um plantado, por exemplo, requer uma iluminação maior que um aquário somente de peixes devido aos cuidados que se deve ter com as plantas. A grosso modo, é recomendado 1 Watt/litro. A grande maioria dos iniciantes no hobby aderem às plantas de plástico em seu primeiro aquário, então a iluminação não será um grande problema, podendo ter como “regra”:

Para plantados 1 Watt/litro e não plantados 0,3 Watt/litro.

Para calcular o volume de água do aquário basta multiplicar o comprimento pela altura, pela largura e com todos valores em centímetros, dividir o resultado por mil. Deste modo, se obterá o resultado em litros.

A iluminação não deve ser forte, pois deixa os peixes estressados e tira o seu brilho e cor. O período de iluminação do aquário deve ser de 10 a 12 horas diárias. Coordene também o período em que a lâmpada vai ficar acesa e mantenha sempre o mesmo horário. Escolha, por exemplo, ligar as 7:00h e apagar as 19:00h, período de 12 horas. Faça todos os dias o mesmo horário para os peixes adquirirem uma noção de “dia e noite”. Podemos também usar um temporizador que fará essa função de acender e apagar as luzes no mesmo horário, automaticamente.

Lembre-se que os peixes dormem apesar de não ter pálpebras, não se engane, eles dormem sim.

Decoração. Deve-se ter cuidado ao adquirir a decoração do aquário, pois muitas pedras/rochas têm o poder de alterar o pH da água. Neste caso, procure comprar pedras neutras, ou seja, que não interferem no pH da água. As pedras têm o poder de alcalinizar a água, mas nunca acidificar. O que faz esse efeito de acidificar normalmente são os troncos, que também fazem parte da decoração.
Falando em troncos, este também é um dos erros mais comuns de quem está começando. Por verem troncos nos aquários acabam colocando qualquer madeira sem saber que alguns soltam substâncias tóxicas na água e mesmo os que são considerados “ideais” ainda assim precisam passar por um tratamento, assunto para outro artigo.

Conchas do mar devem ser descartadas pois aumentam muito o pH, exceto se for manter, por exemplo, ciclideos africanos que requerem um pH muito elevado.

Cuidado também para não colocar nada pontudo no aquário, pois os peixes certamente vão se machucar nessas pontas.

Quando colocar a decoração, procure fazer tocas ou esconderijos para os peixes. Quando os mesmos estiverem estressados um esconderijo será de grande serventia, sem contar que tocas são excelentes para peixes com hábitos noturnos.

Você nunca deve utilizar aqueles cascalhos coloridos, eles soltam tinta e também podem estressar os peixes. O cascalho deve ser muito bem lavado e preferencialmente fervido antes de ser introduzido no aquário. É valido também colocar um fundo no aquário para esconder toda a "bagulhada" que fica atrás como o filtro externo, fios, etc. Pode-se usar aqueles fundos com paisagens, papel contact ou cartolinas.

Comprando os peixes. Quando comprar os peixes dê preferência para aqueles que têm uma coloração normal, nem muito clara, nem muito escura. Se algum deles estiver com um comportamento diferente dos demais como estar quieto no fundo, ou nadando na superfície (exceto para espécies com esses hábitos), não o leve, certamente este peixe está com algum problema. Algumas espécies somente com o passar do dedo no aquário acompanham seu dedo achando que vão ganhar comida.

Dê preferência para lojas com boa reputação, nessas lojas os peixes costumam ter um tratamento melhor e conseqüentemente são mais saudáveis.

Tenha cuidado ao adquirir seus peixes para ver se são compatíveis entre si (isso inclui principalmente ao fator do pH) e se vão se adaptar com o tamanho do seu aquário. Um dos maiores mitos do nosso hobby é exatamente este, “quanto maior o aquário mais o peixe cresce”. Isso é história de gente desinformada, um peixe irá crescer independentemente do tamanho do aquário, e se colocado em um aquário menor do que o recomendado pode sofrer de graves problemas como estresse constante, atrofiamento e até morte.

Não compre peixes além do que o seu aquário comporta. Dê uma boa pesquisada em quais/quantos peixes você poderá colocar em seu aquário, do contrário terá diversos problemas. Um exemplo clássico são níveis elevadíssimos de amônia que é um composto extremamente tóxico para os peixes, podendo levá-los facilmente a morte.

Se comprar peixes de aquários diferentes, peça para o lojista colocar em saquinhos separados. É interessante também  que se coloque/enrole o saquinho em algo escuro diminuindo assim o estresse do animal na viagem até em casa.

Introduzindo os peixes no aquário. Para isto o aquário deve estar devidamente ciclado e adaptado para receber seus novos habitantes. Nunca monte um aquário e logo em seguida coloque os peixes. O período de ciclagem geralmente é em torno de 30 a 40 dias. Neste período, deve-se acompanhar os níveis de amônia, nitritos e nitratos, que devem aumentar. Quando a amônia e nitrito caírem a zero depois de terem subido, aí sim, o aquário está pronto para receber os habitantes. Mas cuidado, os peixes devem ser colocados aos poucos para que a colônia de bactérias se adeque ao aumento da carga biológica.

Quando colocar os peixes no aquário deixe o saquinho boiando na água por uns 15 minutos para os peixes se adaptarem à temperatura do aquário, após, coloque um pouco da água do aquário no saquinho. Faça isso em intervalos de 5 minutos até completar 15 minutos. Este procedimento é feito para os peixes se acostumarem com os fatores químicos da água do aquário, após isto pode-se então colocar os peixes.

Não coloque a água do saquinho no aquário, jogue-a fora. E não se assuste se no início os peixes ficarem quietos no fundo, se escondendo, ou não se alimentarem. É normal que fiquem assim devido à mudança. Podem também perder sua coloração, mas após terem se adaptado ao aquário recuperam sua cor normal.

Alimentação. Um dos problemas dos iniciantes é o excesso de comida. Quando alimentar os peixes, coloque apenas o suficiente para ser consumido em até cinco segundos, espere-os comer e coloque mais um pouco. Quando observar que a procura por comida diminuiu, já está na hora de parar de alimentá-los. Fazendo este procedimento evita-se restos de comida que resultaria em matéria orgânica em excesso, algas, turvamento da água, etc.

Procure variar a alimentação dos peixes, não se limite a oferecer sempre a mesma ração. Peixes comem praticamente de tudo, então, a necessidade de variar. Tente sempre oferecer rações de boa qualidade.

Procure também oferecer-lhes alimentos vivos uma vez por semana como por exemplo artêmias ou enquitréias, pois são ótimas para complementar sua dieta.

No calor, os peixes costumam comer mais.

Nunca alimente seus peixes à noite com as lâmpadas apagadas a não ser com rações específicas no caso da manutenção de peixes de fundo. Procure (assim como a iluminação) definir um horário fixo para alimentá-los, sendo que de duas a três vezes por dia já está ótimo.

Cuidado para não deixar o pote de comida aberto ou perto do calor das lâmpadas.

Atente para o fato de que um alimento velho perde suas características nutritivas. Sempre que comprar uma ração observe a data de fabricação. Caso esteja velha, descarte sua compra.

Não ofereça aos peixes rações de má qualidade, migalhas de pão ou bolachas.

Manutenção. Outro fator muito importante para se obter sucesso com um aquário. As manutenções devem ser seguidas a risca principalmente em aquários pequenos. É aí que entra mais um dos mitos do hobby:  “Aquário pequeno dá menos trabalho que um grande”. Isso está extremamente errado, um aquário grande é muito mais estável que um pequeno. Em um aquário pequeno os fatores químicos e físicos da água tendem a variar muito. Então não se deixe enganar: um aquário grande dá menos trabalho que um pequeno e a chance de obter sucesso é muito maior do que com um de pequeno porte.

Como os fatores da água tendem a variar principalmente em aquários pequenos, deve-se sempre ter em mãos alguns testes. Os principais são testes de amônia, nitrito e pH, e estes devem ser observados constantemente. Outro produto que se deve ter em mãos é o anticloro. Muita gente perde seus peixes por não saber que não se pode colocar água da torneira diretamente no aquário sem antes eliminar o cloro existente nela. Se caso usar condicionadores de água o uso do anti-cloro torna-se desnecessário, pois este produto além de neutralizar os metais pesados também elimina o cloro e outros compostos nocivos.

Faça tpas (trocas parciais de água) semanais sifonando bem o fundo do aquário. Isto serve para retirar todo o acúmulo de matéria orgânica que fica no substrato. Troque de 30% a 40%, repondo água nos mesmos parâmetros de pH e temperatura da água do aquário, preferencialmente uma água tratada com condicionadores e descansada. Em aquários grandes pode-se fazer esse procedimento de 15 em 15 dias.

NUNCA deve-se lavar o aquário. No momento em que se faz isso o ciclo que se criou acaba se “quebrando”, matando toda a colônia de bactérias e voltando a estaca zero. O filtro deve estar sempre limpo e a troca dos elementos filtrantes físico e químico deve ser realizada sempre que necessário. Nunca troque os elementos da filtragem biológica, esta deve ser somente lavada com a própria água do aquário e sem esfregar muito.

Cuidados. Alguns cuidados parecem besteira, mas devem ser seguidos. Um dos mais importantes é que se você já tem um aquário ciclado e habitado, quando comprar peixes ou plantas estes têm que passar por uma quarentena evitando assim transmitir doenças, protozoários, vírus, bactérias e etc para o aquário. Para os peixes deve-se ter um aquário de quarentena e para as plantas pode-se deixá-las em bacias ou garrafas cortadas. 

Outro cuidado muito importante é, após detectar um peixe doente, ele deve ser retirado do aquário principal e medicado em aquário hospital. Não use remédios no aquário principal, isso pode prejudicar a colônia de bactérias, alterar o pH e etc.

Procure escolher primeiro os peixes que se vai criar para somente depois comprar o aquário, assim fica mais fácil comprar/adequar o aquário para os habitantes e as chances de se obter sucesso aumentam ainda mais.

Colocar a mão dentro do aquário deve ser evitado a menos que seja de extrema necessidade.

A injeção de CO2 deve ser realizada somente se for um aquário plantado, mesmo assim é necessário pesquisar sobre as plantas que pretende adquirir para ter certeza que as mesmas necessitam deste procedimento.

Não monte seu aquário perto de janelas ou lugares onde haja luz solar ou muita claridade.

Evite colocar peixes que nadam rápido em aquários pequenos. Todo aquário deve ter uma placa de isopor embaixo dele, isso anula as pequenas imperfeições da superfície onde o aquário se encontra.

Bater no vidro do aquário é ruim, os peixes costumam se assustar e acabam se machucando. Cuidado com choques externos no vidro.

Peixes de diferentes portes não devem ser mantidos no mesmo aquário, pois os menores podem ser devorados.

Muita movimentação na água por conseqüência do sistema de filtragem pode estressar os peixes.

Removedores de amônia devem ser usados somente quando estiver tendo problemas com esse composto.

Uma das dúvidas mais frequentes quando se fala em aquarismo é até que ponto se pode povoar um aquário? Essa dúvida não é exclusiva dos iniciantes, mas sim de todos que cultivam esse hobby. Então como determinar um valor exato, quando se trata de um assunto que pode definir o sucesso ou o fracasso de uma montagem? Realmente não é fácil e vários pontos devem ser considerados.

Muitos aquários são montados perfeitamente, com todos os equipamentos necessários e adequados, todos os testes, condicionadores, substrato, decoração etc, mas logo após inseridos os peixes, o caos acontece: mortes prematuras, peixes com o corpo machucado, nadadeiras corroídas, peixes escondidos, peixes com cor apática, súbito aumento dos compostos nitrogenados, queda brusca de pH. Porém, nem sempre os sintomas são tão visíveis, podendo agir de forma muito mais sutil: os peixes, simplesmente não atingem seu tamanho máximo, por exemplo. Tornam-se mais agressivos do que o normal e esperado.

Diversos aquaristas dizem que é uma decisão pessoal que cabe apenas ao próprio dono ter o bom senso de saber onde parar e quando. Porém, como definir o bom senso, principalmente pra quem está começando, portanto deslumbrado com as inúmeras espécies, cheias de cor e movimento? Por isso, que desenvolvi essa coluna, não para restringir e criar regras para a quantidade de peixes, mas para dar um ponto de partida que mostre uma maneira fácil e segura de iniciar a escolha dos habitantes do aquário.

 

 

Vamos desmistificar algumas coisas:

 

"Peixes crescem de acordo com o tamanho do aquário."

Geralmente o que vemos são peixes atrofiados, seja por limitação dos movimentos seja por envenenamento lento e contínuo por nitrato.

 

"Basta seguir a regra de 1cm/litro."

Então se eu pegar um Oscar de 35cm posso colocá-lo em um aquário com volume de uns 35/40 litros? Não. O que deve ser levado em conta é a espécie que se pretende criar (tamanho, comportamento, capacidade de produzir dejetos, etc);

 

"Vou comprar um peixe mesmo assim, quando ele crescer demais eu comprarei outro aquário."

Quem dera isso realmente acontecesse. Sabemos que, pelo menos a maioria de nós não temos condições financeiras de ficar trocando de aquário a cada 6 meses... Além do fato de que qualquer mudança estressa tanto os peixes como o aquarista.

 

"Mas eu conheço um amigo que mantém peixes grandes em aquários pequenos e eles estão muito bem há um anos e poucos meses"

Outro ponto importante, é que as pessoas esquecem que a maioria dos peixes ornamentais vive muito, geralmente as espécies que tem a menor expectativa de vida vivem em média 2 ou 3 anos. Alguns vão de 8 à 12 anos, e existem outras que ultrapassam facilmente 20 anos. Então para um peixe que vive mais de 10 anos, o que significam 12 meses? Veja quantos anos a montagem deste seu amigo se mantém sem mortes e com peixes saudáveis e vigorosos.

 

Logo após refletirmos sobre os fatos acima, sempre devemos nos aprofundar ainda mais: então não é possível manter um grande número de peixes em um aquário considerado pequeno para suportar tal fauna? Não necessariamente. É possível montar e manter de 30, 40 ou 50 litros com mais de 10 ou 15 peixes, saudáveis e ativos. Claro que vai variar de espécie para espécie. Devemos levar em conta outros aspectos além dos simplesmente técnicos (restritos à medidas e volumes):

- Estabilidade do Sistema: poucos peixes, que não excedam o adequado recomendável garantem uma maior estabilidade do sistema como um todo (parâmetros mais duradouros e alterações mais fáceis de serem percebidas e se necessário, corrigidas à tempo). Assim a manutenção fica facilitada, evitando transtornos. Porém, não quer dizer que todo o aquário com peixes à mais vai ficar desestabilizado, e aí que entra o bom senso: Manter uns à mais pode ser perfeitamente possível, dependendo da espécie. Principalmente com os menores como Tetras, Poecilídeos, Dânios, Barbos e Rásboras que não ultrapassem os 5 cm.

- Maior espaço livre para nadar: os peixes dessa forma conseguem realizar “passeios” completos, exercitando ao máximo seus músculos e suas nadadeiras. Garante também um pleno desenvolvimento do peixe, que pode atingir e até superar o tamanho esperado. Mais uma vez devemos pensar e observar se os peixes estão conseguindo nadar livremente, sem impecílios. Caso perceba que já não é possível ao peixe nadar sem ter que desviar toda hora dos outros, hora de diminuir a população.

Quantidade de peixes: Cada caso é um caso.

- Tempo para descobrir novas espécies: quando se é iniciante (e quando não se é também), é muito fácil acharmos aquele peixe, o nosso preferido. Então logo o compramos em grande quantidade. Porém, passado algum tempo, surge na loja outra espécie que nos encanta, mas não poderemos comprar porque o aquário já está lotado daquele peixe que adquirimos primeiramente. E é por isso que ao comprarmos aos poucos os habitantes, damos tempo para que eventuais descobertas apareçam e possamos então adquirí-las, à nossa vontade. Porém, esse ponto está mais relacionado à ansiedade e à falta de pesquisa mesmo, melhor sempre procurar por informações sobre quais peixes gostamos mais.

Primeiramente, devemos levar em conta apenas o tamanho do peixe já adulto, mesmo que ainda seja alevino. Também devemos levar em conta um acréscimo de 20 à 30% de água extra, afinal o aquário geralmente recebe substrato, equipamentos e demais itens que ocupam espaço.

Em segundo, as características dos peixes. Kinguios, por exemplo, são muito sujões, poluem rapidamente a água. Então não devemos colocar muitos em um aquário, sempre através de uma regrinha que vem dando resultados bem positivos: de 100 à 150 litros de água para o primeiro Kinguio e de 40 à 60 litros à mais para cada um adicionado. Nesse caso o tamanho e a carga orgânica produzida por eles foram levados em conta.

Claro que como foi dito antes cada caso é um caso e é possível abrir exceções de acordo com situação. Cabe ao aquarista avaliar, baseado no que aprendeu sobre aquarismo responsável o que pode ser alterado.

Quanto maior é um aquário, maior a capacidade de abrigar um grande número de peixes. No caso do Óscar (Astronotus ocelattus), para cada peixe o cálculo exige 280 litros, logo para um grupo de 5 seriam necessários 1.400 litros certo? Não!!! É possível manter perfeitamente bem e com conforto 5 peixes desta espécie em aquários com mais de 700 litros aproximadamente, talvez um pouco menos.

As medidas do tanque também devem ser observadas, para espécies altas como Acarás Bandeira (Pterophyllum scalare) e Acarás Disco (Symphysodon aequifasciatus), mais vale um aquário alto do que um muito comprido. Para espécies muito ativas como Paulistinhas (Danio rerio) e Barbos, por exemplo, vale muito mais um aquário comprido e baixinho do que o contrário. Nestes casos separados nota-se que o volume é importante, mas as dimensões são mais ainda e devem ser levadas em consideração na hora da escolha das espécies.

Percebe-se como é importante dar uma base ao aquarista para que à partir desse ponto ele possa raciocinar e descobrir como popular corretamente um aquário. Aquarismo consciente e responsável deve ser sempre a prioridade, sobrepondo-se aos simples desejos e caprichos do praticante do Hobby. Não é correto superpopular um tanque só porque você queria levar um exemplar de cada espécie que viu na loja, pondo em risco o bem-estar físico do animal, estressando-o e muitas vezes ceifando sua vida muito antes do que seria o ideal.

Assim como também não é correto adotar a quantidade que usamos em aquários plantados, que parece ser uma tendência "chata". Como no aquário plantado o principal são as plantas, os peixes exercem função secundária, então sempre estarão em número muito baixo. Muitos aquaristas tomam esse conceito para aquários comuns. Um aquário comum, sem muitas plantas e com poucos peixes é realmente uma coisa muito, mas muito sem graça.

O dia em que eu for obrigado a manter no meu aquário de 70 litros apenas 8 ou 10 peixinhos minúsculos, abandono o aquarismo e vou procurar outro hobby.

Repito mais uma vez: o que escrevi não tem como função impor algo à ninguém, e sim servir como esteio para que seja possível chegar à um resultado satisfatório: um aquário bonito, com peixes na medida, sadios e que vivam muito, proporcionando inúmeras alegrias e descobertas ao aquarista.

Pensem bem antes de escolher a fauna que povoará por muitos anos seu aquário!

Muitos aquaristas já se questionaram sobre o tempo de vida dos peixes que criam. O pior é que grande parte das fichas de peixes ornamentais não traz essa informação. Curiosidade à parte, o ciclo de vida dos peixes de aquário depende de muitas variáveis, além, claro, das características de cada espécie.

Todo peixe é susceptível a doenças e adquirem-nas com certa facilidade em aquário, devido ao tamanho extremamente reduzido desse ambiente. Peixes saudáveis já apresentam maior resistência natural contra diversos seres invasores. Porém, quando sob certas circunstâncias, essa resistência cai e é nesse momento que seu organismo fica exposto a diversos agentes etiológicos que só estavam esperando por uma oportunidade como esta.

Transporte, variação nos parâmetros da água, má qualidade da água, incompatibilidade de peixes, entre outros, estressam os peixes, baixando assim, sua resistência natural. Nos aquários das lojas, na maioria das vezes, os peixes sofrem de pelo menos 2 desses fatores, e estão sempre muito estressados, por isso estão bem susceptíveis a contrariar diversos tipos de doenças.

Devido a isso que não podemos introduzí-los diretamente em nossos aquários, estabilizados e livres de parasitas. Antes de introduzí-los, devemos dar um período para que possíveis doenças se manifestem antes e assim, possamos tratá-los, se preciso. Esse período é chamado de quarentena e o aquário onde se passa esse período, chamamos de aquário-quarentena (AQ).

Como o peixe permanecerá por um tempo considerável nesse aquário (mínimo de 6 semanas), devemos ter todo o equipamento necessário para a manutenção dos peixes. Filtros, aquecedores... A única diferença do AQ para o aquário principal (AP), é a falta de ornamentos, substratos, etc. Isso, para facilitar sua manutenção e limpeza. Ele também não deve ser muito pequeno (pelo menos 50 litros, para peixes pequenos-médios).

Um dos problemas dos aquários de quarentena, é que normalmente não ficam funcionando direto (são desmontados na ausência de peixes). Por isso, não costuma ter as bactérias benéficas em quantidade significativa (essas bactérias começam a fazer efeito a partir de 6 semanas. O aquário só estabiliza em aproximadamente 6 meses), assim, toda a amônia formada não pode prosseguir no ciclo do nitrogênio e resultar em nitrato que não é tão tóxicos aos peixes. Uma característica das bactérias, é que se fixam em qualquer superfície de contato no aquário. Usamos cerâmicas e outros objetos porosos para sua fixação, para que haja maior superfície de contato onde as bactérias possam se fixar. Assim, em menor volume, tem-se um maior número de bactérias. Para que haja uma formação rápida de uma colônia de bactérias no AQ, basta então transferir as bactérias do AP (já estabilizado) para o AQ. Para transferir, podemos usar os elementos filtrantes do AP, no AQ. Não precisa nem usá-los, basta "lavá-los" dentro da água do AQ, que no meio das "sujeiras", haverá milhões de bactérias benéficas, que se fixarão no seu filtro, outra forma é manter um filtro de esponjas no AP, para que quando preciso, tenha uma boa quantidade de bactérias para transferir para o AP, mesmo assim, lembre-se que ainda não há a quantidade de bactérias necessárias, que só com o tempo se formarão, mas dessa forma já se evitaremos possíveis desastres.

Durante a quarentena, os peixes devem ser observados atentamente, diariamente. Procure manter a rotina e tipo de alimentação, temperatura, pH, etc, semelhantes aos do AP, para que já possam ir se acostumando. Esse período também é bom, para o fortalecimento dos peixes, já que na maioria das vezes, chegam fracos da loja. Mesmo que nada de anormal aconteça nas primeiras semanas, deve-se aguardar o período mínimo, já que há ciclos de parasitas que levam várias semanas e por isso, podem demorar a se manifestar.

Caso apareça algum sintoma, é preciso diagnosticar rapidamente e iniciar o tratamento. Quanto antes começar o tratamento, maiores são as chances de recuperação. O peixe deve ser tratado nesse mesmo aquário, que chamaremos agora de aquário-hospital (AH).

No AH, os parâmetros da água já não precisam ser iguais aos do AP, mas sim, ideais para o combate à doença, principalmente com relação à temperatura. A limpeza do aquário também deve ser feita com mais freqüência e é recomendável aumentar a oxigenação do aquário, ou seja, no AH, é necessário cuidado especial para com a qualidade da água, que é um fator determinante para o sucesso de qualquer tratamento, aliás, manter a qualidade da água é o melhor tratamento profilático contra doenças.

Tendo a certeza de que o peixe está totalmente curado, voltamos ao período de recuperação – quarentena (pelo menos mais duas semanas após a cura), mas num estágio mais avançado, onde se inicia o processo de introdução do peixe ao AP.

No entanto, mesmo após a quarentena, é preciso ter atenção aos peixes novos. Todos os peixes interagem com uma grande quantidade de microorganismos, incluindo alguns agentes etiológicos, porém, esta população é controlada e não consegue afetar o peixe, devido a um fator já discutido, sua resistência natural. O problema é que essa resistência é diferente em cada peixe e não sabemos como os microorganismos dos peixes do AP, interagirão com os peixes novos, a recíproca também é válida, então a quarentena não garante total sucesso na introdução de novos peixes, mas já ajuda bastante pois estes não estarão introduzindo novos agentes etiológicos no AP, ou pelo menos não tantos como estariam sem a quarentena. Aquaristas mais exigentes chegam a, no final da quarentena, introduzir dois peixes do AP no AQ e observar as suas reações na presença dos microorganismos presentes nos peixes novos que já estavam no AQ, evitando assim expor todo o sistema já estabilizado que existe no AP.

O processo de adaptação para o AP, consiste em realizar trocas parciais, usando a água do AP como a de reposição. Se os parâmetros das águas dos 2 aquários não estiverem muito diferentes, a transferência pode ser feita no mesmo dia. Do contrário, é melhor fazer no dia seguinte.

Seguindo todo esse processo, dificilmente terá problemas com peixes recém chegados ao AP. O risco de doenças também é muito menor. Lembre-se, todo peixe carrega consigo, bactérias e outros microorganismos, e muitos deles poderiam fazer mal a ele, mas num aquário estabilizado, sob condições ideais, dificilmente irão causar problemas. Somente quando há condições para o desenvolvimento desses seres, é que conseguirão vencer o sistema imunológico dos peixes. Por isso devemos sempre manter o aquário em boas condições.

Enfim, o aquário de quarentena, não é um artigo opcional, ou de luxo. É um básico do aquarismo, que deve ser considerado um equipamento integrante do aquário principal assim como um filtro ou aquecedor, por exemplo. Sem ele, arriscamos a vida de toda a população do aquário.

Como dizem, é melhor prevenir, que remediar!

Teste de pH (Acidez)

Testes para aquáriosO que significa o valor de pH?
O valor de pH ou o "grau de acidez" indica em que medida uma água é ácida ou básica (alcalina). Esta é uma medida para a concentração dos componentes ácidos ou básicos numa solução aquosa. A água pura reage de forma neutra e possui o valor de pH 7. Se, as partículas ácidas dominarem, então o valor de pH desce para menos de 7. Se, ao contrário, os componentes alcalinos estiverem em maioria, então o valor de pH sobe para mais de 7.

Qual é o melhor valor de pH?
Nos aquários de água doce, o melhor valor de pH para a maioria dos peixes fica entre 5.8 e 7.2. Muitos organismos reagem de forma altamente sensível a grandes oscilações do valor de pH. Devem-se evitar descidas e subidas bruscas.


Teste de GH (Dureza)

O que significa dureza de carbonatos?
A dureza total GH indica-nos a quantidade de sais de magnésio e cálcio dissolvidos na água. Se a quantidade destes sais for pequena, dizemos que a água é mole; se a quantidade for grande, dizemos que a água é dura. Na maior parte das vezes, a indicação é dada em graus de dureza alemã (ºdH), sendo 1º dH equivalente a 10 mg de óxido de cálcio dissolvido num litro de água. A concentração destes sais na água influência as funções orgânicas dos peixes e das plantas.

Qual é o melhor valor para a dureza total?
Isso depende dos tipos de peixes. Muitas espécies africanas (por exemplo APHYOSEMION) e asiáticas (por exemplo TRICOGASTER) suportam bem a água dura. Os sul-americanos, pelo contrário, precisam de água mole para se sentirem bem. Uma dureza de 3-10ºdH é considerada uma dureza muito boa para os aquários de água doce. Pesquise qual a dureza correta para os seus peixes.


Teste de KH (Alcalinidade)

O que significa KH?
KH ou reserva alcalina é a quantidade de íons de carbonato hidrogenado dissolvido na água do aquário. Sua quantidade está intimamente ligada com o valor de pH, onde os carbonatos hidrogenados assumem uma função de tampão impedindo que haja variações repentinas de pH.


Teste de Nitrito/Nitrato

Qual o significado do valores de nitritos e de nitratos?
Os ions de nitrito(NO2-) e de nitrato(NO3-) resultam do processo de nitrificação, que se inicia com a formação de amônia e termina com a formação de nitrato que poderá ser absorvido pelas plantas ou algas do aquário. A formação de nitritos (tóxico) constitui uma etapa intermediária do processo de nitrificação altamente tóxica para os peixes e moluscos. O seu efeito fisiológico consite em impedir que as moléculas de hemoglobina contidas nos glóbulos vermelhos do sangue fixem o oxigênio, impedindo assim a respiração celular com a consequente morte dos tecidos celulares pela falta de oxigênio. Normalmente o ion de nitrito (tóxico) formado a partir do ion de amônia é rapidamente oxidado pelas bactérias nitrificantes, formando um ion de nitrato comparativamente não tóxico. Se o processo de oxidação pelas bactérias for inibido, como por exemplo a introdução de novo material filtrante, pode ocorrer um aumento desfavorável de concentração de nitritos(tóxico).

O nitrato constitui a etapa final da nitrificação e exerce um efeito tóxico menor nos peixes e moluscos, porém ainda prejudicial para os corais vivos marinhos em concentração alta. A concentração de nitratos no aquário resulta em primeira instância das proteínas existentes dos restos de alimentos, assim como dos excrementos e dos processos de decomposição orgânica. Normalmente as concentrações de nitratos existentes no aquário não tem efeitos tóxicos. Porém nos aquários de água salgada se existirem concentrações muito elevadas de nitratos, podem resultar num crescimento menor, nulo e até a morte dos corais mais sensíveis. Outro problema será o aparecimento e crescimento de algas indesejáveis.

Quais valores de nitritos podem ser considerados seguros?
Para água doce geralmente as concentrações seguras oscilam normalmente entre 0.02 e 0.10 mg/litro de nitritos, muito embora não devam exceder os 0.05 mg/l.

Quais valores de nitratos podem ser considerados perigosos?
Geralmente para água doce as concentrações ótimas de nitratos situam-se abaixo de 20 mg/l. Tendo em conta o tipo e densidade de ocupação de animais, concentrações de até 80 mg/l poderão ser toleradas. Contudo concentrações superiores a 100 mg/l devem ser evitadas. Neste contexto tem de ser tido em conta o papel dos nitratos como nutrientes para plantas e a importância de um ótimo potencial redox. As plantas em bom estado frequêntemente estão associadas a valores de nitratos muito elevados devido às plantas não poderem utilizar esta fonte de nitrogênio em condições de potencial redox muito alto.

 

 

 

Teste de Amônia/Amônio

O que significa concentração total de amônia?
O ion de amônia resulta da mineralização do azoto (nitrogênio). O azoto ligado organicamente nos restos de comida e nos excrementos (por exemplo: proteínas) é transformado pelas bactérias que separam albumina, sendo libertado sob a forma de ions inorgânicos de amônio NH4+ e amoníaco NH3-. Para valores de pH inferiores a 7.0 predominam os ions de amônia, enquanto que para valores de pH superiores a 7.0 predomina cada vez mais o amoníaco.

O amônio é muito perigoso na medida em que afeta severamente o processo respiratório. Penetra facilmente nas células, fazendo subir o pH e bloqueando as funções vitais. As plantas aquáticas usam o ion de amônio como fonte de azoto. Num aquário saudável e bem estabelecido, os ions de amônio oxidam-se rapidamente, convertendo-se em nitritos em seguida em nitratos, por ação de bactérias nitrificantes. Se esta cadeia do processo for quebrada, pode ocorrer uma subida repentina da concentração de ions amônio.

Qual concentração de amônia é inócua?
No que diz respeito a água doce e pH ácido ou levemente alcalino, em condições normais, 0,1 mg/l é tido como uma concentração total de amônia normal, não devendo ser ultrapassado o limite máximo de 0,5 mg/l.

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